Passos – o Conhecido Irritante

O PPD/PSD e o CDS/PP tanto insistiram que a sua governação era um caminho sem alternativa que vivem num enorme desamparo à espera que Bruxelas lhes dê um apoio na luta pelo retorno à austeridade e consequente empobrecimento.

Foram quatro anos de sucessivos apegos ao programa de empobrecimento e privatizações que não imaginam o país caminhar sereno no retorno à normalidade vivencial.

Passos e Portas com Assunção Cristas escolheram um caminho – entregar a riqueza nacional aos tubarões internacionais, garantir mão-de-obra barata e esperar que a pobreza dos portugueses se transformasse em enorme riqueza para os investidores.

Neste quadro os investidores internacionais e um ou outro indígena acorreria com os seus negócio criando emprego com baixos salários e sem direitos.

Passos garantiu fazer de Portugal o país mais competitivo do mundo; veja-se o devaneio ideológico do Senhor Doutor…à frente da China e das Ilhas Marshall.

A força do PSD/PPD e CDS/PP estava na troika e nalguns setores da burguesia compradora.

Tinha de ser assim em direção ao empobrecimento porque os mercados e a UE e o FMI o impunham. Tinha de ser. E não se pode dizer que fossem tolos de todo. O português, embora irreverente, é , em última instância, mais propenso a um certo individualismo que a uma ação conjunta que envolva a comunidade. Prefere ultrapassar o carro do Ministro e o compatriota antes de um sinal vermelho que confiar no companheiro de trabalho. E aguentou quatro anos; outros teriam aguentado menos.

Enfrentar Bruxelas exige muita força e perícia. E o resultado não era totalmente líquido. Mas Passos foi longe de mais. A maioria da população apesar de escaldada de promessas incumpridas deu corpo a outra maioria.

Passos começou a perder-se no labirinto da chantagem para impedir que se formasse o governo do PS com o apoio que tem. Vinha aí o fim do mundo. Tudo tinha sido em vão.

Apostaram, com o apoio de Cavaco, tudo na ideia que o PS não podia fazer acordos com os partidos à esquerda.

Portas saiu da cena partidária, mas abriram-lhe a porta televisiva. Qualquer dirigente máximo dos partidos de direita, quando abandona o cargo, tem lugar cativo nas televisões, vira arúspice como Marques Mendes.

Fazendo balanço dos seis meses de governo Passos classificou-se a si próprio como conhecido irritante realista; há momentos de lucidez na vida de todos os humanos.

Alega que enfrenta a realidade como contraponto a Costa. Ele enfrentou a realidade para a mudar para pior do ponto de vista da maioria da população. Enfrentou-a para favorecer os interesses do capital financeiro e infernizar a vida dos portugueses.

Costa também enfrenta a realidade: com os que querem dar por findo o ciclo do empobrecimento e contra os que como Passos insistem em manter essa triste rota.

Há um governo que estancou a política de empobrecimento, o povo respira melhor com o aumento do salário mínimo e a reposição dos feriados e das trinta e cinco horas, em breve.

Passos não aceita; irrita-se e proclama a sua fé no que fez, mesmo, segundo ele, que pareça irritante.

Passos está zangado e fica amargo. Quer o poder e como conhecido realista vê-lo fugir para longe. Até no PSD começa a pregar no deserto. Não foi à tomada de posse de Marcelo e declara agora que se deve levar o Presidente a sério…imagine-se.

Sobre a hipótese de Portugal sofrer sanções como resultado da sua governação encolhe-se e cala-se; deixa Assunção Cristas vir a terreiro “dar força ao PS”.

Encontrou a grande causa para quem quer diminuir as despesas do Estado – fazer o Estado pagar o ensino privado; aí já não há mercado. Deixou o laranja, virou amarelo.

É o que tem a dar ao país – uma irritação por não ser capaz de fazer o tempo voltar atrás. É pouco.

Passos esperava mais de Bruxelas, aliás os grandes “comentadeiros” agitam o espantalho da EU e da realidade, como se esta realidade fosse perene e imutável. Como se dentro da realidade não houvesse várias. Esperam que Bruxelas atue em nome do realismo dos mercados; dão eco às pressões de alguns ministros das finanças, desde logo o Senhor Dijsselbloem que por ser amigo do Sr Schäuble pensa que manda na Europa e em Portugal.Estes também pertencem à estirpe dos “realistas”.

Que a luta política leve dirigentes partidários a submeter-se a imposições desastrosas para Portugal é demasiado triste e inglório. E irritante.

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