Quando Jerónimo de Sousa, no dia das eleições gerais, abriu as portas a um entendimento com o PS, centenas de milhares de portugueses compreenderam ainda melhor a razão do voto no PCP. Para um partido político almejar e conseguir o poder ou condicioná-lo é uma das razões da sua existência — lograr realizar um conjunto de objetivos em que assenta a sua base e projeto político.
Nos últimos 40 anos, o PCP nunca teve o poder que hoje tem — o poder de derrubar o governo na Assembleia da República. Tal só foi possível porque o PS virou o azimute e o PCP tem uma votação significativa que lhe permite esse condicionamento do PS.
Nesta circunstância, ambos os partidos e o BE entenderam que, para resolver problemas nucleares do país (parar o empobrecimento, devolver rendimentos retirados e fazer crescer a economia) era necessário um compromisso que se refletiu no acordo parlamentar que garante ao PS o poder de governar.