O Facebook e os Amigos que Não Conhecemos

Um homem vive a vida a plenos pulmões. Enfrasca-se até ao íntimo neste ato glorioso de se levantar e antes de abrir a janela achar que vai valer a pena. Às vezes ressacado de tudo. Outras vezes mais leve que um pintassilgo, cheio de cores e de confiança que o sonho vai ser um facto real.

E para além de tudo o mais há os amig@s. A quem queremos e a para quem vivemos. Aquel@s a quem obrigamos a conhecer os nossos sucessos ou fracassos.

Atingida certa idade sabemos o quão difícil é manter as velhas e as novas amizades. Na borda desta caminhada quanta amizade ficou…e, no entanto, sonhamos sempre com novas amizades, mesmo após tanta desilusão.

Há um choro mansinho de lágrimas que caem no coração por termos perdido esta e aquela amizade. Acontece que há casos que nem sabemos como foi; quando damos conta o túnel do esquecimento já é tão longo que fica, quando fica, o que resta do sorriso à flor dos olhos de quem já não sabemos nada, depois de sabermos quase tudo.

Um mundo tão volátil, tão cheio de coisas rápidas tenderá certamente a envolver nesta capa de efemeridade os nossos sentimentos mais fortes e vergá-los à esquadria deste novos tempos.

Sentimentos fortes não se dão bem com a superfície da vida, pois precisam de raízes que vão fundo buscar o alimento e ganhar enrijamento para aguentar ventos e tempestades.

É por isso que “ter” amig@s é um desafio constante; uma espécie de prova de vida; uma afirmação de que por muito que admiremos a toupeira e sua arte de escavar, a amizade é uma avenida engalanada das árvores onde a solidão está vedada a verde. À superfície dos olhares. Como estrelas a cintilar.

Eu sei lá o que faria pelos meus amigos que conheço um a um ou uma a uma. Sem exceção, tal é a exceção.

E, no entanto, nos últimos dias tenho sido atingido por inúmeras mensagens  a anunciar-me que tenho mais amigos do que penso. No Facebook.

Certamente não tenho. Não sei quem são. Os que tenho, poucos, por defeito meu, sei bem quem são e estão guardados onde se não veem. Nem eu os vejo. Sinto-os ao compasso do bater do coração.

Não é por nada; um amigo que não conhecemos não é um amigo; é um desconhecido. E desconhecidos devo ter mais de cinco mil milhões.

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