Obama visitou Cuba. A última visita de um Presidente dos EUA tinha acontecido há oitenta e oito anos.
O país de José Marti recebeu condignamente o poderoso vizinho, por sinal um afro-americano.
Obama visitou a fantástica Calle Obispo e deve ter visto a espontaneidade contagiante dos cubanos. E na Praça da Revolução deve ter recuado à sua juventude.
Muitos perguntam – Quem ganhou ou quem vai ganhar?
Vão ser escritos livros, teses, tratados para responder a esta questão. Seguramente. Porém há uma questão anterior a esta – porquê só agora? Era possível continuar assim?
Do lado cubano a resposta é um pouco mais clara, a ida de Obama abre possibilidades.
Do lado dos EUA há que esperar pelas próximas eleições presidenciais. Percebe-se a vontade de Obama deixar a via aberta, mas Trump já disse que a fechava, no caso de as ganhar.
Cuba tem vindo a evoluir e há sinais claros de num sentido de uma abertura controlada. Às vezes o tempo é inimigo das melhores intenções e nunca se sabe o que pode acontecer se a pressão se descontrola.
Falta acabar com o bloqueio e com a prisão de Guantánamo, mas é melhor ir a Havana cumprimentar Raul que ficar na sala Oval. É seguro que sem o fim do bloqueio não há relações baseadas na igualdade entre Estados.
Cuba vai evoluir para uma abertura económica, colocando-se a questão de saber como se passará no domínio das instituições políticas. Continuará a ser o Partido Comunista de Cuba o único ator político? Quererá Cuba seguir um caminho parecido com o da China? Só que Cuba não tem o peso de um gigante como a China, embora as elites cubanos sejam sofisticadas e tentem por via de uma melhoria substancial das condições de vida da população encontrar uma legitimidade que lhes escapa em termos concorrenciais.
Para já Obama e Castro cumprimentaram-se no Palácio da Revolução. Ambos sorriram para a fotografia. Na cabeça de cada um ter-se-ão agitado ideias distintas e ao mesmo tempo convergentes. O certo é que ambos sabiam que estavam a fazer História que vai acelerar. Haja coragem! E venham os passos que conduzam à total normalidade entre os dois vizinhos.