Estabilizem

É assinalável a descompostura que varre a direita e os seus acólitos por terem de se submeter às regras parlamentares. Custa-lhes aceitar a coisa mais simples das regras democráticas: quem tem a maioria no parlamento governa.
Parece que vale tudo nesta campanha a roçar a histeria.
1. António Costa alia-se à esquerda para sobreviver politicamente, dizem. Mas não é verdade que todos os dirigentes de todos os partidos querem sobreviver e serem capazes de atingir o objetivo a que propuseram? Costa queria ser chefe do governo e vai ser.
Portas não foi para o governo para sobreviver? Não revogou a sua irrevogabilidade para sobreviver?
Se Costa se aliasse à direita ou a deixasse governar sobreviveria? Não era o que a direita quereria – que não sobrevivesse?
Estão raivosos exatamente por Costa sobreviver virando o PS à esquerda.
2. A direita, minoritária no país, chama a estrangeirada para ver se interfere em Portugal através da pressão dos mercados, de Bruxelas e da NATO. Só falta o planeta Marte…
Governaram para empobrecer os portugueses, em nome dos mercados, de Bruxelas e da CE. Ameaçam, invocando a qualidade de procuradores dos mercados (ninguém lhes passou procuração) que sem eles e os sacrifícios que impuseram o país não tem futuro.
Perderam o tino. O que eles fizeram foi fazer regredir Portugal mais de dez anos, fazendo da pobreza o seu programa.
Queriam continuar a empobrecer o país para mais tarde serem recompensados pelos mercados.
Sacaram a cada português mil e quinhentos euros para os entregar aos banqueiros. Estão transtornados por não poderem continuar a tirar aos pobres para dar aos ricos.
3. Estão aflitinhos e até Cavaco que se sentia aliviado há meses também ficou assim, aflito, com ares de mandão.
…”Repor cortes de salários, descongelar pensões, reduzir IVA da restauração, não aumentar impostos é impossível”…diz Nuno Melo. Atemoriza-o, ele que é um dos aflitos que chama ao acordo uma coligação de ódio… é um amor este Nuno Melo, um doce.
Depois de quatro anos de ódio aos portugueses e a todos os que não fossem da coligação, todos impantes a suar de tanto corte que impuseram, continuam ajudados por Belém a pensar que são os donos da consciência dos portugueses, não admitindo que a aritmética é o que é – perderam a maioria de deputados que tinham e ficaram raivosos. Estabilizem se fazem favor. Tenham calma. A democracia continua.
O que os assusta é a possibilidade de fazer parar o empobrecimento da imensa maioria e o enriquecimento de uma ínfima minoria. Assusta-os porquê? Porque este PSD e este CDS servem para os ricos, querem que os ricos lhes agradeçam o que fizeram por eles.
Disseram que o empobrecimento era para tornar a dívida sustentável, aumentaram-na em mais de trinta e tal por centro. Saem diretamente para o FMI e mundo dos grandes negócios. O governo é um estágio para mostrar aos que ditam a política que merecem ser recompensados.
Até Durão Barroso, no intervalo dos seus vinte e um cargos, veio amaldiçoar o acordo entre PS,BE e PCP.
Então ele não fugiu do governo para sobreviver à grande, à francesa e à alemã na União Europeia e dividir com Bush a Europa? Então não foi às Lajes para sobreviver?
Certamente que no meio de tantos cargos, onde certamente não auferirá mais do que 505 €, Durão não compreende que se estrague o empobrecimento do país.
4. A direita soube sobreviver e chegar ao governo. Gostou do que fez. Os portugueses não, e retiraram-lhe a maioria absoluta. Perderam a mioleira. Com tanta propaganda, com tanta assessoria, com tanto apoio na comunicação social julgaram que perdendo poderiam criar a ideia que ganharam.
E veio de Belém a triste figura do que há muito deixou de ser o presidente de todos os portugueses para ser o de uma minoria que à outrance defende. O governo que apadrinhou vai-se embora, só serviu para criar instabilidade. Ele em breve sairá pela porta baixa da democracia portuguesa. Até lá, apesar de saber contar no caso da Grécia (19-1=18), parece que tem de aprender no caso de Portugal que metade de duzentos e trinta deputados mais um não está ao alcance de Passos e Portas (o estável).
Um irá para o PSD tratar da sobrevivência, outro ainda sobreviverá no CDS?, tem crista para tal?
Não é um exagero. Nem um palpite. É uma ideia. Simples. Possível.

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