A República portuguesa é laica. A opção religiosa diz respeito a cada cidadão, incluindo a do mais alto magistrado da nação.
A Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, já não lhe bastava andar por aí a beijar as mãos dos cardeais e outros que tais.
Os seus alicerces político/ideológicos não se afundaram nas brumas da memória. Estavam sossegadas em profundas placas da mente de Sua Excelência.
A agitação criada com os crimes de violência sexual praticados por responsáveis religiosos em todo o mundo tem abalado a Igreja Católica e pelos vistos repercutiu-se no subconsciente do Presidente do modo mais primário, incompatível com a sua inteligência e compatível com o arreigado pendão ideológico de defesa das suas fidelidades. Tenha-se presente o sonho de ver Montenegro a Primeiro-Ministro.
Marcelo tem o destempero de considerar quatrocentos casos de pedofilia como insignificantes e horas depois eram insignificantes porque achava que seriam muitos mais, tal a confiança na Igreja.
O velho filósofo Sócrates, a quem muito devemos, fustigava os sufistas que eram capazes de inventar tudo para fazer valer a injustiça sobre a justiça. Marcelo que nunca se cala claramente está a padecer de prodigalidade em matéria ideológica; já perdeu o sentido da missão conferida pelo povo português para cumprir e fazer cumprir a Constituição.
A sua fé católica não o deve fazer cegar, ele é o Presidente da República portuguesa, não é advogado da Igreja católica, nem o sufista encarregado de branquear e ao mesmo tempo enegrecer a sua fé nos padres e bispos portugueses considerando que os vindos a público eram insignificantes face a milhares que Sua Excelência achava terem acontecido. A prodigalidade palavrosa é uma marca indelével de MRS.