Ao mastigar uma noz dei conta da seguinte interrogação – este fruto escondido na sua carapaça forticada quantas centenas de milhares de anos ou até milhões de anos precisou para chegar a ser noz? A minha ignorância apenas me permite imaginar o tempo até que a noz se tornasse noz.
E aqui chegado o pensamento logo se desdobrou para imaginar as etapas que sob o Sol e sobre a Terra que foram precisas para que germinassem as sementes e estas por sua vez dessem azo a um novo ciclo para se chegar às árvores que dão a linda flor neste hemisfério em fevereiro/março.
Este caminho que a mente humana despreza enfrenta desafios tremendos.
Um primeiro e atroz em tempo de pandemia é o de que a nossa sobranceria sobre a vida do Planeta pode conduzir-nos ao apocalipse. Nós somos os mais vulneráveis e arrogantes. O Planeta passará bem sem nós, incluindo a pequenina noz.
As árvores, os rios, os mares, os animais e a Humanidade são o resultado de um processo evolutivo de muitas centenas de milhões de anos. Os humanos foram os últimos a surgir. Inteligentes, altamente sofisticados, vêm pisando esta nossa Terra como se fossem seus donos. Mais recentemente obnibulados pelos avanços técnicos, tecnológicos e científicos ditam mão a tudo o que o Planeta tem para o submeter à sua cruel ambição. A Terra dá sinais de enfarte nas suas estruturas. Os rios carregam dejetos . Os mares aquecem e milhões de toneladas de plástico ameaçam as vidas no e do mar. O globo arde em muitas regiões. Um vírus se espalha. A Terra já não consente tanto desvario. O mundo não pode ser um negócio, cujo fim é o lucro. O mundo no seu conjunto é muitíssimo mais que a Humanidade. Podemos perecer enquanto espécie. Ele é eterno. E isso faz de nós seres muito efémeros diante da eternidade. Ea ganância ganha à paz e à generosidade.
Se tivessemos presente o que se andou para chegar à noz, talvez nós fôssemos mais naturais no sentido de que o nosso domínio sobre a Natureza nunca será total. Temos ferramentas ótimas que nos permitem construir aviões, naves e ponte de mais de cinquenta quilómetros, Certo. Como diria o saudoso Joaquim Namorado contemplando a Torre de Pisa com trinta metros de altura com uma pupila de dois milimetros de largura.
O Planeta que recebemos está doente devido à ação humana. Ou paramos ou o Planeta nos enterra.
Uma noz é uma noz. E nós somo nós. Nós precisamos mais da noz do que a noz de nós. Alguém as comerá sempre, mesmo que não sejamos nós.
Ajuda-me a decifrar o enigma do universo e do ser humano, tão inteligente e tão besta……
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Se eu soubesse.
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Caro Domingos. Apreciei bastante este teu texto que nos leva a reflectir sobre a encruzilhada que a humanidade atravessa..
Abraços do Rui Ramos
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