Por que não te calas Zé Manel?

José Manuel Durão Barroso é um daqueles casos iguais a muitas outras figuras históricas cujo percurso enforma de características marcantes da nossa condição humana. Há nele uma pulsão para a grande hipocrisia. Vejamos.

Durão Barroso foi um destemperado maoista, defensor do radicalismo mais extremo contra o sistema e sobretudo contra as correntes de esquerda que combatiam o fascismo por serem frouxas comparadas com a grandiosidade da luta do MRPP.

 Tornou-se num jovem general cuja ambição era o incêndio da pradaria sendo que a ignição decorreria de partir montras dos bancos e que servia para provar a tibieza dos comunistas e a grandeza dos marxistas-leninistas-estalinistas-maoistas.

Enfrentou a revolução do 25 de Abril de 1974 com a alegação de que se tratava de um golpe de estado para impedir a revolução do proletariado que estava para chegar nos braços do MRPP dirigido pelo grande educador da classe operária, o camarada Arnaldo Matos.

Quando o 25 de Novembro de 1975 derrotou a esquerda militar o vento Leste amaciou, Durão Barroso foi fazer-se à vidinha encostando-se ao PSD que o recebeu de braços abertos para prosseguir a sua carreira por outros meios muito mais acomodatícios, sendo que mantendo o nariz ao vento sempre a cheirar pelas alturas e respetivas mordomias. Mudou a indumentária exterior e interior. Havia que sacudir toda a poeira revolucionária acumulada em mil diatribes.  A história repetia-se em relação aos grandes convertidos.

Durão Barroso foi secretário de estado, ministro e primeiro-ministro. Marcou a sua passagem à frente do governo com letras da mais vil vergonha no envolvimento de Portugal na invasão do Iraque garantindo que aquele país tinha armas de destruição massiva, o que como se sabia e se veio a confirmar foi um monumental embuste.

Bush, Blair, Aznar, Durão são responsáveis por mais de uma cem mil mortes e a destruição do Iraque, sendo que há quem afirme que o número de mortos é na ordem dos quinhentos mil.

Depois desta proeza Durão Barroso foi para Presidente da Comissão europeia, o seu currículo foi a porta de entrada porque os EUA mandam na Europa e o “camarada” José Manuel soube-o desde sempre.

Graças aos serviços prestados na U.E. Durão Barroso foi chamado para um dos mais altos cargos no Banco Goldman Sachs, seguramente por motivos que nada têm a ver com a sua experiência como banqueiro, pois nesta área a única que lhe é conhecida foi a de partir montras de bancos e que segundo Sigmund Freud seria desde logo um presságio/sinal da sua raiva/aspiração.

Barroso foi escolhido para ser uma altíssimo dirigente daquele banco cujos serviços são prestados a governos, instituições e às famílias mais ricas do Planeta. O “camarada” José saiu-se bem do seu passado e a alta burguesia soube agradecer-lhe.

Há dias Durão Barroso veio falar sobre a invasão da Ucrânia muito preocupado pelo futuro dado o carácter de Putin.

Independentemente das injustificadas razões de Putin para a invasão, algo tem de ser dito sobre a desfaçatez deste político/banqueiro – se tivesse um pingo de dignidade estava calado.

O que faz um político experiente, bem rodeado, aparecer nesta altura a atacar a Rússia quando sem mandato da ONU, com base numa das maiores mentiras da História se colocou na posição vergonhosa de mordomo de Bush a apoiar a invasão do Iraque?

Por que veio a terreno defender os interesses do Império? Deixou bem gravado em letras garrafais aquilo que é – um mequetrefe.

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Um pensamento sobre “Por que não te calas Zé Manel?

  1. Luciano Caetano da Rosa

    Excelente artigo sobre um porteiro engravatado, criado de libré do imperialismo norte-americano, com “créditos firmados” no desencadear duma guerra altamente mortífera e destruidora de um país. Para este anfitrião das Lages, como para outras figuras, não há tribunal em Haia nem em parte nenhuma à espera que lá se apresente(m) para o respectivo julgamento. Estão todos protegidos pelo armamento maciço, este sim, real, tenebroso e consumidor de orçamentos obscenamente gigantescos. Parabéns à coragem civil e discernimento de Francisco Lopes.

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