As Mentiras de Clara Alves a Armar ao Pingarelho no seu Anticomunismo

A Clara Ferreira Alves (C.F.A) é o que quiser ser. No Expresso no dia 07 de Novembro fez uma declaração solene do seu anticomunismo. Inventou um amontoado de mentiras.

Primeiro:  a UEC nunca decretou nenhuma greve antes do 25 de Abril, no tempo dos gorilas, a patrulhar a faculdade a mando do Prof. Martinez e do Veiga Simão como ministro.

As greves eram decididas em Assembleias Gerais.

Segundo: O MJT (Movimento Juventude Trabalhadora) nunca entrou na faculdade de Direito, nem nunca foi braço armado do que quer que seja.

Terceiro: O COPCON entrou na Faculdade de Direito de Lisboa em Maio/Junho de 1974 porque os anticomunista armados em cripto comunistas pró-chineses , capitaneados pelo Durão Barroso e Cª , instituídos em tribunal popular sob o slogan…”Os Pides morrem na rua”…estavam a julgar o Prof. Cavaleiro Ferreira e os   dirigentes da Associação de Estudantes impediram-no .

Quarto: O Prof Orlando de Carvalho foi sempre um homem digno e que se saiba ( com ele privei) nunca se queixou que queria ir para o estrangeiro – não o imagino a viver fora de Portugal.

Quinto: CFA viveu fechada nos anos 70 e pelos vistos nos anos 80 e no clube onde é membro o mundo não passa de um grande salão de um hotel cheio de senhoras e senhores anticomunistas possivelmente a invencionar o mundo onde se julgam donos das ideias e onde nada sucederá sem o seu controlo.

O PCP tem muitos defeitos, alguns dos quais me levaram a sair, mas nada tem a ver com a descrição mal enjorcada da CFA.

Cunhal um misógino cheio de ciúmes de Saramago de quem não gostava?….o que CFA ouviu foram certos zunzuns e como tem mau ouvido apanhou pela rama e para justificar a sua posição de defesa do governo de direita mais pacóvia que já tivemos depois do 25 de Abril necessita de fazer umas flores….

Cunhal tinha divergências com Saramago quando este dirigiu o DN por não compreender a necessidade de compromissos com Vasco Gonçalves, Otelo, o grupo dos Nove do Melo Antunes, Pezarat e Vasco Lourenço

O PCP tem muitos defeitos, mas certamente tem e terá virtudes que o fazem ser um partido essencial na democracia portuguesa.

Sexto: Em relação ao BE e ao que diz de Miguel Portas vem na mesma linha. CFA sabia de tudo, adivinhava tudo e sabia mais dos que estavam com a mão na massa. É um fenómeno.

Sétimo: No PS são bons todos os que lá não estão. O problema é os que lá estão . Os cowboys também achavam bons todos os índios depois de mortos…

Oitavo: Para terminar a prosa adverte que a culpa do PCP ter força e existir é do país. O seu desprezo é de tal ordem que não se coíbe de arrumar os eleitores em duas categorias : os sem categoria, uma espécie de intocáveis e a elite, onde ela pontifica.

CFA não passa de uma direitista a armar ao pingarelho. Tão só.

Cavaco Finório e Calculoso

Cavaco foi aconselhar-se com banqueiros, os que originaram a crise, e que continuam a exigir aos portugueses que lhes suporte o desvario de viver muitíssimo acima das suas possibilidades reais. Cada português já pagou por esse desvario mil e quinhentos euros.

Cavaco que garantiu urbi et orbe que o BES era de confiança dois ou três dias antes da banca rota, empertiga-se enfunado a ouvir os autores da crise para justificar o prolongamento da crise e a chantagem sobre a Assembleia da República.

Cavaco tem apreço pelos banqueiros desde os do ex-BPN aos do BES passando pelo Jardim do BCP, pelos do BANIF que levaram à terrível situação em que se encontram e é com esses cavalheiros que se aconselha acerca do futuro governo. O velho raposão gosta de fazer de conta que ouve as raposas.

Cavaco sabe que atrai neste exercício de hipocrisia política os órgãos de comunicação social a quem vai largando umas lapalissadas de fazer rir o homem mais triste do universo.

Cavaco é isto: um calculoso a falar com as raposas bem sabendo que estas lhe vão dizer o que ele quer ouvir para justificar este inqualificável desestabilização política de confronto com o Parlamento.

Cavaco não teve tempo, umas duas horas para ir à Câmara Municipal de Lisboa para participar nas comemorações da implantação da República porque estava a estudar o que havia de fazer, declarando até que já sabia tudo, mesmo antes das eleições terem lugar, mas depois já pôde ir a Roma e esta semana à Madeira incensar os mercados.

O íncola Belém é igual ao de São Bento quando sonhou deixar o país virado para o seu palácio com o célebre tabu acerca de saber se era ou não candidato pelo PSD a Primeiro-Ministro após ter recebido milhares de milhões de fundos e ter dado cabo da agricultura, das pescas, da indústria naval e da marinha mercante.

Meses a fio não dizia se seria candidato , bem sabendo que não ia ser …Simplesmente a ideia de grandeza que tem de si próprio levou-o a fazer aquela figura, embora Portugal tenha qualquer coisa de trágico-masoquista para o voltar a eleger para o PR.

É estranho que, estando enraizado numa grande parte da sociedade a ideia desprestigiante sobre os políticos, os portugueses tenham elegido o mais matreiro de todos eles, o que se lamentava que a sua reforma não lhe chegava e seja, nestas últimas décadas de ataque ao Estado social, o mais cruel.

Cavaco é um homem que se julga superior e não passa de um ressabiado incapaz de aceitar que o país gire de modo diferente do que ele concebe. Pretende ficar na História por ter tentado defender à outrance a sua ideologia contra os portugueses, mas como não é um homem de coragem acabará por ter de aceitar o que o povo português escolheu livremente apesar de todo o tipo de chantagem dos poderosos de cá, da Europa e dos mercados sem rosto.

Há eleições presidenciais e não está à vontade para permitir a Marcelo campo de manobra, o que o reduzirá caso mantenha este clima de confronto com a Assembleia da República. Há quem diga que sendo um obstinado vai fazer tudo para Marcelo ganhar e só por isso não vai deixar o país em gestão. Há quem diga…

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P.S. Reeditado devido a dois lapsos de dactilografia

Cavaco Fechou-se para a República

Há cento e cinco anos o povo português virou uma página memorável e das mais heróicas: acabou com o regime monárquico.

Portugal abraçou a causa republicana e juntou-se ao que na altura representava o mais avançado em relação à participação popular na eleição da figura que constitui o vértice do Estado.A revolução republicana foi saudada em toda a Europa.

Foram precisos cem anos para que o governo defensor a todo o custo dos credores internacionais acabasse o feriado de 5 de Outubro. Alegou para tanto que vivíamos acima das possibilidades e era preciso trabalhar mais. Como se não houvesse outros meios de fazer valer este desígnio.

O ataque ao 5 de Outubro foi mais uma lança cravada no edifício das instituições republicanas visando apagar a memória dos feitos populares.

Atacou um símbolo da unidade do povo português que levou à implantação da República: a comemoração popular desta grande data; era o mesmo que na França acabar com o feriado da tomada da Bastilha…

Como se não bastasse Cavaco Silva, o representante máximo da República, fechou-se para a República a sete chaves e ao que consta estará reunido com os seus íntimos a estudar como há-de fazer o que já sabia que ia fazer – dar posse a um governo que não só não tem maioria como perdeu votos e deputados a tal ponto que há quatro anos o PSD sozinho teve quase tantos votos como o PSD e o CDS nestas eleições.

O máximo representante da República preferiu ficar a cozinhar uma receita que esconde o carácter minoritário da coligação a estar presente na varanda da Câmara onde foi proclamada a República à população de Lisboa.
O homem que nunca errava, que não lia jornais, que sabe decidir com conhecimento de causa, que garantiu a saúde do BES, que deu golpes brutais na agricultura e nas pescas e afirma agora que o futuro do país está na agricultura e no mar, é exatamente o mesmo que antes das eleições já sabia o que ia fazer mas apesar de o saber alegou que não ia representar a República porque ficava em “casa” a estudar o que ia fazer.

Sempre teve fama de marrão o inquilino de Belém, mas trocar o estudo para uma “frequência” para a qual já sabia tudo e deixar de estar presente nas comemorações do 5 de Outubro é um ultraje à República.

É também uma forma de desvalorizar o regime republicano com a desculpa de que não pode perder uma ou duas horas por causa de um assunto que já tinha em mente tudo o que ia fazer.

Este homem é o político que mais tempo esteve no poder e apanhou todas as manhas da baixa política dando-se ares de figura acima de tudo e todos, querendo fazer esquecer que pelo menos os seus amigos de todos estes anos estão metidos em escândalos que um país decente já tinha esclarecido para bem da Republica.

A grandeza de Cavaco está nos ares a que se dá. Se lhe tirar os ares fica um provinciano de meia tigela convencida pela sua “entourage” que é alguém que não é.

É de todos os políticos aquele que mais se aproveitou da política dizendo banalidades a um povo cansado de tanta espera.

É bem um daqueles políticos que em linguagem bíblica se poderia designar como um santo bem pintado por fora e carunchento por dentro.

O coração de Cavaco não estava com o popular 5 de Outubro, mas com Passos e Portas e a política de prosseguir a austeridade imposta pela troika e os troikanos de cá. Ele tinha razão – precisava de saber dar a volta à coisa e untar bem untada a cozedura que por aí vem. Que Santo António Costa tenha tento e não prove o condimento.