Um estudo realizado entre 2002 e 2009 pela Universidade de Coimbra e divulgado no programa radiofónico “O amor é” de Júlio Machado Vaz e Inês Medeiros deu a conhecer que as crianças portuguesas estão cada vez mais obesas e uma dessas causas é o excessivo de sedentarismo, pois passam cerca de duas horas por dia sentadas a ver televisão.
Na verdade a nossa civilização está a criar um mundo de basbaques que apenas olha e ingere acriticamente o que as centenas de canais vertem diariamente. Vivem olhando canais de televisão.
Olhar é importante, mas não apenas para passar o tempo como acontece com as crianças indefesas diante do totalitarismo das imagens, das ideias implícitas, criando assim submissos a este novo culto de estar ou viver.
Acresce que os pais levam os filhos à entradas das escolas, pois não podem entrar com o carro nas salas de aulas, pois é de admitir que se pudessem depositariam os filhos na carteira da aula para lhes dedicar este estranho caso de amor.
Outras crianças aguardam o transporte do município que as leva e as traz.
Nós fomos feitos para andar, para nos movermos e não para ficarmos encerrados entre a casa, a escola e a televisão na engorda física ou mental.
É demasiado saudosismo imaginar a alegria de montar a bicicleta e em rancho arrancar a fazer os três quilómetros entre a casa e o liceu Ou seguir a pé, na berma da estrada? Ou num raio de três, quatro quilómetros procurar em todas as frinchas da aldeia os segredos da mãe natureza?
Para onde vamos? Para um mundo em que devoramos imagens e perdemos a alegria da descoberta do que nos rodeia no campo ou na cidade? Para a quietude da velhice sendo crianças? Para a engorda que nos aprisione as ideias e nos impeça de ter força para mudar o mundo?