Portugal, um país republicano desde 5 de outubro de 1910, visto pelo ângulo das televisões virou piroso e embasbacado tendo em atenção a copiosa vassalagem à inenarrável família cheia de escândalos e cuja a cabeça comemora 70 anos de jubileu, gastando ao longo destas décadas do erário público milhares de milhões de libras, sem que os nossos defensores da lisura do Monstro se perturbem um segundo com tanta gordura e tantos castelos e tantos cavalos, tantos cães, tanta pompa e tantas superficialidades exibidas num momento de guerra e de um mundo à beira da fome.
Que os ingleses perdidos nas brumas de um tempo que não voltará em que lhes bastava exibir a bandeira imperial se virem agora para os restos da História dada a grandeza perdida é compreensível.
À sua frente resta um futuro cheio de dificuldades com um fulano de cabelos loiros revoltos, personagem que Shakespeare se fosse vivo não deixaria escapar, a viver na Downing Street; um sujeito a querer endireitar o mundo e que tem a lata de afirmar nesse Reino, que não tinha consciência que violava as leis por si decretadas quanto aos confinamentos em plena pandemia. Só de opereta.
Carlos, o filho da mommy, como ele disse no discurso, sim ele discursa, e para que conste quando viaja leva um criado que transporta a sanita porque o seu real cu só se pode sentar em sanita de oiro e de papel higiénico com cheiro à época vitoriana. Um traseiro assim só opera cumprindo todas as normas de grandeza da Real família.
Os ingleses perderam-se no tempo e andam em busca do tempo ganho que se foi. Ora, os portugueses resolveram esse problema Real lá mais de cento e doze anos, 112 .
Faltava-nos, sem monarquia, os vários canais televisivos intoxicar-nos com uma propaganda parola do jubileu da rainha inglesa e dos seus familiares, verdadeiras luminárias. Em português de Portugal República independente chama-se vassalagem saloia.
O que faz este país com tantos séculos ter no terreno mediático esta subalternidade à Coroa inglesa? Como precisam de um intervalo na guerra da Ucrânia, chegou o jubileu e um naipe de comentadores e diretos que fazem estremecer o coração dos mais pindéricos basbaques. Nem sequer faltou o diálogo à mesa Real entre a Rainha e um urso. Fantástico. Sublime. Quem imaginaria?