Os anjos têm sido descritos como entes muito próximos do divino. Sem pecados. Alados. Combatentes das causas divinas. Guardiões invisíveis das pessoas. Há até quem oiça a voz de algodão dos anjos a recomendar condutas próprias e impedindo as outras.
Há também as asas que o anjo me deu e que o Almeida Garret nos legou. Asas e anjos e anjos e asas.
Os anjos sempre povoaram o imaginário humano. Elevando a sua inocência ao que de mais puro existe. Quando morria uma criança sem ter tido tempo para pecar dizia-se- foi um anjo que partiu para o céu. O problema no céu é a falta de anjinhos, pois neste lado do mundo ninguém morre em idade de ser anjinho.
Agora os anjos não vão para o céu; vão para as Caraíbas levadas pela Vitoria Secret tirar fotos ousadas em bikini como a Sara Sampaio.
São os anjos do nosso mundo, o da beleza sensual temperada e abençoada no divino mercado dos corpos de anjos resplandecentes a justificarem largos empreendimentos e colhendo avultados lucros. São os anjos dos mercados globais. Agora os anjos têm sexo. Anjos que um dia serão expulsos do Olimpo por acusarem as rugas da vida e castigados como a Eva e o Adão a envelhecerem.
O que parece ter mudado foi o prazo de validade transformando-os em efémeros, contrastando com a eternidade dos outros.
Ai os anjos Senhor…Fugiram para as Caraíbas.