Uma equipa habituada a ganhar tem mais possibilidades de ganhar do que uma equipa com muitas derrotas.
Uma equipa que se habitua a ganhar conhece a importância da união e dos sacrifícios para atingir a vitória.
No entanto, o facto de uma equipa se habituar a ganhar pode não ser suficiente para vencer um adversário sério que se apresente unido e disponível para dar tudo pela vitória.
Uma equipa com um trajeto periclitante e com uma derrota na jornada de véspera com um clube de pouca dimensão pode vencer uma equipa cheia de ânimo em terreno desfavorável?
Para a maior parte dos benfiquistas e dos comentadores e opinadores do nosso “país irritador de mercados” o resultado seria a vitória do SLBenfica, quase todos apostavam no dois/zero.
É, pois, natural que dirigentes, jogadores entrassem no estádio com um estado de alma que assentava numa realidade verificada até ali.
Para que tudo corresse como o esperado aos dezoito minutos Mitroglou não perdoou; foi a confirmação do que andava no ar. O Benfica preparava-se para mais uma cavalgada triunfal.
Só que o Porto comandado por Peseiro soube aceitar as coisas e em vez de responder ao que “devo fazer” foi responder ao “como devo fazer”. Não sei se Peseiro leu a “Arte da guerra” de Sun Tzu, mas a verdade é que não descaracterizou a equipa, antes a reagrupou no meio do terreno e mantendo a “ideia” de ganhar.
Peseiro não quis que o Porto fosse outro que não aquele que era e puxando André um pouco mais para baixo e resguardando as laterais sem medo de ir à frente um mexicano oferece a outro compatriota o tiro e restabelece-se a igualdade.
Para uma equipa habituada a ganhar e não a empatar o golo do Porto fez o Benfica abanar tanto mais que o Benfica continuava as suas cavalgadas e o Porto o passa, repassa e chuta do tempo do Pedroto.
Aqui há algo que tem de ser dito: as equipas, todas, aliás, jogam com um guarda- redes que as defende, impedindo os golos. No caso do Porto Iker Casillas que defendeu tudo o que pôde, como lhe competia. Era o tal “como devia” fazer e fez. Um guarda- redes deve ser alguém que defende as redes dos remates do adversário e foi o que Iker fez.
Não está conforme a natureza das coisas que um guarda- redes não defenda aquilo que sabe “como” defender, assim como não estaria na natureza das coisas que Braihmi não tabelasse com André André e Aboubakar não atirasse a matar.
Só quando um comandante se põe a inventar revelando medo do embate é que uma equipa oscila e assim pode ser derrotada. Ontem, na Luz, o Porto fez o que tinha de fazer sabendo “como” o devia fazer.
Quando o derrotado não apreende que não soube “como” fazer corre o risco de voltar a perder embalado pelo facto de ter ganho anteriormente uma série de jogos.
É um sinal de quem não sabe aprender esquecer que Casillas é um elemento da equipa e não foi ele que marcou os golos que Herrera e Aboubakar marcaram.
No ano primeiro da era de Lopetegui este também não aprendeu a lição que o Benfica lhe deu no Dragão, vencendo por dois zero. Júlio Cesar e os postes estavam onde estavam para cumprir o seu destino.
Há dois mil e trezentos anos que o sábio estratega Sun Tzu ensinava que ser o que se é cria força e querer ser o que se não se é gera fraqueza. Peseiro quis que o Porto fosse o que é, o que não acontecia com Lopetegui.
O Benfica não soube adaptar-se e saber “como” devia fazer para derrotá-lo. Talvez fosse para a batalha embalado pelo ambiente que o circundava e o colocava nas nuvens onde nenhum combate se ia travar. O relvado é à flor da terra e foi aí que o Benfica perdeu.
O Porto nada mais ganhou que três pontos. Nada mais.