Em junho de 1974 a Turquia ocupou a parte Norte do Chipre. O pretexto foi a opressão da comunidade cipriota turca, minoritária face à cipriota grega. A ocupação foi condenada pela comunidade internacional. O ocupante é membro da OTAN. Até hoje mantém a ocupação e a Turquia é parceiro privilegiado do Ocidente impondo à Finlândia e à Suécia condições draconianas para entrarem na OTAN, designadamente quanto à perseguição dos curdos por parte do governo turco.
Na Europa os cidadãos que conhecem a amputação do Chipre são uma ínfima minoria. Ninguém fala da ocupação. A Turquia é um dos nossos. O Sultão da Turquia é muito bem visto por estes lados. Os amigos ocidentais (mesmo sendo em boa medida orientais) que ocupam países enteados, são bem aceites, são coisas da vida devido à localização do Chipre ao lado da Turquia. Que o diga Israel que não só pode ocupar os territórios palestinianos como anexar os Monte Golan.
O Chipre é um país milenar onde se diz ter nascido a deus do amor, Afrodite. É um porta-aviões no meio do Mediterrâneo frente à Síria, Israel e Líbano. Foi dura a luta contra os ocupantes ingleses, a opressão e a repressão foram violentas.
Apesar de pertencer à UE a ocupação do Chipre não mexe em nada com os sentimentos da Sra. von Leyen, nem do Sr. Borreli, nem do senhor professor Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República. Estão ocupados, pois que fiquem, quem os mandou serem uma ilha com fortíssima influência grega? Quem vai fazer uma guerra por causa de Chipre?
Marcelo e os dirigentes europeus passam pelo problema cipriota como raposa em vinha vindimada. Assobiam. Foi o que fez Marcelo. Disse que havia um problema.
É um exemplo da tremenda hipocrisia dos dirigentes políticos da UE. São contra as ocupações de países como por exemplo a Ucrânia porque como todos os dias vemos podem enfraquecer a Rússia, o que não convém fazer à Turquia que é um regime muito parecido com o da Ucrânia e da Rússia, mas que é um aliado.
É esta duplicidade que mata o direito internacional e faz os cidadãos descrerem nos dirigentes que todos os dias inventam todos os pretextos para proteger uns em detrimento de outros.
Como pode doravante Marcelo falar da solidariedade à Ucrânia quando no Chipre ocupado, acompanhado por Cravinho, não levou no bornal uma fisga para os jovens cipriotas atacarem os tanques turcos. Triste mundo.
P.S. Marcelo quando lhe dá jeito alega que no estrangeiro não comenta a situação política portuguesa. Deve ter tido uma espécie amnésia e pensado que estava em Lisboa tão longe de Nicósia e tão perto da linha de ocupação. Podia lá estar calado tendo o sonho que tem de ver o Montenegro em S. Bento.
Chipre é uma ilha grega, de língua grega, com pequena variação diatópica em relação ao DIMOTIKI ou grego demótico hoje falado na Grécia, com costumes e cultura idênticos aos da Grécia/ ELLADA/ Hélade. No tempo do arcebispo ortodoxo Macário, a tese da união com a Grécia, como solução do problema cipriota, não vingou. Hoje, o país, membro da UE, continua ocupado, desde a invasão em 1974, por uma minoria turca na faixa norte da ilha, sem qualquer solução à vista. Na UE, a Comissão é vassala atenta e submissa aos ditames de Washington e nela predomina o seguidismo com dois pesos e duas medidas, muita hipocrisia e muita cobardia. Até um elemento da velha nobreza hanseática de Hamburgo, von Donnany, membro do SPD, ataca esta Comissão que lhe provoca muita comichão moral e intelectual.
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Referi-me em comentário anterior sobre Chipre a Klaus von Dohnanyi, mas nesse comentário o seu nome está mal escrito. As minhas desculpas.
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