Salvar o Poeta e Artista Ashraf da Ignomínia das 800 Chicotadas – Salvar o Livre Pensamento

O grito do mundo para salvar a vida do poeta e pintor Ashraf Fayadh de origem palestiniana fez os algozes sauditas embainhar os sabres e impedir a ignomínia própria dos mais obscuros absolutistas que reinam em Reinos, Sultanatos, Emiratos ao longo do Golfo que tresanda a petróleo, a injustiça e a medievalismo.

Ashraf Fayadh viu a sentença de morte ser substituída por outra em que é condenado a oito anos de cadeia e 800 chicotadas e renegar publicamente o seu pensamento por blasfémia, apostasia (abandonar a religião muçulmana) e relação ilícita com uma mulher.

Os “crimes provados” contra Ashraf decorrem de ter abandonado a religião que os seus pais lhe transmitiram, de questionar a sharia e o secularismo e de uma eventual relação com uma mulher que pelo teor das notícias não parece de modo nenhum forçada antes consentida por ambos os intervenientes.

Nenhum católico, nenhum cristão, nenhum hindu, nenhum budista tem um templo para orar no reino onde se cortam as cabeças, mas na Europa, onde a maioria da população é cristã, os governantes sauditas enchem os empreiteiros de dinheiro para construírem mesquitas para os muçulmanos poderem orar…

E os muçulmanos só podem casar com cristãos desde que estes abandonem a religião e passem a professar a muçulmana sob pena de deixarem de ter a cabeça entre as orelhas…

A Arábia Saudita é um grande país cheio de petróleo e de que o Ocidente precisa para se abastecer. Ninguém ousará discutir a importância do petróleo, independentemente do preço do barril Brendt…

Seja admitido então que se o petróleo é importante é-o por servir a humanidade nesta fase do seu desenvolvimento. Esta humanidade é uma comunidade de homens e mulheres com direitos e deveres.

Um dos direitos mais básicos de todos os homens e mulheres é professar ou não professar uma crença.

Este direito é um pilar da personalidade de cada indivíduo; algo que não pode ser tocado e muito menos motivo para se ser condenado.

Professar ou não professar uma religião é do ponto de vista da Declaração Universal dos Direitos do Homem algo que está cimentado na comunidade internacional que só a aleivosia de uma monarquia que parou no tempo age para encerrar a sociedade a sete chaves nas catacumbas da opressão.

Há um escopo mínimo a respeitar dentro da comunidade internacional que pode permitir que os cidadãos não vivam à mercê de uma suprema tirania como aquela que inferniza a vida aos sauditas homens e às sauditas mulheres que não podem circular livremente nem a pé nem de carro.

Se Obama, Cameron, Merkel e Hollande colocam o petróleo e a venda de armamento à frente de valores tão singelos como o de professar livremente uma crença que exemplo podem dar ao mundo de que pretendem ser lideres?

O mundo salvou a vida do poeta Ashraf mostrando que o absolutismo também é relativo. Vale a pena agora salvar Ashraf da ignomínia das oitocentas chicotadas. Não há ninguém que não possa dizer ao Rei da Arábia Saudita – Não faça isso! Sobretudo aqueles de quem o Rei depende. Os dirigentes mundiais podem livrar Ashraf desta miserável condenação.

A monarquia pode sofrer do mal de pensar e agir como se a vida fosse sempre como é agora naquele país.

Os ventos da liberdade e da tolerância hão de chegar a todos os reinos, emiratos e sultanatos independentemente dos reis, emires e sultões. Certo e seguro. Não haverá petróleo que lhes valha. Salvemos pois Ashraf da ignomínia das oitocentas chicotadas depois de já lhe termos salvado a vida.

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