São Tomé e Príncipe decidiu celebrar um protocolo militar com a Rússia, tal como outros países o fizeram ou fazem. É um assunto que diz respeito aos dois países, como é bom de ver.
A Rússia tem acordos desta natureza com outros países africanos e até hoje o governo português não se manifestou, como seria de esperar.
O PR também comentou o acordo e disse que o queria conhecer, ou seja, sem se interessar de saber se aqueles dois países o querem revelar.
Rangel, o europeu perplexo e apreensivo, serviçal exemplar dos poderes ocidentais, para “justificar” o seu estado de alma referiu a agressão da Rússia à Ucrânia.
E se é verdade que há uma invasão da Ucrânia pela Rússia, a ocupação dos territórios palestinianos e a mortandade de Gaza não lhe causa a menor perplexidade ou apreensão, nem a ocupação do Iraque a que seu partido está para todo o sempre ligado devido à monumental mentira com que Durão Barroso justificou a Cimeira dos Açores para dar luz verde à pérfida encenação.
Rangel podia até abominar o tal acordo da Rússia com São Tomé. É de admitir que ficasse maldisposto e com um ataque de nervos. Tudo normal.
O que não é normal é, por um lado, pedir esclarecimentos, como aquele país fosse uma autarquia portuguesa.
Por outro lado, o PR afirmar publicamente querer conhecer algo que diz apenas respeito aos dois países.
Ser de direita no exercício de um cargo institucional/governamental acontece por todo o mundo. Ser de direita, porém, não isenta o profissionalismo e o respeito pela soberania de outro Estado, pois a nenhum Presidente ou MNE lhe passa pela cabeça classificar publicamente acordos entre Estados e muito menos querer conhecê-los, sem que os Estados em causa os divulguem.
Rangel no palácio das Necessidades é vesgo. Vê o mundo como se estivesse na sede do PSD. Por muito perplexo e apreensivo que fique e por muito que bata com o pé no encerado da sua sala de trabalho, se lá estiver muito mais tempo, vai ter de se habituar a respeitar as relações entre Estados soberanos, o que lhe custa como se vê em Gaza, onde não revelou qualquer contacto com o governo de guerra de Netanyahu para pedir esclarecimentos acerca de 35.000 mortos em sete meses às mão do carniceiro de Telavive.
Marcelo já teve melhores dias. O que diz, conta pouco. Mas sobre África e as ex-colónias devia ser mais prudente, dado o seu passado, mas isso ele é incapaz.
Este governo e este PR não têm o menor sentido de Estado. Parecem principiantes perdidos na sua vã glória resultante dos cargos que ocupam. Há gente de direita com outro sentido de Estado. Fica registado o triste episódio de querer ser duro para com os fracos e serviçal para com os fortes. É triste.