Os EUA, sob o comando do George W. Bush, invadiram o Iraque, contra quase todo o mundo.
Conseguiram enforcar Saddam Hussein e causar centenas e centenas de milhares de mortos.
No Afeganistão derrotaram os talibãs, mas foram incapazes de criar uma alternativa aos talibãs e deixam o país num caos e a reconhecer a necessidade de ter de negociar com os talibãs…Estranho.
As invasões ressuscitaram os mais tenebrosos pesadelos de séculos de cruzadas e colonialismos depositados no fundo da memória dos povos.
A violência das invasões criaram as condições para o crescimento da Al Qaeda e mais tarde do ISIS. Ambas as organizações se vêm caracterizando pela utilização da violência cruel e impiedosa. É da experiência histórica: a violência gera violência.
O ISIS decapita os ocidentais, uma crueldade que anuncia o terror do modo de existência e vida. Decapita vinte e um cristãos coptas egípcios por serem cristãos como sinal enviado aos crentes da cruz. Queima vivo o piloto árabe sunita. Crucifixa os apóstatas e crentes de outras fés em nome de uma suposta fé. Castiga homossexuais lançando-os do alto de certos prédios para a morte, a título de condenação penal. E corta as mãos e os pés aos ladrões, tal como faz a Arábia Saudita e outros países do Golfo, em relação aos “desgraçados” dos ladrões.
O Egipto não tardou a responder à carnificina e sua força aérea foi bombardear o ISIS na Líbia.
A tribo do piloto jordano e altas autoridades religiosas sunitas reclamam a crucificação dos dirigentes do ISIS.
O rei da Jordânia mandou de imediato enforcar dois jiadistas.
Já não é o choque de civilizações. Já é a guerra dentro de cada civilização. A violência e a morte como modo de reinar.
O mundo assiste a esta escalada de desnorte louco e parece nada fazer.
Na liberal e democrática Dinamarca um dinamarquês, seguidor do jiadismo, atirou a matar sobre participantes num colóquio sobre liberdade de expressão, a propósito do assassinato dos jornalistas do Charlie Hebdo e mais tarde sobre gente que estaria numa sinagoga.
Netanyahu aproveitou o sucedido e já apelou aos judeus para irem para Israel oferecendo-lhes segurança…
Na também liberal e democrática Noruega o partido no poder quer punir os que ajudem os sem- abrigo com penas de multa e prisão.
Salazar já legislara punindo os pedintes, proibindo-os de pedirem, ao que o poeta Joaquim Namorado, num brevíssimo poema afirmava que se podia proibir mendigar, mas não se podia proibir ser pobre…
Agora a liberal e democrática Noruega vai mais longe: pune quem dê esmola… Para onde vamos?
Na fronteira da Ucrânia, apesar do cessar- fogo, acumulam-se nuvens negras e ninguém ao certo sabe o que por lá irá acontecer.
Os que querem obrigar a Grécia a ajoelhar-se e continuar a viver sem a menor dignidade são europeus, todos eles muito cristãos…Não se pode negar aos democratas cristãos alemães a patente que ostentam.
Samuel Huntinghton tinha previsto o choque de civilizações, mas pelo rumo dos acontecimentos o que está a em cima da mesa é já o choque dentro de “cada civilização”, embora sob o pano de fundo do choque global.
A ideia que os países mais fortes podem dominar os mais fracos está a incendiar diversas regiões do globo.
A vaga neoliberal está a conduzir a Humanidade para o precipício ao arvorar o individualismo como valor único e supremo em detrimento dos valores de pertença à comunidade, da solidariedade social e da justiça social, instituindo o da luta feroz entre os cidadãos como modo de vida.
O rastilho está a espalhar-se. Quem matou Isac Rabin foi um judeu!
Quem matou os jovens noruegueses numa ilha da Noruega foi o cristão norueguês Anders Breivik!
Quem matou doze jornalistas do Charlie Hebdo foram dois franceses.
Quem queimou vivo o piloto sunita jordano foram os muçulmanos do ISIS!
Quem matou na Dinamarca era dinamarquês!
Parece que o homem se tornou o lobo do homem e que o destino da Humanidade será viver sob a violência pura e dura. O que estão a fazer os cidadãos de bem? É preciso agir, antes que seja tarde.