Homo raris mentirosus, o sr. Boris Johnson

O cavalheiro já foi primeiro-ministro durante uns anitos. Ficou famoso por não ter consciência que em plena pandemia, apesar de ter imposto o confinamento aos cidadãos do Reino Unidos, e ter participado com o seu gabinete e afins em diversas festas nos jardins da Downing Street. Era tempo de festejos para o senhor Boris e de inconsciência, segundo as suas próprias palavras, pois pensava que podia festejar com dezenas de participantes enquanto por sua ordem ninguém podia sair de casa.

O senhor foi-se. Já não servia. Porém, admitimos sem grande problema, que de acordo com a sua natureza ele tem de dar nas vistas, nem que tenha de puxar pela memória e descobrir um míssil, ou “algo do género”, para o aniquilar, esquecendo que o senhor é ele próprio um especialista em hara-kiri, tão espampanante é o seu desassombro e a sua inconstância.

Convenhamos que esta coisa de Vladimir Putin, czar de todas as Rússias, durante uma longa conversação telefónica ter ameaçado o senhor Boris com um míssil ou” coisa do género”, é em termos de criatividade o superlativo absoluto; só ele, o senhor Boris.

O problema desta revelação extraordinária vem na senda dos serviços secretos ingleses terem descoberto que em março/abril de 2022 os russos não tinham combustível para os tanques e padeciam de falta de espingardas ou eram do tempo dos Romanov.

Uma alma normal, não daquelas almas mortas do russo imortal- Gogol- não tem este dom; só uma alminha faminta de aparecer depois da morte política se lembraria que o tal czar o mataria enviando um míssil…

Mas ele disse aquilo ou “coisa do género” a sério e os media papaguearam esta insanidade como se fora uma realidade, sem sequer pensar na execução do plano de com o tal míssil ou com a tal “coisa do género”.

Vivemos um tempo de menoridade mental. Pensam os de cima e os seus sacerdotes que lhes basta ter a possibilidade de dar curso a estes delírios para que esta ordem tresloucada siga a marcha.

O senhor Boris é um magnífico exemplar deste mundo. Quando o descobrirem daqui a uns milhares de anos vão guardá-lo ou “coisa do género” – Homo raris mentirosus, escreverão na placa.

Tempo dos homens e mulheres sapiens acordarem para acabar a guerra

Por mais voltas que o mundo dê a Rússia é um país europeu cujas fronteiras se estendem ao Extremo-Oriente. Não se pode falar de cultura europeia sem ter em conta o contributo que a Rússia deu para que ela seja o que é. Antes da revolução socialista de Outubro a Rússia era um império. Depois da implosão do socialismo soviético a Rússia, contra o que foi acordado com os EUA, viu-se cercada pela OTAN com a entrada para esta organização político-militar dos países do Pacto de Varsóvia quase todos com fronteira com a Rússia.

Os EUA é um país americano fundado nos finais do século XXVII por europeus imigrados ou fugidos da Europa. A sua grandeza também assentou na chacina dos autóctones. Criou um império que tenta impor ao mundo através da sua liderança.  

A invasão da Ucrânia, violação flagrante e grosseira do direito internacional, acontece no seguimento do anunciado pedido da Ucrânia para aderir à OTAN e depois da reorganização das suas Forças Armadas e da política de perseguição às minorias russas nos territórios da Crimeia, Dombass e Lugansk. Como se sabe e se parece ignorar a Crimeia é russa como prova a luta contra a tentativa de islamização turca no tempo da imperatriz Catarina.

Para se ter uma ideia mais precisa do que está em jogo para a Rússia, imaginemos no campo oposto o Canadá ou o México passarem a ter armas nucleares da Rússia; ninguém com sentido realista acha que isso é possível porque os EUA não o permitiriam como não permitiram a Cuba no início da década de 60, quando a URSS aí estacionou misseis nucleares e os que hoje acham que os ucranianos são livres de aderirem à OTAN na altura da crise dos misseis achavam que Cuba nunca poderia ter misseis soviéticos.

A guerra na Ucrânia é hoje um desafio à paz mundial, pois assumiu proporções de um enfrentamento da Rússia com todo o Ocidente através do chamado Grupo de contacto que reúne mais de cinquenta países.

A U.E. apagou-se e através de von Leyen (parece a Ministra dos Negócios Estrangeiros dos EUA) afirma-se como uma organização sem qualquer visão própria, independente e sem uma estratégia que dê aos europeus uma conceção que os impeça de sofrer uma nova guerra mundial no seu terreno. É decisivo que quem dirige a U.E. o faça no pressuposto da defesa da Europa, dado que este continente vai de Portugal aos Montes Urais.

Não creio ser possível que sem uma segurança para todos os Estados haja segurança efetiva no continente. Esta realidade implica uma persistente política negocial em que o conflito na Europa não seja uma espécie de arredar a própria Europa do seu peso próprio no  mundo e ainda um preâmbulo desejado para um conflito mais global com a China.

Uma guerra entre europeus, minando as suas bases de crescimento e desenvolvimento e destruindo os países envolvidos deixa os EUA mais líderes para ser great agaiand again , como é também o desígnio de Biden e não apenas de Trump. Os EUA não tratam bem os seus concorrentes sejam eles quem forem.

O embarque da U.E. no navio de guerra dos EUA é um grave erro estratégico que lançará a divisão na Europa, como aliás aconteceu na invasão do Iraque em que Bush e seus capangas falavam contra a velha Europa (França e Alemanha sobretudo) e a favor da nova Europa que incluía os bálticos e a Polónia e o sempre rastejantes Reino Unido, Portugal e a Espanha. Os EUA sempre tiveram os seus aliados preferenciais para dividir a Europa, sobressaindo entre todos eles o Reino Unido.

A invasão da Ucrânia só pode ser condenada, mas hoje o conflito já está para além da invasão da Ucrânia. É hoje um conflito entre a OTAN e a Rússia através dos ucranianos, sendo que neste papel Zelenskii está disponível a combater até ao último soldado e até ao último tanque seja ele qual for e de onde venha.

É curioso sublinhar que o Reino Unido a braços com uma crise social, económica e político digna de respeito tente encobri-la com a loucura dos gastos armamentistas para onde não faltam recursos que inexistem para o SNS. O mesmo se passando na França onde a austeridade governa, mas prossegue a corrida às armas. Por cá não há dinheiro para os professores, os funcionários públicos, os enfermeiros e os médicos, mas há para enviar armamento para continuar a guerra.

A estratégia da U.E. é prosseguir a política de sanções mostrando ao mundo a sua total parcialidade comparada com outras brutais violações do direito internacional como foi o caso da invasão do Iraque e é a ocupação dos territórios palestinianos por Israel.

A grande questão que se coloca é esta: a Ucrânia com o apoio da OTAN pode derrotar a Rússia? A esmagadora maioria dos comentadores, lendo quase todos pela mesma cartilha acha que sim, mesmo com a evidente destruição da Ucrânia e as muitas dezenas de milhares de mortos ucranianos até agora.

Charles Michel, Borrel e Cª prometem o que sabem ser impossível. Os EUA apesar de todo o poderio já não conseguem arrebanhar o mundo e confundem o mundo com o soi disant Ocidente.

A Rússia continua a vender petróleo e os seus recursos. A Europa está a recomprar a terceiros a preços mais elevados.

O que parece ser o objetivo dos EUA porque Zelenskii conta pouco(a não ser para pedir tanques) é criar uma guerra de permanente confronto na Ucrânia, tal como existe na Coreia, e fazer exaurir os europeus neste beco sem saída.

Nesta lógica haveria um estado de guerra permanente neste continente a quem os EUA venderiam armas e poder-se-iam preparar para o tal confronto com o que chamam de verdadeiro inimigo, a China. E porquê? Porque a China está a crescer e a desenvolver-se e esse é o pânico dos EUA. Afinal a cantilena liberal do comércio livre só vale quando são os EUA e o Ocidente a ganhar porque se o engenho, a capacidade do povo chinês prevalecer aqui d´el rei que o mundo livre está ameaçado.

Com a guerra na Ucrânia rebentam com a Europa e depois logo verão com a China. Mas convém olhar para o mundo tal como ele é – o Brasil, o Paquistão, o Irão, a África do Sul, o México e todo o imenso Sul que não reconhece aos EUA autoridade nem legitimidade para impor o seu way of life.

Noutro enfoque é de referir o facto da invasão da Ucrânia pela Rússia não ter até agora mobilizado as opiniões públicas.

Enquanto a invasão e ocupação do Iraque por parte dos EUA, Reino Unido e Espanha fez milhões de seres humanos saírem à rua desde a Nova Zelândia à Europa para protestarem, a verdade é que esta guerra em solo europeu não tem mobilizado as opiniões públicas.

As pessoas são bombardeadas todos os dias com a derrota iminente da Rússia e já lá vão nove pacotes de sanções e vem mais o décimo e que atingem aquele país e também os europeus e mais os tanques que vão chegar e os Patriot e os Himmars.

A Rússia irá ser parte constituinte da Europa, como sempre, por muito que alguns dirigentes ucranianos neonazis proíbam nomes de escritores russos ou lancem no lixo estátuas de cientistas e músicos russos.

A guerra continuará o seu curso com a U.E. cada vez mais envolvida com a OTAN. Haverá sempre dinheiro para a industria da morte que faltará para melhorar a vida dos cidadãos brutalmente atingidos pela inflação não só provocada pela guerra como por puro oportunismo dos grandes grupos económicos.

A guerra continuará a matar sobretudo europeus e a alimentar o complexo industrial-militar dos EUA que não tem mãos a medir para encher os bolsos e os cemitérios. Na Rússia o povo enfrentará dificuldades acrescidas e muitos soldados morrerão.

É difícil aceitar que os povos europeus se resignem a esta mortandade e continuem impassíveis a seguir a vida dos seus jogadores de futebol preferidos e em vez de pensar muitos uivam nas redes sociais espalhando ódios que se criam arrumados no caixote de lixo da História.

Não se sente o menor estremecimento por tanta morte e por tanto perigo. Os povos entre as dificuldades e a alienação chutam para o lado mais fácil, vociferam, mas aferroam-se ao individualismo de uma sociedade em que os media moldam à sua maneira inundando as mentes com enxurradas comunicacionais desligadas de qualquer sentido que não seja a emoção primária. Eles pensam por nós. O mundo é um lugar perigoso. Não se pode confiar em ninguém. A guerra que se lixe. Vem aí os russos, fazendo tábua rasa que foi na Rússia que caíram os invasores muçulmanos, bonapartistas e nazis.

Este é o clima atual que se apresenta difícil de mudar. Mas também é este o momento para levantar a voz contra a guerra lutando por uma solução que dê garantias de segurança à Rússia, à Ucrânia e a todos os Estados vizinhos. Convocar o passado é convocar o Diabo e para Inferno já basta o que se passa na Ucrânia.

Se a guerra terminar com a vitória de um dos lados tudo vai ser mais difícil no futuro porque os dias não acabam, salvo se a loucura tomar as rédeas dos dirigentes da Rússia e da OTAN. Então a esperança desaparecerá. Por isso é tempo de os que se prezam de serem sapiens se levantarem.

Os pintores de canos e o que o teatro é capaz de pintar na Barraca

O mundo tem lugares nada aconselháveis, muitas vezes invisíveis, outros para onde não queremos olhar para podermos continuar a fazer de conta, mas felizmente não só há luar, como também há o teatro que nos ilumina, que nos fustiga, que nos remete à nossa condição de humanos, sim, nem sempre parece, mas há dezenas de milhares de anos que o somos.

Tirésias, cego e adivinho, no Rei Édipo de Sófocles, diz a certa altura… Tudo o que tem de suceder sucederá… A verdade é que mal abre o pano de cena e assistimos ao primeiro diálogo do chefe daquele mundo infernal de canos e escuridão fica claro que algo iria suceder.

Uma perceção com que Adérito Lopes nos quis confrontar fazendo sentir que aquele mundo existe e que lá no topo, a milhares de degraus acima do reino da escuridão em que os pintores pintam, há o Conselho de Administração.

E quando chega o novo pintor, quase podia ser filho do operário que já lá trabalhava, mais evidente se torna o vaticínio do velho Tirésias.

O candidato a pintor acha que não nasceu para aquilo, mas é “aquilo” o que tem à mão. Cedo dá conta que aquele mundo é insuportável, o que não tem o apoio do mais velho que há dezenas de anos pinta de vermelho o que é vermelho, azul o que é azul e cinza o que é cinza. E que pintando e responsabilizando-se por aquele mundo de centenas de quilómetros de anos terá dinheiro para chegar a casa e pagar as despesas nem que seja à risca quando a renda da casa aumenta.

Entre eles surge um conflito cuja origem reside no sentido da responsabilidade do mais velho em respeitar as cores dos canos dado o facto do camarada ter pintado de cinza o vermelho, o que lhe estava vedado pelas suas instruções dos superiores.

 Entre o mundo da segurança do emprego cumprindo com todos os encargos dos chefes e a irreverência do mais novo explodem várias disputas, sendo que por detrás delas subjaz invisível algo que os une. Algo que não é nunca explícito, mas que paira no mundo daqueles dois operários.

O mais novo tem outros horizontes entre eles descobre o da fotografia. O mais velho não resiste e pede-lhe uma fotografia dos dois; só que o camarada ainda não tem a máquina fotográfica.

O mais velho tem três filhos, segundo ele todos bem colocados e o mais novo não quer casar, o que não é compreendido pelo mais velho que tenta explicar ao outro que chegar a casa e ter a mesa posta e uma televisão com acesso aos jogos de futebol. A alienação que ainda não penetrara no mais novo.

Quando ambos estão finalmente ligados pelos laços da classe de pintores de canos sucede o que desde o primeiro vislumbre da cena se perscruta. Naquele mundo de feroz exploração acontece uma fuga de gás com consequências terríveis.

O teatro tem isto: põe-nos pensar e o simples ato de pensar num mundo anestesiante de canos e mais canos por onde nos perdemos e também a nossa própria humanidade.

 Os dois pintores acabam partilhando o seu infortúnio, unidos nos sentimentos de amizade que o trabalho lhes transmite, ultrapassando as contingências pessoais.

Por Adérito Lopes ter dedicado a encenação da peça ao Helder Costa, aqui fica um abraço para o renitente pintor de um mundo melhor.

Doce submissão

A invenção do telemóvel constituiu uma das grandes vitórias da tecnologia que veio a revolucionar a vida dos humanos. “Impôs” o contacto permanente, até, por vezes, a guardar ovelhas ou na casa de banho.

O salto tecnológico do telemóvel para o smartphone estabeleceu um novo degrau na conectividade e na desmaterialização do mundo.

A relação com a nova tecnologia tornou-se numa espécie de entrada num túnel cuja itinerância conduz a um mundo onde tudo está mais à distância de um clique. É fascinante e viciante.

O visor prende o nosso olhar que se deixa submissamente apresar. Há o nosso olhar, mas do outro lado não há olhos.

Os humanos das cidades vivem em parte numa realidade paralela; quantos mexeram na terra que tudo cria? O pôr do sol está na galeria das fotos sem a densidade do real. Tudo está à mão do dedo.

O smartphone é, neste contexto, um dos instrumentos tecnológicos mais paradigmáticos do nosso tempo. A panóplia de finalidades é infindável. Lá está tudo – o livro, a televisão, a rede onde se trabalha, o jornal, o sistema de localização e de orientação; não é preciso perguntar a quem que que seja onde fica a tal ou tal rua ou onde fica o estabelecimento x ou y; os outros podem ser dispensados.

O smartphone tira fotografias como uma máquina fotográfica e armazena-as. A vida inteira lembrará onde foram tiradas e convidá-lo-á a opinar sobre o que representam.

A sua perenidade está para além do papel da fotografia a qual era exibida aos amigos após as viagens a sítios raros como as viagens no início dos anos 70 a certas cidades de culto, entre outras a inesquecível Fez.  Passavam de mão em mão e permitiam nesse gesto um nunca mais acabar de opiniões sobre o que se via e o que não se via.

 O smartphone reencaminha fotos e quem as recebe olha-as sem a festa de um encontro. Permite que se reaja com likes ou comentários, mas sem a presença de ninguém. Além do mais, sabe tudo. Diz-nos de ciência segura quem faz anos e até nos lembra eventos passados e que “ele” pensa terem sido importantes para quem os viveu, substituindo a nossa sempre problemática memória. Consegue responder antes de começarmos a pensar.

O poeta José Gomes Ferreira escreveu muitos poemas a partir do que via nos “elétricos”. Olhava e via –… Uma mulher de carne azul, semeadora de luas e transes atravessou o vidro e veio voadora sentar-se ao meu colo…Mas que bom! Ninguém suspeita que levo uma mulher nua nos meus joelhos… página 10, Num carro para Campolide, Dia sexual, in Poesia III.

Nos transportes públicos homens e mulheres estão literalmente curvados olhando os visores dos smartphones. Procuram fotos, vídeos, notícias que são intermináveis porque o algoritmo sabe o que cada um busca. A necessidade de responder a estes múltiplos estímulos faz-nos ser seres que perdem a amplitude dos 360 graus que a nossa cabeça, pescoço, tronco, pés e olhos nos permitem.

O olhar centrado no visor fecha o horizonte. O ecrã é demasiado pequeno e pobre comparado com a realidade. Ajuda a conduzir ao enclausuramento da mente num mundo paralelo ao real. Há uma submissão anestesiada que nos afasta do mundo real dos humanos e da Natureza.

Passou a existir uma relação quase indispensável entre o smartphone e o seu dono, tornou-se num prolongamento do corpo humano. É ver a ansiedade com que se ligam os smartphones a seguir à aterragem dos voos de avião para voltar ao mundo e deixar o limbo onde não se existe.

O smartphone não dorme nunca, está em permanente vigília e à espera que o seu portador atente no que tem para lhe exibir. É a antítese do silêncio. Projeta enxurradas comunicacionais para interpelar o possuidor.

O homo tecnologicus não é despertado pelas alegrias ou pelos problemas dos seus concidadãos, vive de estímulos e de assuntos que não o obrigam a pensar. O seu tempo é um tempo fora do tempo.

 Neste mundo cada vez mais narcisista e marcado por um alucinante individualismo, fruto de um neoliberalismo sem alma de que o smartphone é também expressão, a rebeldia está sendo substituída pela doce submissão ao mundo tecnológico. Ou a rebeldia é inerente aos humanos e o que é passageiro passa?

https://www.publico.pt/2023/01/18/opiniao/opiniao/doce-submissao-2035476

Ronaldo morreu no céu da Arábia. O Evangelho segundo Lucas 4.7

Então o diabo levou – o ao alto do monte e mostrou-lhe todos os reinos do mundo. Depois disse-lhe: “Todos estes magníficos reinos e sua glória serão teus porque eles me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser, se tão somente … me adorares”. Lucas 4.7

Lá bem no alto do céu, no interior do luxuoso avião, enviado pelo superpoderoso dono do Al- Nassr, Ronaldo voou em requintada opulência entre prateados e dourados, a caminho do clube que lhe pagará até 2025 quinhentos milhões de euros para jogar futebol. O poder do dinheiro tinha convencido o homem que não queria jogar no United porque achava o clube pouco competitivo.

No estádio do novo clube disse que ia mudar a Arábia Saudita. Não se pode levar a mal que o tenha dito porque é muito provável que no mundo onde vive não faça grande ideia o tipo de vida que se “vive” no Reino da Casa Saud. Apesar de tudo, Ronaldo vive entre a garagem dos seus luxuosos carros e os relvados. O mundo é algo inimaginável para além dos Rool Royce e dos Bugatti e dos Martin e outros.

Vive num condomínio de luxo onde não entra a Polícia que zela pelos costumes (a mutaween), que previne o vício e promove a moralidade, isto é, e zela pela manutenção de um obscurantismo de tipo medieval e pela aplicação da sharia. Tem voluntários que vigiam as ruas do país para confirmar se são cumpridos os códigos ligados ao vestuário e se são rezadas as orações.

Tem poderes para prender quem não cumprir as regras sexuais do Reino e quem consuma álcool; a paranoia chega ao ponto de proibir a compra de prendas no Dia dos Namorados. No reino onde jogará Ronaldo namorar é pecado. Ali os progenitores escolhem os noivos que se casam.

 Provavelmente a namorada de Ronaldo dentro do condomínio não terá de usar o hijab e por ser mulher de quem talvez possa ir ao hospital e viajar sem a autorização de Ronaldo. E nem sequer terá de casar. Basta ser a namorada de quem é.

Porém, talvez aconteça que se ficar doente e tiver de ser sujeita a uma intervenção cirúrgica não seja Cristiano a decidir se é ou não operada.

Pode ser que Georgina possa conduzir, mas as mulheres podendo agora tirar carta de condução não encontram escolas que as recebam e sofrem pressões dos familiares para não conduzirem.

Acresce que as mulheres dos homens poderosos ou ricos não precisam de conduzir, pois têm inúmeros condutores, mas nunca conhecerão quanto pode ser agradável e excitante conduzir um veículo automóvel. Exatamente porque são consideradas seres inferiores, em tribunal o seu depoimento vale metade da de um homem, na sucessão recebem metade.

As mulheres doentes não podem ser examinadas por homens. Não se podem ausentar sem autorização do marido ou tutor que pode ser um rapaz bem mais novo. E na rua sempre acompanhadas por um homem que vai à frente.

Tanto quanto se sabe Cristiano é católico; se ele quiser ir a uma igreja será em vão, pois na Arábia Saudita só há mesquitas. A Arábia Saudita pode contribuir com fundos para construir mesquita, como é o caso da de Lisboa. No seu país não é permitido a prática de qualquer outra religião.

A Arábia Saudita de acordo com a chamada lei islâmica wahabaista aplica a pena de morte maioritariamente com a decapitação por sabre. Nem assim deixou de haver criminosos.

A Arábia Saudita sempre teve desígnios de integrar grande parte do milenar Iémen no seu território e leva a cabo uma guerra de pavor, destruição e morte naquele país que só não é notícia porque o Ocidente ficou com a visão turva e não consegue ver mais nenhuma outra guerra que não seja a da Ucrânia.

A Palestina e o Iémen não existem, nem tão pouco a Resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre o Sahara Ocidental.

Cristiano Ronaldo tem à sua disposição três restaurantes privados e premiados onde ninguém entrará. Terá acesso a cinco carros, um supermercado privado e uma loja com acesso exclusivo, dois ginásios, dois campos de futebol e dois ginásios totalmente equipados.

Ronaldo já está no Céu; morreu, tudo porque lhe estava destinado adorar o seu Deus, conforme Lucas 4,7.

O PS que faz falta

Quando Marcelo comunicou tonitruante na legislatura anterior que se o orçamento não fosse aprovado convocaria eleições, abria a possibilidade de Costa vir pedir a tal estabilidade, clamando para tanto por uma maioria absoluta.

Acreditando, ou indo na maré, o povo português deu ao PS o que ele pediu, atirando para trás das costas as experiências falhadas e de más consequências de anteriores com maiorias absolutas, sendo de referir que deixaram de existir por toda a Europa, salvo nos regimes mais ou menos autoritários.

Com maioria absoluta o PS, livre de constrangimentos, deixou instalar no seu interior uma nova camada social, os que recebem hipersalários, um novo tipo de burguesia endinheirada, e que nada tem a ver com o ideário social-democrata.

São os novos sacerdotes e sacerdotisas do luxo obsceno e que auferem na medida inversamente proporcional às medidas que tomam para castigar os trabalhadores que se julgam detentores de direitos inscritos nas leis da República e que ali estão eles para os desenganar e  mostrar quem realmente manda.

Graduaram-se em mestrados e doutoramentos de musculação contra a “indolente” população assalariada, tendo obtido valores máximos de classificação e garantido desse modo o acesso aos mais apetecíveis lugares do Olimpo dos grandes salários.

Foi a esta gente que o PS franqueou portas, nomeadamente no setor público para que de dentro o possam arrasar para depois entregarem por dez réis de mel coado aos privados, como bem está documentado na economia nacional nos últimos quarenta e tal anos.

A força desta estirpe é enfrentar qualquer ideia de modernidade baseada numa vida ancorada na dignidade humana; nada é mais importante que o lucro, o ser humano está ao serviço das expectativas dos superbilionários e, em última instância, o que deve determinar a economia é essa vocação para que o super-rico se torne ainda mais rico e que dessa montanha de dinheiro escorra para as bases algo que alimente os que se encontram na base da pirâmide.

O PS concorre com o PSD no recrutamento deste tipo de quadros para na sua lógica serventuária aplacar a fúria do grande capital.

Choca que um partido que se reclama da social-democracia, num país com mais de um quarto da população em situação de pobreza, com uma juventude sem esperança de ter habitação e emprego de acordo coma as suas qualificações, tenha em muitos dos seus quadros dirigentes o olhar perdido na vida fácil, a vidinha dos arranjinhos e de amiguinhos tendo entrado na política exatamente para subirem na vida.

A sua mediocridade é tão licenciosa e vivem numa realidade paralela que não são capazes de compreenderem que ao alegarem desconhecerem assuntos que se passam nos ministérios que tutelam os tornam indigentes mentais. Uma estirpe orientada para funcionar como uma guilhotina da esperança humana. É a crise em que está mergulhada a social-democracia e aquilo a que se pode chamar o centro-direita institucional.

A pretendida estabilidade que António Costa pediu para gerir a bazuca esvaiu-se pela incapacidade dos dirigentes socialistas de colocarem o governo ao serviço da resolução dos problemas mais inadiáveis dos portugueses. Como já se sabia a maioria absoluta é um modo de governar a pensar nos interesses partidários e individuais em detrimento da comunidade.

Quase ninguém sabe quem são os ministros apesar de muitos deles se arrastrem pelos ministérios há anos e ninguém ser capaz de se lembrar de algo de positivo que tenham feito.

Parecem terem sido escolhidos pela sua incapacidade e de viverem de notícias por si fabricadas e que os media aproveitam para dar sinal de que existem notícias. Um mundo paralelo fechado em si próprio que vai cavando um fosso mais profundo com a realidade.   

O PR transformou-se em fator de perturbação institucional jogando ao sabor daquilo que considerou na sua célebre viagem de automóvel para Viseu, o seu sonho de ver o PSD no governo com toda a direita. Perdeu-se no meio de tanta jigajoga. O que ele diz é sobretudo pasto para os media se alimentarem.

Costa que viu a sua popularidade subir em flecha com os acordos celebrados com o PCP e BE, enfrenta agora a rejeição de quase metade da população de acordo com as últimas sondagens.

Perdeu fulgor. Como escrevia o padre António Vieira acerca daqueles que se perdiam enganados no canto das sereias deixando-se levar pela corrente e perdendo-se ou em Cila ou em Caríbdis, como já sucedera a Ulisses antes de chegar a Ítaca. Bruxelas não é o Estreito de Messina e Lisboa é a cidade onde de nunca se deve sair para supostamente governar o que não se governará, pois não se sabe o que acontecerá à Europa dilacerada por guerra e interesses alheios a si e que a conduzem para a tragédia.

O certo é que o PS é imprescindível para uma alternativa a esta maioria descabelada, mas seguramente que só será com outro rumo, o rumo de Lisboa capital de um país que se torna urgente renascer de esperança e para todos.   

A MINHA CONCORDÂNCIA COM PAULO RAIMUNDO

Tenho de concordar com Paulo Raimundo, o PCP não vai mudar e quem quiser aproximar-se tem de esquecer os motivos que os levaram a sair. Reconhecerão implicitamente que estavam errados e reaproximar-se-ão, coitados deles que se deixaram levar pelos gabirus que queriam outra coisa que não era o PCP.

 Um dos grandes problemas do PCP não está nos que saíram; está sobretudo nos motivos que os levaram a sair e que se mantêm intactos e que se são considerados por esta direção os traços essenciais definidores da natureza do partido.

O artigo 1º nº2 estatui o seguinte… O PCP é a vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores. O papel de vanguarda do Partido decorre da sua natureza de classe, do acerto das suas análises e da sua orientação política…

 Ora nos tempos que correm, tendo em conta o aumento dos assalariados provenientes de classes sociais designadamente pequenos agricultores e pequenos empresários, de profissões liberais; as modificações operadas dentro das classes trabalhadoras com a criação de novas camadas sociais, a natureza dos trabalhos ligados diretamente à produção fabril; a desindustrialização; a financeirização da economia; o alastramento dos serviços em detrimento da agricultura e da indústria, forçoso será concluir que a classe operária, no sentido histórico, deixou de ter todo o peso que tinha. Hoje já não tem a homogeneidade de há algumas décadas e muito menos do início do século XX. Rosa Luxemburgo, em 1916, em plena primeira grande guerra, defendia que se a classe operária se mobilizasse imporia à burguesia o fim da guerra.

 O artigo 2ºestabelece… O PCP tem como base teórica o marxismo-leninismo: concepção materialista e dialéctica do mundo, instrumento científico de análise da realidade e guia para a acção que constantemente se enriquece e se renova dando resposta aos novos fenómenos, situações, processos e tendências de desenvolvimento. Em ligação com a prática e com o incessante progresso dos conhecimentos, esta concepção do mundo é necessariamente criadora e, por isso, contrária à dogmatização…

É preciso resolver uma questão acerca desta “fidelidade” , a saber, foi com base no marxismo-leninismo, o tal instrumento científico de análise da realidade e com a conceção do mundo necessariamente criadora, que os partidos comunistas dos países socialistas implodiram. Daqui decorre que tendo todos eles guiado a sua política por este instrumento o resultado foi um enorme desastre. Não foi científico, nem criador.

O artigo 16 nº1 declara 1… A estrutura orgânica e o funcionamento do Partido assentam em princípios que, no desenvolvimento criativo do centralismo democrático, respondendo a novas situações e enriquecidos com a experiência, visam assegurar simultaneamente, como características básicas, uma profunda democracia interna, uma única orientação geral e uma única direcção central…

Foi com base nesse tal centralismo democrático e criativo que foram aplicadas diversas sanções a vários membros do partido por expressarem opiniões diferentes das da direção.

Enquanto uma dúzia de dirigentes tiver o poder de selecionar listas fechadas de dirigentes a todos os níveis do partido a base da seleção serão os que esse núcleo escolhe e que o partido aceita porque não tem outra alternativa para os que querem continuar a militar.

Acrescente-se que o centralismo permitiu a Álvaro Cunhal dar uma entrevista ao jornal espanhol “El mundo” contra a direção da altura, afirmando que nela havia elementos liquidacionistas, portanto não respeitando a regra do centralismo. Criativo foi Cunhal que mandou o centralismo pela janela fora.

Com base nestas orientações o grau de atração do partido é  reduzido e será cada vez mais. Estes artigos dos Estatutos são uma forma de blindar o partido a qualquer mudança e de manter a sua estrutura intocada como foi confirmado por Paulo Raimundo, na entrevista ao último Expresso, com todo o prejuízo para o resgate e reconfiguração do ideal comunista.

https://www.publico.pt/2022/12/20/opiniao/opiniao/concordancia-paulo-raimundo-2032035

Lomonosov, Pushkin e Gorki no canil de Dnipro

A guerra na Ucrânia demonstra, como tantas guerras antigas e recentes, a ambição desmedida e a insensatez dos humanos.

A guerra destrói e mata, mas não só. Ela engendra um cortejo de irracionalidades que jazem no lado primitivo do homo sapiens e nesse ambiente de ódio se soltam.

Na cidade de Dnipro a Câmara Municipal decidiu retirar todas as estátuas de um cientista e escritores russos–Lomonosov, Pushkin, Gorki e colocá-las no canil da cidade.

Lamonosov viveu no século XXVII e foi um cientista de reputação mundial que descobriu antes de Lavoisier a lei da Conservação da Matéria/Massas.

Pushkin foi um dos maiores poetas russos de sempre e viveu no século XVIII e XIX, um escritor de renome mundial.

Máximo Gorki foi um dos mais célebres escritores russo/soviético que entre tantos e tantos livros escreveu a Mãe e nos deixou para todo sempre ligados a Pavel e sua mãe Pelágia.

Que têm estes gigantes humanos a ver com a guerra de Putin?

O que esta conduta revela é o ódio absolutamente inqualificável a tudo o que possa ser russo, mesmo sendo do melhor em termos universais que a Rússia deu à Humanidade.

Esta russofobia não ataca apenas as estátuas que serão atiradas para o canil. São um retrocesso ao tempo das bestialidades, da queima de bibliotecas, da destruição de obras-primas de outros povos, das razias, e visam toda a cultura e o humanismo que que estes e outros homens e outras mulheres nos legaram.

É preciso parar este desnorte e respirar a paz cada vez mais urgente.

Homenagem ao Bibota

Em 14/06/1986 o FCPorto sagrava-se campeão contra o Covilhã-

Fernando Gomes marcou um dos golos de forma espetacular.

Em homenagem ao nº9 do Porto reproduzo o poema que então publiquei no jornal A Bola quando Carlos Pinhão fazia a diferença da Bola de então. O jornal é hoje bem diferente. O mundo mudou. Tudo mudou. A alegria pelo golo mantem-se.

 Os que se aproximam e os que se reaproximam, segundo Paulo Raimundo

Paulo Raimundo numa recente entrevista à Lusa reconheceu que há vinte anos teve lugar” um movimento de gente que se afastou por várias razões por oposição a esta ou aquela posição do PCP e passado todo este tempo concluem que este é o partido que apoiam”.

A frase vale a pena ser examinada com algum detalhe. As centenas de quadros/ativistas que se afastaram não o fizeram apenas por esta ou aquela posição tomada pelo partido. É simplificação a mais. No partido conviveram com maior ou menor dificuldade durante muitos anos militantes que não concordavam com posições da direção do partido. Havia um sentimento de que apesar disso valia a pena continuar não obstante a direção seguir um estilo demasiado fechado tanto no plano ideológico como organizacional. Não se abandona um partido por esta ou aquela posição com que não se concorda. Além disso, os anos e anos de militância que vinham de antes do 25 de Abril e que levaram à construção do partido forte e organizado tinham um peso muito grande; não é fácil abandonar algo a que se entregou de alma e coração e que preenchia o ideal que mereceu e merecia tanta entrega.

O problema surgiu de um modo mais acentuado quando foi criado no partido um ambiente político de combate ao chamado liquidacionismo tinha penetrado a direção do partido, segundo Álvaro Cunhal em entrevista a um jornal espanhol.

Só uma tal atitude explica a expulsão de Edgar Correia e de Carlos Figueira e a suspensão de Carlos Brito por um período de dez meses porque na sua opinião o marxismo-leninismo não era indiscutível. Haverá para um comunista, como Carlos Brito, algo de mais ignominioso que convidado a dizer o que pensava sobre o marxismo-leninismo tê-lo feito e a seguir sofrer uma suspensão? Um militante incansável ao serviço do PCP com anos e anos de cadeia e com uma fuga heroica que devia ser um orgulho para todo o partido.

A orientação marxista-leninista da URSS e dos outros países conduziram à implosão daquele socialismo. Não é legítimo a um comunista que se preze pelo futuro do ideal socialista/comunista repensar se aquela ideologia entendida daquele modo pode continuar a ser o alfa e o ómega como é no caso do PCP?

Antes do 25 de Abril com a concordância da direção recrutei ativistas para a UEC que não eram marxistas-leninistas, mas concordavam com o Rumo à vitória que constituía o programa do partido.

Se se tiver em conta as várias declarações na ocasião que foram decididas as sanções e nos anos seguintes já com Jerónimo de Sousa como Secretário-Geral a direção sempre desvalorizou os que saíram afirmando que saíam alguns e entravam muitos mais.

Tratou-se de um processo de limpeza dos quadros “pouco seguros” substituindo-os pelos “absolutamente seguros”, muitos deles com uma experiência política traduzida pela participação na luta pela “limpeza” de muitos dos quadros que tinham feito com a direção clandestina a transição para o grande partido de mais de duzentos mil membros. 

Este foi o processo de combate ao Novo Impulso e que levou ao afastamento de centenas e centenas de quadros e ativistas do partido e não o facto do partido ter tomado esta ou aquela posição.

A frase contém ainda uma posição enviesada acerca da falta que faz quem não está no partido.

Nela está implícito que são os que saíram que de certo modo têm de se reaproximar se quiserem considerar o PCP como a sua casa. Não há por parte da direção qualquer gesto quanto à sua aproximação ou reaproximação dos que que poderão eventualmente fazer esse caminho. O caminho a fazer é dos que saíram e concluir que o PCP é o partido que apoiam, se bem que apoiar seja diferente de militar.

Há, porém, uma novidade, enquanto para Jerónimo não faziam falta e os que entravam eram mais do que os que saíam, Paulo Raimundo afirma que esses que saíram ou foram obrigados a sair- acrescento – fazem falta. Será um passo? A prática o dirá. Mas pedir para se reaproximar sem que a direção do partido mude uma linha é um exercício impraticável. Para preencher faltas, lacunas que existem e existirão (mesmo que reentrassem todos os que saíram) é necessário um espírito de maior abertura. Não pode ser um movimento de sentido único.

Acresce qualquer ideal/projeto tem de se adaptar e de se renovar no tempo. Desde sempre e mais agora com a aceleração do tempo. Ademais, num momento tão complexo e difícil para todos os progressistas e comunistas, é certo e seguro que para levar a cabo a empreitada não há comunistas a mais, todos serão poucos.

 Só a coragem pode dar outro rumo e tentar inverter as perdas constantes de influência no recrutamento de militantes, no terreno social e eleitoral face ao elevado grau de dificuldade que os comunistas enfrentam em Portugal e em todo o mundo. Falta saber se a coragem vai vencer o imobilismo e o dogmatismo. Se vencesse seria um bom contributo. Até para construir a casa comum dos comunistas. É que faz falta.

https://www.publico.pt/2022/11/24/opiniao/opiniao/aproximam-reaproximam-segundo-paulo-raimundo-2028864