Passos Coelho quer à viva força que os portugueses confiram ao próximo governo uma maioria absoluta.
As razões para tal objetivo são a garantia da estabilidade. A tal carta de garantias que o PSD apresentou: comigo sabem com o que podem contar, com os despesistas não sabem. Como se Passos Coelho não tivesse passado os quatro anos de governança a rapar nas despesas sociais para as tirar aos portugueses e obrigá-los a ter de as pagar ou ficarem sem acesso a esses cuidados de saúde, educação, segurança social ou justiça. E mesmo assim fez a dívida pública saltar para mais de cento e trinta por cento do PIB.
Passos Coelho o que pretende fazer crer é que o PSD e o CDS são os únicos coligados podem vir a ter maioria absoluta dado que as sondagens dão vantagem ao PS, mas sem maioria absoluta.
Ora aceitar este jogo é fortalecer a estratégia do PSD e, por outro lado, enfraquecer as possibilidades do pluralismo na Assembleia da República.
A maioria absoluta é uma espécie de poder absoluto e sabemos no que dá. Se o PS não tiver maioria absoluta (o que se espera)vai ter de negociar. Se continuar na senda da austeridade esperará pelo novo líder do PSD para se entender. Ou virar-se-á para esquerda para ultrapasssar a página da austeridade. Quanto mais fortes forem as representações à esquerda do PS mais possibilidades existirão de condicionar o PS e inverter o rumo.
Ao tentar condicionar o eleitorado a entrar neste jogo sabe que ganha sempre: ou ele e o parceiro ou um PS com maioria a fazer na prática a mesma política de acordo com o Tratado Orçamental ou o bloco central sem ele. O PS sempre que governou com maioria absoluta ou com o deputado de Ponte de Lima foi o que todos se lembram ou deviam lembrar-se.
Passos coelho quer ganhar em dois tabuleiros ao condicionar o debate a quem possa vir a ter maioria absoluta. É dinheiro em caixa.