Quo vadis poor America?

Sete tiros a centímetros do alvejado é para o matar sete vezes. Um joelho assente com o peso de todo o corpo no pescoço de um homem, seja qual for a cor desse homem, é para o matar por asfixia.
Quando o polícia dispara sete vezes contra Jacob Blake o choque é tão grande que há um momento de estupefação e de incredulidade. Há um abalo e de repente sentimos os tiros, a dor e a raiva. Como é possível? Sete disparos seguidos contra um homem desarmado…Só a fome de vingança cega e de matar.
Quem vir o vídeo dos polícias que perseguem Jacob Blake verá que o primeiro tiro derruba Jacob, um homem que já nada pode fazer. Está ferido gravemente ou a caminho da morte.
Jacob Blake é negro, tal como era George Floyd, a quem um polícia matou com o joelho no pescoço, mesmo repetindo longamente que não conseguia respirar.
A tal lei permite aos cidadãos dos EUA comprarem todo o tipo de armas, incluindo a adolescentes de 17 anos, mas se um preto tem um canivete ou uma faca no carro, então o polícia atira sete vezes para ver se o mata.
Um adolescente de 17 anos, armado de uma arma de guerra que a lei e a ordem lhe permitem adquirir a ele e aos supremacistas brancos, atira a matar e mata.
O livre acesso à aquisição de armas, incluindo de guerra como a empunhada pelo adolescente que atirou a matar faz parte de um movimento mais geral dos racistas e supremacistas brancos para manter a população negra atemorizada, como se fosse gado bravo pronto a ser alvejado, cada vez que alguém sugira uma suspeição.
A simples ideia de ser permitido a organização de milícias armadas para alegadamente impor a lei e a ordem que permite a um polícia sentir-se confortável disparando sete tiros a menos de um metro evidencia algumas características da América de hoje. Uma sociedade doente, sem rumo certo, entre um caminho de repelões trumpianos que vê o mundo como se fosse o seu campo de golf na Florida ou as suas torres de Nova Iorque e uma outra América imobilizada por diversos impasses internos, incluindo o seu declínio e incapacidade para contribuir resolver problemas muito graves à escala mundial.
Só numa sociedade doente se podem gerar este tipo de brutalidades medonhas em três meses, apesar da comoção que causou não só nos EUA, mas em todo o mundo.
O conjunto de forças que Trump representa vai empurrando os EUA para uma linha de confronto interno que faz aquele país recuar aos anos do pior racismo. O Ku Klux Klan continua ativo. Os evangélicos estão a puxar a carroça da loucura. Não se importam com o vírus assassino, para eles o que conta é o big money. Um preto serve para levar tiros. Sete. E quem se revoltar também leva. As milícias estão ativas e matam. Quo vadis poor America?

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