Passos Coelho, à frente do PSD, guinou à direita e seguiu à bolina empurrado pelo vento neoliberal no rumo neoliberal .
O PSD assumiu a opção de tornar os ricos mais ricos para tornar o país mais competitivo por via do empobrecimento geral da população.
Como comandante da coligação com o CDS nem se apercebeu que, em certa medida, ultrapassou pela direita o CDS.
O CDS não precisava de assumir os temas mais caros à direita porque o PSD o fazia. Passos jogou tudo no falhanço da governação do PS e perdeu tudo; teve de ir falar com o diabo que se instalou no seio do seu partido.
A votação do PSD em Lisboa é o resultado de aquele partido não ter tido quase nada a propor nem como programa, nem em termos de candidaturas. Foi uma trapalhada. O CDS só teve que colher no terreno do PSD devido à incapacidade até ao último suspiro de Passos Coelho de se adaptar à realidade.
É caso para dizer como faria o pio Cavaco que Passos bem piou mas esbarrou estrondosamente na realidade. Nunca foi capaz de ter rins para mudar. Cegueira? Autismo? Espírito aventureiro?
Esse esbarranço na realidade saída do acordo do PS com PCP e BE levou o PSD para a situação que se encontra.
O partido ainda não saiu do estado comatoso e perfila-se Rui Rio, um político com trabalho feito no Porto, que desde que saiu da câmara daquela cidade hesitou sempre entre o que afirmou ser os deveres profissionais e o combate político. Finalmente decidiu.
Só que a sua decisão veio trazer do passado do PPD o eterno jovem Pedro Santana Lopes. De novo na ribalta. A ver o que vale para um partido que se fechou nos corredores do poder e perdeu a sua ligação mais profunda às bases porque estas se ligaram ao conjunto de interesses que os poderes locais, legislativo e executivo conferem aos seus “donos”.
O PSD que segundo Teresa de Sousa tem futuro ( ela lá saberá porquê) está em maus lençóis a curto/médio prazo porque António Costa já reafirmou a sua rejeição do bloco central.
Só por mero suicídio o PS que cresceu encostando-se à esquerda e resolvendo problemas económicos e sociais, iria, nesta fase da vida política, retroceder e encostar-se à direita. Sublinha-se, só por suicídio.
Na Europa o único partido socialista/social-democrata em alta é o PS português, daí constituir uma verdadeira aberração política guinar para a direita, pretendendo fazer o que já fez e deu em crise no PS.
No que concerne ao CDS a sua máquina não é tão pesada como a do PSD e apresenta maior agilidade, como foi caso de Lisboa.
Assunção Cristas percebeu o erro estratégico de Passos e lançou-se para um combate municipal que podia ter dimensão nacional, enquanto o PSD ficou prisioneiro da sua estratégia nacional e desvalorizou a sua estratégia eleitoral em grandes cidades com dimensão nacional.
O PCP enfrentou o efeito mobilizador do eleitorado de esquerda que o PS alcança quando sai da sua ligação à política de direita.
É a velha discussão que se travou no interior do partido aquando da coligação com PS em Lisboa com Jorge Sampaio e João Soares.
Uma convergência ou coligação com o PS por parte do PCP para resolver problemas nacionais ou regionais ou municipais exige dos comunistas uma atitude totalmente diferente daquela que têm tido quando o PS é o adversário puro e duro.
Aí o partido está treinado e experimentado. O que o partido não está é capacitado de uma forma cabal e global é para se apresentar de uma forma a fazer a diferença com o PS quando este converge com o PCP.
Aqui é que reside o busílis. O problema não é a convergência. O problema é a capacidade de mostrar porque apesar dessa convergência é importante votar no PCP porque é nele que se encontra a resposta para resolver problemas tanto no plano local, como no plano nacional.
A velha discussão em torno do branqueamento do PS sempre que este se aproxima do PCP e este daquele é uma discussão sectária e estéril. A aproximação entre os dois partidos não é feita para resolver problemas partidários, mas para dar resposta a problemas que a direita não é capaz de resolver. Isto porque nem o PS, nem o PCP são capazes de resolver sozinhos, independentemente da expressão eleitoral de cada um. Claro que um PCP forte condiciona mais o PS que um PCP menos forte.
Portanto o PCP não se deve queixar dos outros, mas apenas de si próprio. Não há anticomunismo que pare à entrada de Loures, ou de Évora, ou de Vila Viçosa e que se infiltre em Almada, Beja ou Alandroal.
A coragem e a autocrítica são apanágio de partidos revolucionários. O atirar as culpas para os outros é próprio de quem pretende sobreviver.