O sofista e beato Marcelo

A República portuguesa é laica. A opção religiosa diz respeito a cada cidadão, incluindo a do mais alto magistrado da nação.

A Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, já não lhe bastava andar por aí a beijar as mãos dos cardeais e outros que tais.

Os seus alicerces político/ideológicos não se afundaram nas brumas da memória. Estavam sossegadas em profundas placas da mente de Sua Excelência.

A agitação criada com os crimes de violência sexual praticados por responsáveis religiosos em todo o mundo tem abalado a Igreja Católica e pelos vistos repercutiu-se no subconsciente do Presidente do modo mais primário, incompatível com a sua inteligência e compatível com o arreigado pendão ideológico de defesa das suas fidelidades. Tenha-se presente o sonho de ver Montenegro a Primeiro-Ministro.

Marcelo tem o destempero de considerar quatrocentos casos de pedofilia como insignificantes e horas depois eram insignificantes porque achava que seriam muitos mais, tal a confiança na Igreja.

O velho filósofo Sócrates, a quem muito devemos, fustigava os sufistas que eram capazes de inventar tudo para fazer valer a injustiça sobre a justiça. Marcelo que nunca se cala claramente está a padecer de prodigalidade em matéria ideológica; já perdeu o sentido da missão conferida pelo povo português para cumprir e fazer cumprir a Constituição.

A sua fé católica não o deve fazer cegar, ele é o Presidente da República portuguesa, não é advogado da Igreja católica, nem o sufista encarregado de branquear e ao mesmo tempo enegrecer a sua fé nos padres e bispos portugueses considerando que os vindos a público eram insignificantes face a milhares que Sua Excelência achava terem acontecido. A prodigalidade palavrosa é uma marca indelével de MRS.

O sufista e beato Marcelo

A República portuguesa é laica. A opção religiosa diz respeito a cada cidadão, incluindo a do mais alto magistrado da nação.

A Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, já não lhe bastava andar por aí a beijar as mãos dos cardeais e outros que tais.

Os seus alicerces político/ideológicos não se afundaram nas brumas da memória. Estavam sossegadas em profundas placas da mente de Sua Excelência.

A agitação criada com os crimes de violência sexual praticados por responsáveis religiosos em todo o mundo tem abalado a Igreja Católica e pelos vistos repercutiu-se no subconsciente do Presidente do modo mais primário, incompatível com a sua inteligência e compatível com o arreigado pendão ideológico de defesa das suas fidelidades. Tenha-se presente o sonho de ver Montenegro a Primeiro-Ministro.

Marcelo tem o destempero de considerar quatrocentos casos de pedofilia como insignificantes e horas depois eram insignificantes porque achava que seriam muitos mais, tal a confiança na Igreja.

O velho filósofo Sócrates, a quem muito devemos, fustigava os sufistas que eram capazes de inventar tudo para fazer valer a injustiça sobre a justiça. Marcelo que nunca se cala claramente está a padecer de prodigalidade em matéria ideológica; já perdeu o sentido da missão conferida pelo povo português para cumprir e fazer cumprir a Constituição.

A sua fé católica não o deve fazer cegar, ele é o Presidente da República portuguesa, não é advogado da Igreja Católica, nem o sufista encarregado de branquear e ao mesmo tempo enegrecer a sua fé nos padres e bispos portugueses considerando que os vindos a público eram insignificantes face a milhares que Sua Excelência achava terem acontecido. A prodigalidade palavrosa é uma marca indelével de MRS.

Coitadinho do passo preso à perna sem ordem de soltura

A moda do passo e da perna made in Centeno pegou e quer António Costa, quer Fernando Medina lá vão nos seus passos ter com a perna, a qual segundo esta liturgia tem de ter um tamanho que em que o passo nunca poderá ultrapassar a perna, como se não fosse a dita perna a dar o passo, colocando uma questão que Platão não imaginou, nem o seu venerado Sócrates, ou seja, pode uma perna dar um passo maior que aquele que dá?

Esta questão é tremenda e até hoje nenhuma escola política/filosófica foi capaz de resolver.

Em tempos idos um homem nascido em Santa Comba Dão aproximou-se deste intricado problema apresentando ao país subjugado uma versão em tudo similar, mas muito mais terra a terra, sem que se deixe de ter em conta que os passos curtos ou compridos assentam sobre a terra.

Ele, no seu jeito de chefe de família sem nunca o ter sido, por se ter casado com Portugal, criou as chamadas contas certas. A rubrica das despesas batia sempre certinho com a das receitas e para tanto um copinho de vinho e um punhado de azeitonas dava o sustento e uma casita pobrita e caiada constituía o ninho onde podiam repoisar os milhões de portugueses, salvo quando tiveram de ir bater com os custados na guerra colonial. Tudo certinho com as continhas que o homem do rol zelava por tudo e todos.

As contas certas inventadas pelos eurocratas de Bruxelas para amarrem os países periféricos a serem-no eternamente não são bem contas, são contos para adormecer.

Na verdade, as únicas contas certinhas (e mesmo assim há quem duvide) eram as dos primórdios do homo sapiens que trocava um animal por outro animal diferente e tudo ficava certinho. Quem diz um animal diz um machado de sílex por instrumentos semelhantes.

Imagine-se no mundo moderno um empresário que empreende dar o seguinte passo – pede o que não tem, contrai um mútuo para investir e dar um passo muito maior que a antiga perna e sair-se bem. Elon Musk tem pernas até onde todos têm, mas não tem passo para comprar o Twitter e de passo dá o passo muito maior que as pernas e um sindicato bancário empresta-lhe o vil metal, milhares de milhões de dólares, que grande passo.

Como vemos as contas certas, o passo não ser maior que a perna, não passa de uma “justificação” para que os que vivem dos seus vencimentos se vejam interditados de melhorar as condições de vida.

Isto é, enquanto a alguns é facilitado que quanto maior for o passo de gigante melhor é para a economia, para todos os outros o passo tem de ser como o das gueixas, muito curtinho, para que a economia só prospere para os gigantes de perna longa.

A economia fabricada por Bruxelas de que Costa é seguidor (sabe-se lá porquê) vai espremendo os muitos que geram muito, e o que daí resultar serve para que o passo nada tenha a ver com a perna; dito de outro modo todas os passos vão servir para as pernas gigantes como as de Musk ou similares.

A UE quer passinhos para os povos respetivos e verdadeiros papa léguas para os que têm a fome por quase toda a Humanidade. Por isso, um por cento têm tanto quanto cerca de metade da Humanidade.

Passos para a diminuição de rendimentos ou contas certinhas são a mesma patranha para justificar que uma meia dúzia de tubarões enriqueçam à tripa forra e todos os outros desde 2009 vejam, todos os dias graças a esses passinhos, a vida a piorar.

https://www.publico.pt/2022/10/10/opiniao/opiniao/coitadinho-passo-preso-perna-ordem-soltura-2023396

Marcelo no Chipre sem G3 e blindados para o ocupado

Em junho de 1974 a Turquia ocupou a parte Norte do Chipre. O pretexto foi a opressão da comunidade cipriota turca, minoritária face à cipriota grega. A ocupação foi condenada pela comunidade internacional. O ocupante é membro da OTAN. Até hoje mantém a ocupação e a Turquia é parceiro privilegiado do Ocidente impondo à Finlândia e à Suécia condições draconianas para entrarem na OTAN, designadamente quanto à perseguição dos curdos por parte do governo turco.

Na Europa os cidadãos que conhecem a amputação do Chipre são uma ínfima minoria. Ninguém fala da ocupação. A Turquia é um dos nossos. O Sultão da Turquia é muito bem visto por estes lados. Os amigos ocidentais (mesmo sendo em boa medida orientais) que ocupam países enteados, são bem aceites, são coisas da vida devido à localização do Chipre ao lado da Turquia. Que o diga Israel que não só pode ocupar os territórios palestinianos como anexar os Monte Golan.

O Chipre é um país milenar onde se diz ter nascido a deus do amor, Afrodite. É um porta-aviões no meio do Mediterrâneo frente à Síria, Israel e Líbano. Foi dura a luta contra os ocupantes ingleses, a opressão e a repressão foram violentas.

Apesar de pertencer à UE a ocupação do Chipre não mexe em nada com os sentimentos da Sra. von Leyen, nem do Sr. Borreli, nem do senhor professor Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República. Estão ocupados, pois que fiquem, quem os mandou serem uma ilha com fortíssima influência grega? Quem vai fazer uma guerra por causa de Chipre?

Marcelo e os dirigentes europeus passam pelo problema cipriota como raposa em vinha vindimada. Assobiam. Foi o que fez Marcelo. Disse que havia um problema.

É um exemplo da tremenda hipocrisia dos dirigentes políticos da UE. São contra as ocupações de países como por exemplo a Ucrânia porque como todos os dias vemos podem enfraquecer a Rússia, o que não convém fazer à Turquia que é um regime muito parecido com o da Ucrânia e da Rússia, mas que é um aliado.

É esta duplicidade que mata o direito internacional e faz os cidadãos descrerem nos dirigentes que todos os dias inventam todos os pretextos para proteger uns em detrimento de outros.

Como pode doravante Marcelo falar da solidariedade à Ucrânia quando no Chipre ocupado, acompanhado por Cravinho, não levou no bornal uma fisga para os jovens cipriotas atacarem os tanques turcos. Triste mundo.

P.S. Marcelo quando lhe dá jeito alega que no estrangeiro não comenta a situação política portuguesa. Deve ter tido uma espécie amnésia e pensado que estava em Lisboa tão longe de Nicósia e tão perto da linha de ocupação. Podia lá estar calado tendo o sonho que tem de ver o Montenegro em S. Bento.

Fim ou recomeço da História?

O tempo da política acelerou e vivemo-la a nível vertiginoso. O mundo mudou com a implosão soviética. A invasão do Iraque culminava esse tempo de unipolaridade com os EUA como única superpotência. Era o chamado fim da História.

Só que a aceleração da História veio estilhaçar os que pretendiam fechá-la no cofre do tempo, como se fosse possível parar o tempo.

Afinal os EUA/OTAN, apesar de todo o seu poderio, não conseguiram vencer os talibans no Afeganistão.

Por outra banda, a maré neoliberal, que hoje agita o mundo e em muitos países se afirma vitoriosa, encheu-o de diabólicas impiedades, maior concentração de riqueza, um por cento da população tem quase metade de toda a riqueza produzida e a miséria, a fome espalharam-se por todo o Sul do Planeta. As naves vão ao encontro de Marte. Os telescópios descobrem o Universo profundo. E, no entanto, centenas de milhões de seres humanos não têm acesso a água e cerca de  mil milhões vivem com menos de um dólar por dia.

As classes médias seguem o caminho do assalariamento. As próprias profissões liberais vivem próximas da uberização. O mundo ocidental não escapa a esta viragem, mas a pauperização absoluta não se tornou realidade. O sistema precisa na sua dinâmica que os assalariados aguentem o consumo para que a produção siga o seu ciclo.

O sistema já não enfrenta o “socialismo” dos países socialistas, sente-se livre. Paradoxalmente as alternativas ao sistema dominante entraram numa espécie de hibernação.

As democracias não estão a ser capazes de responder aos desafios atuais. Às escâncaras assumem que não haverá emprego, nem saúde, nem habitação, nem escola pública, nem justiça, nem ambiente saudável porque o Estado tem de dar a vez aos privados.

Nos media, sobretudos nos canais televisivos, a intoxicação das mentes é em doses cavalares. O dogma ganhou foros de consagração quase religiosa, quanto mais ricos forem os ricos, melhor estarão as populações, mesmo quando vivem pior.

A vida comunicacional tem o dever de fazer sentir que a vida está má porque as pessoas não querem viver e lutar para estarem melhores. Se quiserem façam tudo, mas tudo para saírem da cepa torta, haverá quem consiga e os que não conseguirem não mereciam, é o reino da meritocracia, só poucos triunfam nesta guerra contra tudo e todos.

Nesta base as aspirações dos cidadãos a uma vida digna e decente não cabem nas baias das sociedades atuais. Tanto faz que governem os socialistas como os liberais como até a extrema-direita, seja Orban, Meloni ou os suecos do Partido Democrático, que não se notam grandes diferenças. A corrupção toca em todos eles. Os partidos marxistas perderam-se entre o dogmatismo e a claudicação. Não foram capazes de resgatar e reconfigurar o ideal do socialismo que foi seriamente abalado com a implosão socialista.

A UE rendeu-se ao monetarismo neoliberal e ao militarismo da OTAN. Nada tem a propor de diferente face às correntes mais dogmáticas do comércio livre, mesmo quando se aprisionam em termos de fornecimento de energia, aceitando que o Tio Sam destrua os pipeline que poderiam constituir uma saída para a crise.

Estes governantes europeus aceitam tudo desde que as ordens venham de Washington. Mesmo quando substituem os acordos de venda dos submarinos franceses à Austrália pelos dos americanos. E até aceitaram tratamentos discriminatórios quando a França e a Alemanha não apoiaram a invasão do Iraque.

O tempo novo já não vai buscar ao velho arsenal o fascismo tal como ele se impôs, visa um certo tipo de “fascismo democrático” livre dos aspetos mais brutais e assente num anestesiamento da sociedade fechando-a em relação aos horizontes possíveis. Neste arsenal já cabem os partidos da extrema-direita ou fascizantes. É de assinalar a convergência entre Marcelo e Montenegro quanto à hipótese do Chega fazer parte de uma solução de governo à direita.

O sistema perdeu o pudor e os racistas, xenófobos e fascizantes já podem ser parte da governação, mesmo quando as Constituições o interditam. A lei só é dura se não se colocar no meio do caminho como obstáculo.

Talvez valha a pena pensar no que se vai seguir. Vão os povos seguir em manada para o matadoiro ou haverá sempre uma candeia, mesmo na noite mais escura?

A guerra está às nossas portas. Está a ser um assunto de ameaças entre os EUA e a Rússia, embora quem a sofra seja o povo ucraniano. Os EUA estão prontos para o combate contra a Rússia até ao último ucraniano.

Putin lamentou a queda da URSS, mas não segue o compromisso da URSS de nunca ser o primeiro país a utilizar armas nucleares.

É preciso acordar e pegar no futuro e fazer a História. Haja quem saia a terreiro a exigir paz, antes que seja tarde. A razão, a sensibilidade e a paixão humanas podem vencer a irracionalidade, o militarismo, o racismo a brutalidade e o fascismo com verniz democrático. Mas só se quisermos.

RONALDO E SANTOS Lda

Começando por Ronaldo: parece um daqueles viciados em jogo. Daqueles que dizem a si próprios que vão ao casino pela última vez e ganhar para depois largar a adição ao jogo; como é dos livros a situação arrasta-se até pedirem, quando pedem, que os proíbam de entrar nas casas de jogo.

Ronaldo quer jogar e marcar para ressuscitar porque aparentemente não está a saber passar de melhor do mundo para um jogador ainda com muitas capacidades. Claro que se o problema fosse só dele a coisa não tinha grandes consequências.

O mal está em Cristiano transportar para os clubes essa sua ânsia de ser o que já não é e vai “envelhecendo” com muito má catadura.

No Manchester passou os meses de preparação à parte como se fosse muito mais importante que a equipa. Foi o que se viu, está sem ritmo e quando quer fazer o que fazia não consegue. Não aceita que não é o que foi. Entretanto, sendo o que ainda é, pode continuar a ser um grande jogador, inserindo-se como os outros no coletivo da equipa. Espero que não vá acabar mal. Precisaria de ler, se lesse, O Jogador de Dostoievsky. Adiante.

Santos é a terceira vez que lhe bastaria um empate e perde. É suficiente para se dar conta que nestes tempos de seleção lhe falta o fundamental de um líder – a coragem.

Santos não tem a coragem de tirar Ronaldo. Não tem coragem de ir para cima dos adversários e ganhar, tendo à sua disposição um naipe de jogadores que só duas ou três seleções de todo mundo têm.

Olha-se para o Sr. engenheiro e descortina-se, na sua própria linguagem corporal, um medo retorcido, do género de alguém que não sabe bem o que há de fazer e gesticula sem sentido, entre o faz de conta e o armado em sério.

Santos neste momento diz umas coisas que já são um disco riscado e que ao repeti-las ainda torna mais vazio o seu perfil de líder.

Santos trata bem do seu futuro e depois de mais esta derrota quando bastava “ferir” a Espanha com um empate lá foi dizendo que tem contrato até 2024, como se não se soubesse.

A sociedade Ronaldo/Santos não funciona. Ronaldo e Santos já não são o que eram.

Ronaldo anda perdido na metade atacante do campo à espera que lembrem que ele está ali, caso contrário ninguém dava por ele; quando se lembram dele espirra o taco e lá se perde a oportunidade.

Com a Espanha e com a Chéquia foi um desatino. Ele ainda pode dar muito à seleção, mas não é a partir de um pedestal, terá de ser a partir das suas possibilidades que ainda são muitas, mas não a partir daquilo que ele já não é, por mais cabriolas que ainda saiba fazer.

Haja alguém que diga a Ronaldo que ele não é a seleção e talvez não seja o capitão que Portugal precisa. Só um menino que é dono da bola atira a braçadeira daquele modo para o chão. Tem de mudar de braço.

Santos quer ficar até 2024 porque o melhor está para vir. Assim não virá. O medo é bom conselheiro, mas não pode ser impeditivo de Portugal jogar como pode e deve com a categoria dos jogadores que tem e que dão cartas na Europa e no mundo.

Ronaldo também está à espera da juventude que não virá. Santos à espera de um pontapé na sorte como foi o do Éder no Europeu de 2016.

E, como não podia deixar de ser, Marcelo comentou, o que é muito raro, dada a sua falta de loquacidade, só pela complexidade do tema se pronunciou – se o povo tem sempre razão, tinha ele dito antes, agora sobre a seleção, por que razão não haveria o senhor engenheiro de ter razão? E lá lha deu.

À espera, à espera estamos todos nós para que isto mude e não só no futebol.

O QUE É ISSO DO POVO TER SEMPRE RAZÃO? COM SONASOL?

Foi preciso ir para a Califórnia para descobrir que o povo tem sempre razão, aliás, declarando sem razão, como se viu, que não fazia comentários políticos sobre as eleições italianas, não fazendo outra coisa com declarações tão cheiinhas de narizes de cera que até mete impressão.

Mas o mais importante desta descoberta é ela ter surgido ao mesmo tempo com a do líder do PSD. Uma na costa do Pacífico a fazer de conta que joga baseball e outra cá.

Parece que ambos querem limpar o Chega e a IL e fazer o PSD dar o braço àqueles partidos para formar governo. O povo tem sempre razão, é agora o slogan do PSD e de Marcelo Rebelo de Sousa.

Uma coisa é o povo escolher livremente os seus representantes, outra é passar uma garrafa de sonasol no programa político de Meloni/Salvini/Berlusconi.

O facto de o povo italiano ter dado maioria àqueles partidos não apaga o passado de corrupção e brutalidades de Berlusconi, nem o caráter xenófobo de Salvini, nem a defesa do fascismo por parte de Meloni.

Aceitar os resultados eleitorais não impede que se denuncie que esta Santa Trindade não augura nada de bom para a Itália, nem para o mundo. Ponto.

Preocupa que o falhanço da política neoliberal não tenha gerado à esquerda uma alternativa e as populações vejam naqueles que se dizem opor ao sistema (sendo seus defensores a todo o custo em dimensões ainda mais desumanas) a alternativa que na realidade não é.

A existência de um certo oportunismo social faz com que se faça a experiência a ver o que dá. Tal como sucedeu com Trump e Bolsonaro. Não é só na Itália, a extrema-direita está hoje presente em quase toda a Europa, recentemente à medida que os socialistas se confundem com os neoliberais deixam de ser a alternativa, são quase similares, como se viu na Suécia que até em matéria da defesa dos direitos humanos e de uma política de paz afunilam para a OTAN.

Uma coisa é respeitar o voto popular outra é considerar que o povo tem razão votando numa herdeira de Mussolini. São coisas diferentes, como bem sabem Marcelo e Montenegro. O que os leva a descobrir o que já estava descoberto é o sonho confessado de Marcelo de fazer chegar Montenegro a São Bento o que o faz fundir os fusíveis, como nos vem habituando, o que não quer dizer que tenha razão, apesar dos seus resultados eleitorais.

Homo sapiens ou homo demens?  

A esquizofrenia da guerra.

Cada geração vive a seu modo o seu tempo. Tive a suprema felicidade de participar vitoriosamente na luta pelo derrube da ditadura fascista e de assistir à vitória dos povos submetidos ao colonialismo português; assisti a mudanças quase inimagináveis no mundo, a implosão do socialismo na URSS e logo de seguida a libertação de um gigante que deu pelo nome de Mandela.

Outros acontecimentos de um significado relevante foram destruindo o velho mundo e criando bases de um novo onde paradoxalmente  a força está a ser o único critério para avaliar as condutas, tal como aconteceu na guerra da Jugoslávia, na invasão do Iraque, na destruição do Iémen e agora a invasão da Ucrânia.

Vivi o sonho e vivo o pesadelo de um mundo que ganha as novas gerações para a ideia da competição à outrance, como se em substituição do homo sapiens fosse gerado o homo demens na linguagem clarividente de Edgar Morin.

Um mundo quase esquizofrénico tão assustador cujos governos aplaudiram a invasão do Iraque e agora se levantam em armas contra a invasão da Rússia para proteger um governo de corruptos a começar no seu Presidente apanhado nos Panama Papers e a acabar numa entourage de oligarcas oriundos da mesma cepa que domina em Moscovo.

Um mundo incapaz de dar comida e água a mais de metade do mundo e em que um por cento das pessoas têm quase metade de todos os rendimentos do Planeta. É este o mundo que o chefe do Vaticano denuncia no livro Fratelli Tutti, mas que os crentes católicos deitam os olhos ao chão e fazem de conta que não veem e não ouvem.

Não é decifrável para onde caminhamos com a invasão da Ucrânia, a escalada suicida decorrente da estúpida necessidade da Ucrânia/OTAN e Rússia de afirmarem que irão vencer o conflito.

O homo sapiens afirma-se como homo demens na feliz expressão de Edgar Morin. Sem dúvida, o mundo encontra-se à beira de um abismo a todos os níveis e que a falta de coragem para enfrentar o desafio faz com que a Humanidade anda a toque de caixa de um conjunto de dirigentes alheios ao destino dos humanos e do próprio Planeta.  

No novo milénio, onde estamos, a força não pode ser o critério para regular as relações entre Estados e nações.

Não se pode aceitar a invasão iraquiana e ao mesmo tempo desencadear um conjunto brutal de sanções conta a Rússia que por sua vez estão a transformar a vida dos que trabalhadores num inferno devido ao aumento do preço dos combustíveis, eletricidade e gás.

Não se pode aceitar a anexação dos Montes Golan da Síria e repudiar a anexação dos territórios ucranianos de larga maioria russófonos. O direito internacional não é uma linha que se torce em função dos interesses de cada um, ou seja, os crimes do imperialismo dos EUA/OTAN são para apoiar e os da Rússia são para escalar até à beira de uma guerra mundial.

A UE e os EUA não estão a combater pela democracia na Ucrânia pela simples razão de a Ucrânia não cumpre os requisitos de um regime democrático, sendo os seus oligarcas tão corruptos como os da Rússia.

O que o imperialismo estadunidense aliado ao imperialismo europeu estão a fazer é aproveitar a invasão russa para tentar derrotar a Rússia e apoderar-se das riquezas da Eurásia, região decisiva para o futuro mundial.

A invasão da Ucrânia insere-se numa resposta imperialista a ou outro tipo de política imperialista conduzida pelos EUA/OTAN para o domínio dos países que antes faziam parte da URSS fazendo-os entrar na sua área de influência, mesmo contrariando os acordos celebrados aquando da implosão da URSS.

O que espanta é a quase total ausência de vozes (exceção feita ao Papa Francisco) para lançar propostas no sentido de encontrar uma solução política que permita à Ucrânia, à Rússia e ao conjunto da Europa encontrar políticas de segurança que satisfaçam a todas as nações e povos do continente. Já não há na Europa quem se atenha à defesa da paz? Os que defendem a paz rendem-se à propaganda de guerra dos que afirmam que vão vencer porque a Rússia não tem combustível para os tanques ou armas capazes de se baterem com as da OTAN? Ou são incapazes comparados com aqueles que fugiram a sete pés do Afeganistão não há muito tempo?

A UE pode prescindir do gás russo, mas vai ter de o ir buscar a algum sítio, perde a UE e a Rússia e fácil é ver o quanto ganham os EUA.

A ideia defendida por Biden e os vassalos da UE de que a solução para o conflito é militar é próprio de gente irresponsável a raiar o homo demens, a decadência de uma civilização incapazes de encarar o futuro onde todos os povos possam coexistir com as suas aspirações próprias que não têm de ser as mesmas, pois a Humanidade será sempre diversa sob pena de perecer.

Não se pode aceitar a invasão da Ucrânia, que tem de ser condenada. Uma vez que aconteceu ou se negoceia uma solução ou se escala a guerra (que neste momento é cada vez mais uma guerra da OTAN com os ucranianos a servirem de carne para canhão) para patamares cada vez mais elevados e que a continuarem nestes moldes acabarão por envolver a Europa direta ou indiretamente e a forte possibilidade de utilização de armamento nuclear tático, o que será o passo diabólico para outro patamar.

Cada um deve assumir as responsabilidades e responder a esta questão: já não é possível uma solução política ou ainda é?

Isto significa que cada governo em vez de seguir o capataz da manada deve pensar pela sua própria cabeça e saber se o melhor para cada país europeu é uma solução pacífica, mesmo não sendo a melhor e eventualmente mais justa ou escorregar para o abismo?

O que a Humanidade tem de melhor- jovens, mulheres e homens lúcidos e justos- não se devem deixar encurralar na lógica de guerra e ficar atrelado a esse carro; é preciso que a justiça encaixe na racionalidade e se assuma que um acordo é mil vezes melhor que uma vitória sobre escombros de um conjunto de países ou continente(s).

E a defesa deste ponto de vista não visa absolver a condenação da brutalidade da invasão russa; visa antes de tudo que não entremos por um túnel de onde já seja impossível sair.

Aos que apregoam a vitória seja de um lado, seja de outro, a melhor arma é a não entrar nessa escalada e antes que seja tarde e permitir ao cabo destas dezenas de milhares de anos que o homo demens prevaleça sobre o homo sapiens que um pouco por toda a Europa está a levantar a cabeça e a ressuscitar os diabólicos propósitos do fascismo.

A sustentável leveza do documentário de Sofia Pinto Coelho

Um documentário é algo relativo a documentos ou a situações vividas e que são relatadas a partir de elementos verosímeis do ponto de vista da estrutura do que é narrado.

Sofia Pinto Coelho a partir de um conjunto de elementos ou dados da vida de um homem e do seu relacionamento propõe-nos na linguagem cinematográfica dar-nos a sua visão de uma parte da vida de Daniel, cidadão mulato nascido em Cabo-Verde que vem estudar em Portugal e vai como como técnico agrícola trabalhar em S. Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.

O que nos revela através da sua câmara prende-nos e essa é a primeira virtude do Daniel e Daniela.

Desde o início que Daniel é uma personagem – a pose, a eloquência, a vida , o relacionamento com a filha Daniela, a gravitas ou a leveza do que diz vão enchendo o documentário e “agarrando” o espectador.

Parece que Sofia Pinto Coelho pretendeu através de Daniel e Daniela revelar um documento escorreito da personagem e de tudo o que a rodeou e que não foi pouco – a luta de libertação dos povos das ex-colónias portuguesas na sua grandeza e nas suas misérias.

Daniel dá-nos a visão dele e de algum modo o distanciamento de sua filha em relação a esse mundo; em diversos diálogos entre as duas personagens é visível quão são diferentes os dois mundos ligados por um amor incontornável entre aquele pai e aquela filha e até na passagem pela Guiné-Bissau entre a mãe e a filha Daniela.

As viagens por Cabo-Verde, S. Tomé e Guiné-Bissau numa espécie de peregrinação para que a fila mulata saiba de onde veio tem o seu quê de divertido e até uma certa leveza, mas isso é a força do documentário. Daniela desarma o pai quando este do pedestal de um homem “sábio” não compreende o mundo dos jovens como o da sua filha tão distante do mundo da sua juventude. Ela “só” quer ser médica, enquanto Daniel sonha com outros voos para Daniela.

Sofia maneja a câmara de modo a proporcionar-nos o melhor dos diálogos e a beleza daqueles países africanos, desde logo os vários crepúsculos desde o equador aos trópicos e a luxuria verde de S.Tomé, a paisagem lunar de Cabo-Verde , as suas estradas inóspitas e há um momento em que nos consegue pôr a viajar dentro da Hyace que sobe os pequenos planaltos do país.

O que nos queria contar contou e coloca-se a vela questão da arte – e o modo como contou fez-nos pensar no tempo, no fim do documentário ou manteve-nos amarrados ao que se passava no ecrã?

A mim manteve-me preso ao que ia mostrando. Desde o tempo brutal do colonialismo, ao da libertação, ao dos erros do processo e ao tempo de um homem que viveu com toda a força e nos mostrou como vive entre muitas outras coisas com a sua filha Daniela.

Ele amante de livros, possuidor de uma biblioteca extraordinária, é obrigado a descer â terra e dar conta que os eu amor pelos livros não diz grande coisa à filha, mas o seu amor e o dela estão para além disso, é a vida de um a acabar e a de outra no seu esplendor. Quando Daniel deu o nome à sua filha Daniela talvez desde esse momento se escrevesse o amor que os haveria de marcar como nos conta o documentário.

Isto vale um documentário? Não há receituários acerca das complexidades daquilo que é o mais simples, a vida.

Não é preciso peso para que um documentário seja um exemplar da boa arte cinematográfica. A leveza das pessoas e das coisas é uma arte.

A RÃ E O ESCORPIÃO

No tempo em que os animais falavam aconteciam coisas extraordinárias como aquela em que um escorpião pediu à rã para atravessar o rio nas suas costas e, como se sabe, contou mais tarde o escorpião muito falador, acabou por picá-la. C`est la vie, dir-se-á em tempos de salve-se quem puder, coitadinhos dos que não têm ferrão.

António Costa em 2015 alegou que era necessário um tempo novo. Durante o seu primeiro governo não se pode, em abono da verdade, falar de um tempo novo, mas foi possível vislumbrar o que seria um tempo novo, ou seja, um tempo diferente daquele PS/PSD/CDS nos habituaram, um tempo de repartição de sinecuras entre os destinatários da governança e de apoio à gente do dinheiro que se declaram a favor de um Estado mínimo, mas com o máximo de apoios públicos aos seus empreendimentos.

 Um tempo novo seria o de atenção para com os mais desfavorecidos, de lisura, de transparência, de honradez em vez de cupidez e corrupção, de palavra respeitada face à palavra dada. Como se sabe, esse tempo anunciado finou; outro veio em que a estabilidade era o tudo para permitir a Costa prosseguir o caminho da bazuca.

Não é preciso os animais falarem para dar conta que a maioria absoluta traz cada dia novas instabilidades e o regresso à pior matriz do PS a mandar “nisto tudo” e sem travões na AR. O PS do tempo velho está de regresso, até na Saúde.

O empobrecimento dos portugueses levado a cabo por Passos/Portas/Montenegro quando formaram governo volta ao quotidiano dos portugueses que vivem muito pior desde que o PS passou a governar só.

 Agora com a bênção de Marcelo e o seu elogio ao líder do PSD que ele quer ver a Primeiro-Ministro, segundo a revelação na famosa viagem a caminho de Viseu ao volante e sem azinheiras para configurar uma revelação quase divina.

As medidas anunciadas com toda a pompa a fim de enganar os papalvos vão exatamente em sentido contrário ao anunciado. Em outubro, os portugueses receberão mais 125 € e a partir daquela data é só empobrecer, pois até a palavra dada é desrespeitada e não haverá a atualização das pensões de acordo com a taxa de inflação.

 Lampeiro Marcelo o que disse? Que estava bem, mas que podia não estar e quem tinha estado bem era o líder do PSD, que também acha que sim, mas que não, devido às duas caras do feijão careto ou frade, conforme as terras.

Sempre que o PS governa em maioria absoluta ou similar as questões essenciais como o Ensino e Educação, Saúde, Segurança Social e Justiça esbarram com interesses privados que encontram na direção do PS uma tendência para lhes satisfazer os apetites, em claro contraste com a tendência para tornar a vida dos que vivem do rendimento do trabalho mais difícil. Até hoje foi sempre assim, salvo quando houve a geringonça.

O PS fechou-se ao clamor dos trabalhadores dos mais diversos ramos da produção tanto material como espiritual. Segue o tempo velho que levou ao desastre o Partido Trabalhista no Reino Unido e o PS francês e os PPSS da Internacional Socialista.

Lamentavelmente para António Costa é mais importante o poder dos mercados financeiros, sem qualquer escrutínio, que as aspirações legítimas dos seus eleitores, originando cá, como em toda a Europa, a mesma política do garrote, a crise de distanciamento das populações das instituições que na sua lógica os esmagam com uma vida cada vez mais difícil, num país onde mais de um terço da população é pobre e os muito ricos cada vez mais ricos. Este é o programa dos social-democratas ou dos liberais?

Os entusiastas da desregulamentação do mercado energético na U.E. (comandados à distância por certos interesses dos EUA) obrigam os povos da União a sacrifícios brutais em contraste com os lucros sem medida das empresas que dominam o mercado. Nem aqui o PS assume a coragem de taxar lucros desmedidos.

No vértice do Estado à vista desarmado tudo parece beijinhos e abracinhos, pois. Claro porque agora os animais falam muito pouco, mesmo nada, estão sem língua.  Se falassem contariam a história de um líder do PS que era Primeiro-Ministro e que por mero acaso se encontrou na Autoeuropa com o Marcelo que estava hesitante se havia de se candidatar a PR e dizem os sapos que assistiram que ficou combinado o PS levar às costas Marcelo ao altar de Belém. O resto perguntem ao escorpião, se ele falar.