A Grã-Bretanha esteve na primeira fila (Tony Blair líder do Partido Trabalhista era então Primeiro-Ministro) da invasão ao Iraque tendo participado na ocupação deste país.
Como é mundialmente reconhecido a invasão e a ocupação do Iraque foi, para além de um embuste (alicerçado em mentiras descomunais), uma violação grosseira do direito internacional.
Criou uma desestabilização no Iraque e na região e fortaleceu todos os movimentos jiadistas que se expandiram como nunca para a Síria, Jordânia, Líbia, Egipto, Tunísia e Líbano.
A Força Aérea britânica flagelou as tropas líbias e a Operação Ellamy e impediu que a Força Aérea líbia usasse os seus aviões.
Também na Líbia esta intervenção levou ao descalabro e desintegração do país onde o Estado Islâmico tem uma força considerável.
A situação na Síria, cujo governo enfrenta os jiadistas e forças apoiadas pelo Reino Unido e outros é desesperante e o número de refugiados atinge os quatro milhões, quase metade de Portugal.
O Iraque, a Síria, a Líbia que eram países que acolhiam cooperantes de repente transformaram-se em países dilacerados cujas populações fogem à fome e à morte, graças a políticas de cegueira pelo petróleo e gás natural.
Para lhes sacar aquelas matérias – primas o Reino Unido arroga-se em país capaz de levar a guerra e destruição àqueles países e a exigir que as populações fiquem à mercê da fome e da morte ou das atrocidades do Estado Islâmico ou outros movimentos jiadistas.
Os que não quiserem viver em condições infra humanas ou morrer e ousarem procurar na Europa condições de vida humanas, o Reino Unido de Cameron já lhe deu as boas-vindas com cães e cercas.
Que morram nas suas terras ou com as bombas inglesas ou francesas ou às mãos dos jiadistas, que morram no Mediterrâneo, que morram, pois se não morrerem, açulam-se-lhes os cães que os mordendo escorraçam de volta à fome e à morte eis a política para os refugiados de David Cameron.
A outrora imperial Inglaterra dá mais um exemplo de civilização emocionante : açula os cães aos deserdados deste planeta, aos fracos sem comida e sem teto, às crianças indefesas, àqueles que caminham vindos do Paquistão e do Afeganistão e atravessaram a pé o mundo, aos que passam, tal é o desespero, o Mediterrâneo em barcos de borracha.
Mais para o centro da Europa um dos países que com a Áustria formava um império é mais radical: um muro para que ninguém passe.
Cameron não poderia construir um muro no mar; a Hungria tem ou teve almirantes mesmo sem ter mar, mas tem um lago, o Balaton e uma fronteira com a Sérvia por onde vêm os inimigos famintos e andrajosos.
Esta Europa desenhada deste modo pelos ingleses, alemães, franceses e norte-americanos bombardeia com o mais sofisticado que há em matar, os últimos gritos da moda.
A quem não aceitar morrer em casa pode ter que morrer entre Calais e a pátria do Sr Cameron, a bem do nível de vida europeu baseado nas matérias-primas dos esfomeados da Terra e nas bombas inteligentes ocidentais. God save the queen.