Gaspar tinha aquela voz de alcatifa caríssima que abafa o ruído do calçado, pois nada pode perturbar quem está a pensar na obtenção do lucro, voz que só por si afraca os outros.
Quando saiu e irrevogavelmente entrou a Maria Luís que tem um ar todo despachado, tipo vai tudo à frente na defesa do Sr Schäuble, dos mercados, dos credores internacionais, do Eurogrupo dava para ver que ia longe.
E foi. Direitinha ao Arrow Global. Tão certo como terem sido empresas do grupo a negociar com ela quando representava o Estado português como principal acionista do BANIF.
A Whitestar e a Gesphone e a Carval, todas do grupo Arrow, negociaram e fizeram excelentes negócios com o BANIF, talvez melhor que o do Santander que vai receber mais do que o que pagou pela “compra” do BANIF.
A Maria Luís vai para lá depois de ter estado onde esteve e achar normal porque não vai para nenhum cargo executivo e acrescenta o administrador que o seu enorme conhecimento no dossier de dívidas públicas…pois claro, o que ela saberá do BANIF…do BES…do Banco Novo…e do BdP.
A Arrow não dá ponto sem nó e a Sra Dra dá o nó com pontos que é o de continuar o negócio por outros meios, como diria Clausewitz, o tal que dizia que a guerra era a continuação da política por outros meios.
A Arrow tinha de puxar pelo quadro que lhe permitiu fazer negócios a sério. Tinha de saber promover quem revelou tão altas qualidades a servir Portugal…
O problema para além de ser o que é (o Estado à mercê de quem dele se serve para fazer caminho e vida em setores que o pretendem dizimar) acaba de sair do governo e aninha-se numa financeira que em Portugal andou a ganhar rios de dinheiro com a má gestão de quem estava à frente do BANIF, nomeadamente depois do governo onde Maria Luís pontificava ter colocado o dinheiro dos portugueses para estes enormes predadores se aboletarem.
Maria Luís explicou muitas vezes que o salário mínimo nacional não podia subir cinco euros, nem quatro, que os funcionários públicos ganhavam demasiado, que os portugueses estavam mal habituados…a Arrow podia lá esquecer estes sermões da Ministra de Estado.
São estes rapazes e estas raparigas, estas senhoras e estes senhores que atacam tudo quanto é setor público para entregar as riquezas nacionais aos donos do dinheiro. Os donos do dinheiro têm espalhado pelos diferentes Estados grandes oficiantes que sabem tratar dos assuntos.
Merecem todas aquelas condecorações que Cavaco lhe concedeu. Faltou o Relvas e o José Veiga e mais alguns.
É esta oligarquia que no cumprimento da mais fina legalidade corrompe a República e lança o descrédito na vida em comunidade. Comunidade significa o conjunto dos cidadãos com os seus interesses múltiplos e diversificados. A política não pode ser a arte de prosseguir a obtenção de lucros por outros meios. A política deve estar ao serviço da comunidade e não apenas de uma oligarquia que tudo asfixia.
Para que os deputados ganhem toda a credibilidade que merecem têm que aprovar a exclusividade de funções.
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