À medida que se atravessam países, regiões e continentes, damos conta do impacte tremendo da religião na vida das pessoas, povos e Estados.
No sudoeste asiático o budismo está omnipresente. Em Bagan, na Birmânia, há mais de dois mil e trezentos templos.
No Médio-Oriente domina o Islão, assim como em toda a Ásia Central.
N a Europa, na América e na Austrália reina o cristianismo.
Face a esta diversidade de deuses e divindades cabe perguntar: estarão os crentes de cada religião convencidos que só eles terão acesso ao paraíso? Os cristãos creem que chineses, birmaneses, tailandeses, cambodjanos não irão para o paraíso por serem budistas?
Haverá para os muçulmanos um paraíso só para eles e infernos para os outros?
E se houver só um, como creem os crentes de cada uma das religiões? Os seguidores das outras ficam à porta ou vão para o inferno ou encarnam em animais que não queriam? E as excelentes pessoas de cada religião ficam de fora do paraíso onde entrarão outras com menos excelência seguidoras do deus único?
Ao longo dos milénios contabilizamos tanta fome, tanta miséria, tanto morticínio, tanta guerra, tantas montanhas de cadáveres inocentes para agradar aos deuses…ou em seu nome.
Verdade seja dita que os ensinamentos vão noutra direção. Mas o homem foi aos deuses buscar a legitimação da maldade pura para aniquilar o semelhante! E eles tão poderosos nada disseram…
Em Kuala Lumpur, num templo taoista, o deus venerado, o deus da guerra, tinha na sua representação uma carantonha horrível e, no entanto, os crentes vinham, ajoelhavam-se e queimavam incenso…
Qual será a divindade perfeita? A verdadeira? E o que sucede aos outros face a quem entender que a “sua” é a verdadeira e única?
O homem, esse caminhante desde os primevos é capaz de colocar na conduta de outrem a justificação da sua. Os deuses servem que nem uma luva. Inventámos ou fomos inventados? Que tempo será o do futuro? E o dos deuses? Virão novos com o novo tempo? E serão os deuses abandonados pelos homens? Ou os homens abandonados à sua sorte?