Trump e Kim em Hanoi a mangar?

Por muito que o multibilionário Trump, atual Presidente dos EUA, tenha uma visão errática da política, navegando consoante os seus impulsos, é de crer que para fazer a viagem a Hanoi para se encontrar com Kim Jong Un, o suserano da Coreia, neto do grande líder e filho do querido dirigente, tenha ouvido opiniões de outros dirigentes, a começar por Michael Pompeo, atual Secretário de Estado e ex-chefe da CIA.
Ao que parece todos concordaram que Trump não podia estar no país no momento em que o Cohen lhe chamou “vigarista”, “racista” e “mentiroso”. Nada que se pudesse imaginar…
Por essa razão apostaram numa Cimeira que captasse a atenção dos media por uma excelente razão – um acordo com a Coreia do Norte.
Embalado por esse cenário Trump aterrou no “Air Force One” em Hanoi, a capital do arqui-inimigo de outrora, o país que infligiu aos EUA a mais humilhante derrota; talvez, por isso, escolheu o Vietnam para mostrar a Kim a face da reconciliação.
Trump tinha para oferecer a Kim investimentos para fazer da Coreia do Norte uma potência única e, em troca, receberia o único poder negocial que o negociador tinha, a destruição do seu arsenal nuclear.
Trump, o promitente vendedor de uma quimera, pretendia que o promitente-comprador dessa quimera em troca lhe entregasse tudo o que tinha para fazer valer a sua força negocial.
Trump, um habilidoso vendedor de campos de golf, de resorts, de torres, na linha do nosso Xavier de Lima, enquanto Presidente dos EUA, imaginou que se prometesse a Kim Jong Un o céu, ele lhe daria em troca tudo oque ele queria.
Tratava-se, na verdade, de uma conceção muito própria de um homem de grandes negócios, mas pouco consentânea com uma negociação diplomática em que do outro lado está o representante de um povo milenar que cultiva e exacerba o nacionalismo coreano.
O problema da península coreana é bem mais complexo que o raciocínio da Trump. Do lado sul da Coreia, os EUA continuariam carregados de armas nucleares e de tropas e o norte ficaria a vê-las e à espera que chegasse a carrada de notas para investir no país das manhãs serenas …
Trump foi a Hanoi à procura de algo que muito dificilmente obteria, nem que passasse a vida a elogiar o homem de quem tão mal disse.
Kim, que tinha ameaçado afundar os EUA num mar de fogo, aceitou ir ao encontro do homem mais poderoso do mundo e ficar lado a lado para a posteridade.
Não era o bastante para ele largar o arsenal nuclear. Mas era o suficiente para ajudar o homem que tanto o elogia e aceitar aquela data, muito longe do depoimento de Cohen. A mangar parece que se entenderam os dois.

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