Quando olho o espelho
Pergunto-me se sou eu
Aquele que ali está
Ou o que a memória
Arrasta no meu viver
Já não sou quem fui
O menino à procura dos ninhos no regresso da escola
O adolescente magro de cabelos negros a caminho do liceu
O jovem de querer ilimitado
O homem à procura
O solitário de hoje
No espelho que me dá a cara
Vejo a vida nas rugas e nos olhos
A memória traída
Que não acompanha a própria memória
Ficando-se pelo olhar de minha mãe
Nos meus olhos
O espelho não explica
Transmite
Não vê o que eu vejo
O eu que fui
Sem memória do futuro
Por não ver o que vou ser