O mundo desinteressou-se pelo conflito entre Israel (ocupante) e os palestinianos dos territórios ocupados.
É triste. O quanto doeu aos timorenses esse fazer de conta que se não vê o sofrimento e a opressão de uma ocupação. Pois em Israel sucessivos governos violando grosseiramente o direito internacional mantêm a ocupação direta ou indireta sobre a Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Leste, tendo em relação à parte oriental com o apoio dos EUA absorvido essa parte palestiniana e incorporando na cidade e declarado capital da potência ocupante.
Israel de cima de sua supremacia militar vem expropriando famílias palestinianas, alargando os colonatos (totalmente ilegais) e submetendo o povo palestiniano à miséria, à dor, à vergonha e à exasperação na sua própria terra.
Apelando à vinda de judeus de todos os cantos do mundo para Israel (que nunca foi a sua pátria) oferecem-lhes colonatos e expulsam os pastores, os agricultores, os comerciantes, a população que ali nasceu e os seus antepassados desde há milénios.
A tudo isto o mundo assiste de braços cruzados, sem mover uma palha, sem nada fazer, fazendo de conta que é uma luta entre ocidentais (que partilham as competições europeias de futebol, o festival da canção, entre tantas outras) e os terroristas palestinianos.
Não, o ocupante tem um nome – Israel e o ocupado são os territórios palestinos após a guerra de 1967.
O que aconteceu recentemente foi mais uma provocação israelita contra a presença indefesa e massiva (sobretudo jovens) na mesquita Al Aqsa, a terceira mais importante após as de Meca e Medina na Arábia Saudita. Trata-se de um local sagrado para os palestinianos muçulmanos, assim como o Santuário de Fátima o é para os católicos portugueses.
A tropa e a polícia israelita invadiram e expulsaram os palestinianos que se encontravam em oração na mesquita e logo o rastilho se incendiou.
À provocação montada respondeu o Hamas com o lançamento de rockets para território israelita, tentando impedir que aquela luta da juventude tivesse o seu rumo independente.
Muito provavelmente Netanyahu aproveitou — desvairado com o processo de corrupção em tribunal e desesperado face à luta dos palestinianos. Em colaboração com a ultra/extrema-direita ordenou os bombardeamentos de Gaza cujas mortes não param, incluindo de crianças.
É de sublinhar que a mobilização da juventude palestiniana surpreendeu tudo e todos.
É esta juventude parte integrante do povo que quer sair do impasse militar, pois os confrontos militares nas condições de Gaza e até da Cisjordânia só favorecem, como vem sendo demonstrado há pelo menos desde os Acordos de Oslo, Israel.
Só a luta unida de todo o povo palestiniano pode levar a bom porto a sua independência.
O ciclo de violência imposto por Israel não pode ser derrotado militarmente. Os próprios países árabes não estão preocupados com a Palestina.
O impasse criado pelo Hamas e pela Autoridade Palestiniana, ambos desprezando o trabalho político de unir todo o povo palestiniano sem sectarismo só favorece a ocupação.
Começa a ser cada vez mais evidente a importância de uma liderança da luta palestiniana que coloque para alcançar o objetivo da independência a unidade de todo o povo acima de tudo e de todos os interesses. Se o caminho não passar por aí só os que querem o povo refém de estratégias fundamentalistas ou de subserviência é que imporão as suas regras do jogo, com Israel a continuar a metralhar a população e a manter a ocupação.
O cruel abandono do povo palestiniano | Opinião | PÚBLICO (publico.pt)