O capitalismo é hoje o único sistema que abraça o Planeta de lés a lés. Não há outro.
Segundo a ONG Oxfam dois mil cento e cinquenta e três pessoas (2.153)têm mais riqueza que quatro mil milhões e seiscentos milhões (4.600.000.000). Repare-se bem no contraste entre quatro e dez algarismos.
Os vinte e dois homens mais ricos do mundo têm mais riqueza que todas as mulheres de África, onde certamente deverá estar Isabel dos Santos.
Um por cento dos mais ricos possuem mais riqueza que seis mil e novecentos milhões de pessoas (6.900.000.000).
Metade da população vive com menos de 4,90 euros por dia; um em cada cinco habitantes do mundo sobrevive com menos de um dólar por dia. Este é em traços muito largos um outro retrato do mundo que vivemos.
Pensar o mundo como algo que existe na Europa, na América do Norte e nalguns países asiáticos é algo que não reflete a realidade.
É por demais evidente que o capitalismo, nascido em boa medida dos Descobrimentos, sacou de África, América e Ásia riquezas incomensuráveis que permitiram o aparecimento de uma burguesia forte, capaz de vir a assumir-se como classe dominante no continente, destruindo o tecido económico da India e limitando fortemente o desenvolvimento das nações do chamado Terceiro Mundo.
Apesar disso o panorama atual não abona a favor do sistema, antes deixando ver as imensas chagas que traz no seu bojo.
É claro que nos EUA, na U.E., no Japão e na Austrália e mais uns tantos países há um bem-estar que a Humanidade nunca tinha desfrutado. Sem dúvida. No entanto, nos países da G7 os salários aumentaram 2% e os dividendos 31%.
Contudo, nunca será demais ter em conta que a partir de Outubro de 1917 o capitalismo se viu confrontado com outro sistema saído da revolução russa. E que depois da segunda guerra mundial esse novo sistema se estendeu por todo o globo. E porque o capitalismo o temia foi evidente que na sua necessidade de sobreviver soube adaptar-se e para não perder o pé foi pressionado a criar o chamado Estado Social, em que a social-democracia se afirmava como alternativa aos dois sistemas, mantendo, no entanto, o essencial do capitalismo.
Foi então que as classes trabalhadoras conquistaram o direito a férias, à segurança social, à semana-inglesa, mais tarde aos subsídios de férias e de natal. Os trabalhadores passaram a ter acesso a importantes bens que mudaram as condições de vida. Tudo porque do outro lado da “Cortina de ferro” estava o socialismo.
Só que a implosão daquele modelo abriu os diques do desbragamento capitalista e aí está o neoliberalismo esfomeado a criar milhões de pobres para forjar um bilionário.
Poiares Maduro, em entrevista concedida ao Público em 06/01/2020, confunde partes do globo onde o capitalismo tem a sua glamorosa montra, esconde, por outro lado, a infamante pobreza que lança mais de três mil milhões de seres humanos numa vida de verdadeira indignidade, obrigados a sobreviver com dois euros por dia.
Nem na própria união Europeia é capaz de acabar com a pobreza. Aqui, em Portugal, ela bate à porta de um quarto da nossa população. Poiares Maduro sabe-o, pois pertenceu a um governo cuja missão foi empobrecer os portugueses. E empobreceu. Em 2017, segundo o INE, havia em Portugal 2.399.000 cidadãos em risco de pobreza.
Duvido que o homem, na sua infinita ganância, consiga ter a lucidez de perceber que está levando o mundo para uma situação de tal modo caótica que só terminará com a sua destruição.
Haverá um dia em que, aqueles que não terão mais nada a perder, e que serão muitos milhões, se lançarão sobre os que sempre os escravizaram e os destruirão. Nessa altura não haverá mais nada para ninguém e o planeta ficará, finalmente, em silêncio…Oxalá eu me engane.
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Talvez os milhares de milhões de seres humanos cheguem à conclusão que dois ou três mil não lhes metem tanto medo e os afastem do caminho da Humanidade…talvez. Se renunciarmos a essa hipótese ela não se verificará
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