MEDINA, PEDRO ADÃO E COTRIM

A HIPOCRISIA EM TODO O SEU ARRAIAL

O primeiro caso emblemático da hipocrisia dominante na vida da direita portuguesa é a realização do arraial por parte da IL contra a opinião da DGS.

Pois bem, o PCP realizou a festa do Avante e neste país ergueu-se um tsunami durante dias contra tal evento. Estou à vontade porque escrevi na altura que o PCP se pôs a jeito.

Mas como não deixar de sublinhar o estardalhaço mediático contra o PCP, apesar da aprovação da DGS?

Vem agora o Dr. Cotrim tão novo na política parlamentar esquecido do que disse sobre a festa da Avante e afirmar o direito à sardinhada, pois a cultura para os neoliberais não dá lucro; as sardinhas do arraial sim. A coerência em política é um investimento altamente rentável.

Só uma pergunta: se a IL for para o governo das direitas põe como condição a extinção da DGS?

  E passando aos media onde está essa consciência dorida? É só contra os comunistas? Há uma diferença abissal – o PCP tinha a autorização da DGS, a IL não tinha.

O segundo caso está relacionado facto da C. M. de Lisboa ter fornecido dados pessoais de ativistas políticos a Embaixadas ligadas às ações políticas convocadas contra os governos desses países o que é muito grave. Não apenas à da Rússia, mas também à de Israel. Revela insensatez e insensibilidade democrática de quem está à frente dos serviços respetivos. A lei não a impõe. Informar uma embaixada que se irá realizar uma ação política de protesto ou apoio da política do respetivo país nada se assemelha a dar o nome completo, telefone e morada dos convocantes. Só burocratas irresponsáveis desligados da realidade política podem ter este comportamento. Está a correr um inquérito ao sucedido, esperemos, mas os inquéritos em matéria política tardam e as conclusões chegam quando chegam.

Fernando Medina veio lamentar e pedir desculpa pelo sucedido. Porém, o vendaval de hipocrisia estava lançado. Ativistas políticos de direita guilhotinaram Fernando Medina. Moedas, o homem que nunca ergueu uma unha para denunciar a guerra brutal contra o povo palestiniano levada a cabo por Israel, está preocupado com o que a Mossad e os serviços secretos russos podem fazer a esses ativistas. Pede a demissão de Fernando Medina, mantendo o silêncio sobre o conflito. Agarrou-se ao caso como um naufrago desesperado.

Rui Rio que tem andado de roda da comissão jurisdicional do PSD segue em registo de trombone e desatou a soprá-lo.

Francisco Rodrigues esbraceja e dá pinotes de indignação e clama pela demissão de Medina, enquanto o vereador do CDS acredita que o Presidente não conhecia os detalhes do assunto.

Os neoliberais da JL liberalizam a sua energia e sem a demissão de Medina não ficam satisfeitos. Foram para o arraial espairecer.

Nas redes sociais muitos dos espíritos mais condoídos com a sorte dos ativistas pelos direitos palestinianos são incapazes de assumirem o direito do povo palestiniano ao seu Estado Nacional. Pergunta-se ao PSD e IL – são favoráveis a um Estado Palestiniano?

Há alguém que acredite que Medina seria capaz de aceitar dar informação às Embaixadas sediadas em Portugal acerca de ativistas portugueses ou estrangeiros que podiam sofrer represálias por parte desses regimes?

E não é preciso uma nova lei, a atual não obriga a fornecer às embaixadas nomes, moradas e telefones.

O terceiro caso tem a ver com a nomeação de Pedro Adão e Silva para Presidente das Comemorações do 25 de Abril e que gerou um coro de protestos sem que se perceba, no meio da poeira, o porquê.

O cinquentenário da revolução de Abril merece ou não ser devidamente comemorado? Claro que todos os democratas (comunistas, socialistas, liberais, cristãos, social-democratas, ecológicos, anarquistas, socialistas radicais, feministas e outros) empenhados na democracia não podem negar a importância da revolução. É meio século. Altura ideal para fazer o balanço de como éramos e como somos enquanto país e nação povo.

A direita trauliteira à qual parece que Rio se rendeu, desprezando o legado de Sá Carneiro, nunca aceitou o 25 de Abril e vai disfarçando até deixar cair a máscara como agora. Ficaram nus, não querem que se comemore dignamente a data.

São os que não se opõem e não se opuseram a que os portugueses pagassem cerca de vinte mil milhões de euros à banca. Nem se importavam com os chorudos negócios das privatizações onde Moedas se destacou com os CTT.

Conheci Pedro Adão e Silva por telefone e correio eletrónico aquando da preparação da grande manifestação em Lisboa contra a guerra do Iraque, quando o CDS, o PSD e moedas apoiavam a criminosa e desastrosa invasão do Iraque. Moedas não levantou um dedo contra o morticínio absolutamente ilegal no Iraque. Estava ao lado de George W. Bush.

Por que não Pedro Adão e Silva? Claro que vai depender do que vier a ser feito, mas não é aí que a direita bate. É mais um caso. Os figurões do dinheiro fácil a sacar ao Estado estão incomodados com o ordenado de Pedro Adão e Silva, mas não estiveram com o ordenado do escritor, apoiante de Cavaco e do PSD. Que hipocrisia.

Medina, Pedro Adão e Cotrim – a hipocrisia em todo o seu arraial | Opinião | PÚBLICO (publico.pt)

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s