NOTA FEITO DE UM COMENTÁRIO
É verdade, como pude confundir? Que dirá o meu amigo Vitorino?
Obrigado

Assunção Cristas, a nova líder do CDS, ex-Ministra da Agricultura e Mar, agora na oposição vai resolver os problemas que não resolveu e criou.
Censurando veementemente o governo e o Orçamento que lhe faz …”lembrar as crianças no recreio…” está preparadinha para governar com o PS e ou com o PSD. É para que lado for o pendulo.
Passos Coelho está pronto para governar e a faz visitas a empresas, a unidades de cuidados intensivos e a escolas, levando na lapela o pin de Portugal, com uma caterva de jornalistas que bate o atual Primeiro-Ministro. E fala (deve ser do hábito que lhe custa a sair) como se ainda fosse o que não é e diga-se, em abono da verdade, que a própria voz outrora poderosa se adocicou um pouco.
O PSD secou e só tem (para já) o que tinha – Passos e os adivinhos implantados na imprensa a bombar contra Costa.
Vem aí o Congresso do PSD e o partido tem um trunfo – Passos, nada mais; o resto, a existir, o que se admite, é como se não existisse. Quais são as ideias do PSD para esta nova fase da vida nacional? Parece, pelo que se vê, e vê-se muito por tudo quanto é notícia, tem o famoso fado do Tony de Matos – Ó tempo volta para trás! E na verdade tudo o que o PSD pede é Passos em S. Bento. Só que se o tempo voltasse não teria Portas e Cristas ainda ande na cabeça no ar a ver de onde vem o zéfiro.
Teremos um Congresso a aclamar um líder derrotado e que passados três meses e picos de novo governo ainda não deu conta que já é tempo suficiente para mudar de agulha e não se comportar como se ainda fosse governo.
A velha ideia de castigar os lusitanos por viverem acima das possibilidades tirando-lhes de tudo um pouco volta agora sob a forma de agoiro: vão ver quando eu lá chegar, vão ver; eu é que tinha razão.
E para tanto há uma espécie de destrambelhamento agudo: Passos veio esclarecer que nunca disse que era preciso sair da zona de desconforto e que não era preciso sair do país para ir à procura do sustento com o mínimo de dignidade; nem nunca disse que era preciso os portugueses serem …”menos piegas…” e … “menos preguiçosos…”. O que ele disse, melhor, o que lhe saiu pela boca vindo das cordas vocais situadas na garganta resultou de um exorcismo descontrolado da alma alemã que ele albergava algures.
Ele um transmontano de Vila Real habituado a trabalhar de sol a sol na Tecnoforma a vigiar aeroportos mais o seu amigo do coração, um impoluto cidadão, o Sr Miguel Relvas, que devido à carga horária nunca foi capaz de fazer em toda a sua vida uma cadeira na Faculdade de Direito, jamais acharia que os portugueses eram “autocentrados” a quererem…” divertir-se no Carnaval enquanto quem emprestava dinheiro estava a trabalhar…”.
Aquilo que ele disse foi a tal alma alemã que nele se implantou quando em Berlim achou que os alemães nunca deveram nada a ninguém e nem têm Carnaval a sério como por exemplo o de Düsseldorf, Colónia, Bonn, Aachen ou Mainz… Os alemães da Alemanha são levados da breca para gozar o Karneval…Os alemães de Portugal são uns preguiçosos, só pensam na diversão e é o que se vê.
E portanto Passos a caminho da coroação no Congresso vindouro do PSD esfarrapa-se para explicar que é melhor que o António Costa e desde logo porque em nenhuma circunstância ele faria o que Costa fez – um acordo com deputados do Parlamento dos partidos das esquerdas.
Ao contrário de Passos, Portas eclipsou-se; foi à vida…para já. Vem aí a Assunção Cristas com um ar maternal e cheia de bom senso reclamar soluções para a Agricultura e para as Pescas, problemas que ela nunca teve possibilidade de ajudar a resolver.
E em entrevista ao Público do dia 28 de Fevereiro, revelou aquilo que no CDS é o segredo mais bem guardado: o CDS está disponível para ir para o governo com o PS e PSD …já que o tempo parece não voltar para trás.
O que se está a passar é digno de relevo: um ex-Primeiro-Ministro foi derrotado e formou-se um novo governo e talvez devido à inércia as grandes notícias vão para o que foi derrotado e que fica a “bombar” para resolver a crise que não resolveu.
A força do compromisso Passos/Portas era a estabilidade que Portugal apresentava. E espantemo-nos, pois o novo governo tomou posse há pouco mais de três meses e ainda não resolveu os problemas do país…
Passos apostou na austeridade, no empobrecimento do país; Costa aposta em pôr termo aquela austeridade e em devolver rendimentos.
Por isso Costa tem o apoio das esquerdas e o combate da direita coligada com os eurocratas ao serviço dos mercados internacionais.
Choca que as notícias sejam tão enviesadas que escondam que Passos não tem um programa e apenas uma ideia – voltar a ser Primeiro-Ministro: anda de Caifás para Pilatos e Anás, a mostrar-se que não é – Primeiro-Ministro…à espera de o ser. Ó tempo volta para trás!