Está a tornar-se insuportável o modo como o SLB se considera intocável. Criaram a ideia que tinham uma defesa contra tudo e todos e, portanto, vogavam acima de qualquer realidade. Segundo esta ideia, bastava agitar o Apito Dourado cujo Acórdão é claro para o Benfica jogar nas secretarias como quisesse.
Recrutaram uma trupe de executantes que vasculham todos os interstícios futebolísticos e apodam os outros de corruptos. Até bruxos arregimentaram.
Exibem até à exaustão os últimos títulos como se nada mais houvesse no futebol português para além dos últimos quatro anos. E esquecem o túnel de todas as vergonhas que levaram à suspensão por seis meses de Hulk e Sapunaru, mais tarde revogada, o que atesta bem o estado do futebol português.
Quem os ouvir falar acreditaria que nenhum outro clube ganhou quatro campeonatos seguidos. E de facto o FCP ganhou cinco.
Quem os ouvir falar acreditaria que em Portugal nenhuma outra equipa brilhou na Europa. Porém há mais de quatro dezenas de anos que não ganham um troféu europeu, o que não tem mal; o mal está a fazerem de conta que por chegarem uma vez aos quartos da Champions e outra aos oitavos nos últimos quatro anos já se julgam os maiores. O provincianismo servido de fraque.
O SLB ganhou o troféu de e da lata. A pior participação de sempre de uma equipa lusa e uma das piores de sempre na Europa. Seis jogos, seis derrotas. Golos sofridos catorze marcados um.
Acontece. Pode acontecer a qualquer um. Mas quando acontece ao SLB é como se não tivesse acontecido. É como se não fosse para levar a sério.
Tentam esquecer com os 3-1 ao Estoril que é na verdade uma equipa de estofo europeu…
A inveja da direção do SLB é de tal ordem que não é sequer capaz de reconhecer que o FCP ganhou ao Setúbal por cinco zero porque foi muito melhor. Têm de inventar movimentos de braços para denegrir o grande espetáculo que o Porto deu, apesar da Ana.
Mas o que é claro em Setúbal é que todos os jogadores têm dois braços que são passiveis de se movimentar, os do Benfica têm uma perna escondida atrás do visor do VAR e têm uma sorte das arábias porque o que devia ser visto não é o visto e não há penaltis contra o SLB porque ninguém os vê.
O Benfica deslumbrado com tanto ministro, com tantos presidentes de câmara da capital, com tanta gente importante não é capaz de assumir que o jogo não é nas bancadas, mas sim no esplendor da relva. É aí que se joga. É aí que se cometem faltas e é ainda aí que há um que tem mais sorte que os outros todos, o Benfica.
Quem gosta de desporto e do futebol gostará certamente de ganhar. Há, porém, modos de ganhar e modos de perder.
Uma das piores maneiras de ganhar é fazer de conta que se joga à bola e o que sai é uma pobreza franciscana que deixa satisfeitos os que não gostam de futebol, mas adoram o Benfica. A defesa parece uma locomotiva a diesel; o meio campo à espera de ver os atacantes e estes a olhar para o meio campo.
Se o SLB se arrastar em campo setenta minutos como aconteceu com o jogo contra o Porto, ei-los, contentíssimos – não perdemos.
Se o SLB perde em casa com o Basileia, ei-los adivinhos – para o ano há mais.
Se o SLB não jogou nada contra o Estoril, mas ganhou ei-los eufóricos- ganhamos.
Há uma espécie de deslumbramento coletivo que não interessa o que se diga porque o que se diga, se não é favorável ao Benfica, não vale nada.
Vão-se abrindo as portas da pouca-vergonha, o que conta não é o que elas mostram, é como foi obtido aquilo que é a podridão do desporto, alegam os visados. Não conta a substância. Escondem-se atrás do biombo da forma, mas não negam o que se vê.
Se a corrupção dependesse da negação da sua prática por qualquer suspeito, Portugal estaria no top um do mundo. Não basta a um Presidente negá-la. É preciso mais e apresentar factos que contrariam as suspeitas.
O futebol joga-se à flor da relva, onde os apaixonados da bola sonham com as vitórias dos jogadores que admiram. Ali é onde nasce o sonho. A finta. A defesa. A desmarcação. A corrida. A criação de espaços. Os cortes. O resto , o mundo dos cartilheiros não é o mundo dos sonhos. É o da malandrice. Triste mundo. É como se a baliza para uns fosse de dez metros e apenas para o Benfica de sete metros e trinta e dois centímetros.
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