Os últimos três anos do FCP, em futebol, foram uma sequência de erros de uma dimensão raramente vista desde os finais dos anos setenta.
Pinto da Costa e as suas diferentes equipas não costumavam falhar tanto. Habituaram-nos a ter um Porto hegemónico no panorama nacional e às vezes europeu e mundial.
É quase seguro que vem a caminho o quarto falhanço. O Benfica muito dificilmente perderá o quarto campeonato seguido, ficando com a força para se atirar ao penta que só o FCP conseguiu até hoje, por sinal com o Fernando Santos ao leme do clube.
Ao longo destes quatro anos o Porto nunca esteve tão perto de poder ganhar o campeonato como este ano. Perdeu-o porque nos momentos decisivos, como seja o do jogo em casa com o Setúbal, não foi capaz de ganhar. Nem com o Setúbal nem com o Feirense. Nem no Funchal, quando frente ao muro não foi capaz de o saltar, quando tinha tudo para o fazer.
Em todos os momentos decisivos o Porto claudicou: na taça de Portugal, na taça da Liga e no campeonato. E sempre com adversários (Feirense, Belenenses, Chaves) a quem o Porto tinha obrigação de vencer, face ao caráter decisivo dos jogos.
Um treinador pode falhar; não há nenhum que não falhe. O que se pede a um treinador é que não falhe todas as vezes que é preciso não falhar.
Se em todos os jogos em que se não pode falhar o treinador falha, a verdade, por muito que custe dizê-lo, é um falhado.
O Porto tinha e tem plantel para vencer o Chaves. Não o venceu para a taça. Perdeu no desempate por grandes penalidades.
O Porto Tinha plantel para vencer o Belenenses para a taça da liga e não venceu.
O Porto antes de ir à Luz podia passar para a frente do Benfica com dois pontos de avanço e empatou.
A força que lhe daria entrar na reta final à frente era incomensurável. Mas que dava força, dava. E não deu.
Para vencer jogos decisivos não basta dizer que a equipa está preparada. É preciso prepará-la para estar preparada. E como se viu não estava.
Não basta dizer que “Somos Porto”; é preciso preparar para ir buscar à equipa o melhor que ela tem para vencer e assim dar corpo às melhores tradições de vitórias do Porto.
Os que estamos de fora e não entramos no balneário ficamos com a sensação que não houve em momentos decisivos o encosto do ombro entre contentes e descontentes (haverá sempre) para compreender que ganhando todos (incluindo os descontentes) ganhariam.
Ora esta arte é a que se exige ao líder, àquele que tem a dever de assumir as responsabilidades por organizar a equipa do modo que ele entende ser o melhor para ganhar e não para empatar.
O certo é que o Nuno Espírito Santo falhou nos momentos decisivos.
Montou a equipa do modo que entendeu e não deu certo.
Apelar ao dragão para apoiar a equipa, ter um apoio do dragão que ninguém teve nos últimos quatro anos e falhar rotundamente é um atestado de incapacidade para continuar liderar um clube que precisa de vencer.
Não basta dizer “Somos Porto”; é preciso fazer a equipa senti-lo e nessa medida vencer. Ser Porto é ganhar.
Não ganhar, não é ser Porto.