Após o mais forte ter derrotado o mais fraco, é muito provável que se tenha aberto um caminho de reflexão na cabeça do derrotado para saber o que tinha de fazer para vencer.
Cada um pensou nas forças e debilidades próprias. Cada qual aprendeu a olhar para si e para o outro estudando-o o melhor possível para definir os passos e as manobras para vencer.
Na História ficaram registados confrontos extraordinários em que os mais fracos venceram os gigantes. Desde logo David que venceu Golias. E a derrota de Sansão porque habilidosamente lhe cortaram o cabelo.
Todos os povos e todas as nações devem ter tido batalhas decisivas que se travaram em condições adversas. Aljubarrota não deve ser única.
Sempre aquele que estava em situação muito mais desfavorável procurou travar o confronto em condições que impedissem o mais forte de espraiar a sua força.
A primeira tarefa é manietar a força do mais forte, levando o opositor para terrenos onde não possa manifestar o seu poderio, encurralando-o, desaparecendo, atacando inesperadamente e fugindo, ferindo, obrigando-o a um esforço superior e à instabilidade no terreno e emocional.
Quando o “exército” português face ao de Castela escolheu travar a batalha naquele terreno – Aljubarrota- e da forma organizada como o fez teve sempre em vista que o mais forte podia ficar mais fraco verificadas um conjunto de situações planeadas e a executar.
Quando o Benfica se desloca ao terreno do Boavista a disparidade da força é enorme. Ou do Porto em Paços de Ferreira.
Aquele que tem menos poder vai escolher e planear ao milímetro o modo como se defender e atacar. Vai escolher as suas melhores armas. Não vai lançar-se em turbilhão contra o Benfica. Vai esperar pelo repertório do outro e quando lhe for possível apresentar as suas armas e desferir os seus golpes. Tanto melhor quanto mais convencido estiver o mais forte que acabará por ganhar devido ao seu estatuto.
Jorge Jesus não nasceu no Benfica, nem no Flamengo, nem no Braga para o futebol. Veio há muitas dezenas de anos, desde o Freamunde e passando por muitos parecidos.
Às vezes essa situação ajuda os que sobem ao topo a ter os pés assentes na terra; outras vezes não. Um treinador pode dizer muitas coisas, mas as que disser, se mais tarde foram incoerentes com outras, os comandados tendem a não as esquecer e elas , as incoerências, não matam, mas moem.
O Benfica é um clube português que joga a 1ª Liga e precisa da melhor classificação para chegar à Champions. E não chegou aos melhores porque foi pior que o PAOK. A verdade nua e crua. Para ir onde não foi, o Benfica tinha de ter sido melhor. E na Grécia faltaram-lhe pernas. Faltas.
A mania das grandezas nunca fez bem a ninguém. Há sempre um clube “safardana” que mostra que os Reis também têm nudez. Foi o que fez o Boavista. À arrogância, Vasco Seabra respondeu com a máxima humildade.
E não deixou o GRANDE BENFICA DE JORGE JESUS jogar. Manietou-o. Quando um jogador de muitos milhões do Benfica tinha a bola apareciam os operários do Boavista em número suficiente para o não deixar jogar, às vezes cometendo faltas.
As faltas sempre existiram e existirão. Quando um dos chamados GRANDES entra em campo contra um dos outros já sabe ao que vai. Tem de saber que o menos forte vai quebara o ritmo, enervar, carregar e tentar sair das tenazes do mais forte. As faltas são componentes do jogo e reguladas nas suas leis, logo dele fazem parte. Os meninos betinhos que não querem sujar os calções gostariam que os meninos do bairro se aninhassem e deixassem os dos milhões vencerem.
Quando assim for( o que nunca será, malgré Jorge Jesus) acabaria a competição. O futebol são onze contra onze e no fim não ganham os alemães, talvez ganhem mais vezes não por serem alemães, mas por serem mais organizados e combativos. E isso já o demonstrou o nosso engenheiro contra a França em 2016. E quiçá o venha a demostrar mais vezes.
Concluindo – as faltas não podem ser a justificação para a falta de pernas , Mister Jorge Jesus. Haja fair play.