O Real Madrid é hoje a melhor equipa do mundo. Já não é um conjunto de individualidades. Sente-se o dedo de Zidane nesta metamorfose.
Já defende. Se bem que em certas saídas ainda crie arrepios.
E tem um médio que pega na bola basculando todo o relvado, entregando-a ao melhor colega sempre em alta velocidade ou com desmarcações que da esquerda ou da direita levam a cruzamentos para os avançados que vêm de trás de rompante.
É uma espécie de tropel consciente que deixa os adversários aturdidos com a rapidez dos lances e o poder da finta de todos os jogadores em movimento.
São processos assentes na velocidade ou no passe desconcertante que levam a bola à grande área adversária quer pelas laterais, quer por desmarcações milimetricas pelo centro.
A capacidade técnica está ao serviço de um modus operandi que permita a Ronaldo, Bale e Benzema acrescentar explosão ao último lance na busca do golo. Ou a quem vem de trás rematar sem marcação.
A equipa não anda às voltas pelo retangulo a ver se adormece o adversário à procura da talisca para encontrar o espaço para o remate.
O futebol praticado pelo Barcelona ou Bayern de Munique tem enormes virtudes. Mas neste momento o Real atingiu outro patamar dada a ligação entre os três setores que quase se confundem num único em que por vezes se desdobra e assume uma postura ora atacante ora defensiva.
A prová-lo está a eliminação do Barcelona e do Bayern por uma equipa que pratica outro tipo de futebol onde o tempo de explosão na transição é fundamental tendo em conta a capacidade e a resistência defensiva que apresenta.
Che Guevara e Simeone nasceram na Argentina. O futebol guerrilheiro de Simeone segue as pisadas da tatica de Guevara na guerrilha. Atacar repentinamente e ter sempre a retaguarda em guarda.
O Real aprendeu a defender, embora ainda apresente deficiências incríveis que são escondidos pela força da linha média e sobretudo com a entrada de Casimiro a dar poder de choque quer por terra quer pelo ar.
No dia 28 de Maio em Milão o confronto será entre a conceção guerrilheira de Simeone e a de uma equipa que joga em todo o campo e não se esconde para emboscar o Atlético atacando-o de princípio ao fim para o debilitar e poder marcar, contando com gladiadores da estirpe de Ronaldo, Bale, Benzema.
O Atlético irá certamente tirar partido da capacidade de Griezman e Saúl Ñinez para saírem com bola em desmarcações aproveitando o adiantamento do Real, criando, como na guerrilha, situações de grande surpresa para Pepe, Ramos e até para Carvajal e Marcelo que não terão forças para recuperar de imediato dos seus adiantamentos a atacar as linhas defensivas do Atlético.
Será o meio campo do Real capaz de segurar os raides repentistas dos guerrilheiros do Atlético. Ou o meio campo do Atlético capaz de não ceder face ao poder de explosão dos Realistas?
A verdade é esta : o melhor futebol é na Ibéria, em Espanha.