A nossa sociedade está a tornar-se mais violenta e os crimes de sangue banalizam-se.
Os órgãos de comunicação social pegam em todas as notícias que estejam tingidas de sangue; quanto mais sangue, maior receita.
O que constitui a anormalidade no seio da comunidade passa a ser a notícia, o que as pessoas querem “conhecer” ler e comentar.
Na verdade uma notícia sobre um homem que assassina a ex-cônjuge e filhos cria um grande alarme e instintivamente todos querem saber o porquê, alimentando-se no seu quotidiano dessas notícias mais ou menos escabrosas.
E se vendem é porque no mercado das notícias há quem compre.
O impulso para matar não deixa ninguém indiferente. Gastam-se milhares de milhões a proteger a saúde e a vida e de repente (às vezes) há quem passe o limiar da vida em sociedade e assassine, tantas vezes gente totalmente indefesa…
Estes atos bárbaros e muitas vezes de uma crueldade e covardia inimagináveis banalizam os próprios crimes, tendo em conta as aberturas de rádio, televisão e primeiras páginas dos jornais.
Neste dia de 25 de Maio um jovem de seu nome Bruno Costa, a trabalhar no aeroporto Francisco Sá Carneiro, encontrou, perdida, uma carteira de um emigrante com cerca de dez mil dólares. Deu conta da descoberta e o emigrante chorou de contentamento. A notícia dá conta que ambos, emocionados, choraram. O choro e a alegria não estão muito longe um do outro.
A interrogação é esta: quem puxa para grandes notícias os crimes bárbaros não podia puxar para o mesmo destaque a notícia de gente séria e honrada?
De outro modo: se os mass media apresentarem com destaque o que de bem se faz, não se está a proteger o bem? Ou se se distingue o mal e a crueldade não se está a banalizá-la?
Ficam as perguntas com a consciência de quem nem sempre as respostas são fáceis.
Por mais complexas que sejam tenho para mim que puxar pela bondade e pela solidariedade da gente que a pratica é uma forma de educação nesses valores.