A elevação do terreno ergue-se ao longo de umas centenas de metros com estevas, oliveiras e azinheiras à frente do caminhante e morre a descrever uma sela para que os humanos olhos desfrutem numa rotação de trezentos e sessenta graus.
Para sul a terra soergue-se levemente continuando num mar de azinheiras pontuadas de oliveiras. É um território de silencioso verde-escuro. Tudo parece adormecido. Só as mansas rolas acordam a atmosfera carregada de quietude.
Virado ao nascente de onde vem a luz que dá forma à cor estendem-se as terras em folhas semeadas e em bruto a pedir piedade aos animais que as não desbastem de tão pouco terem. Cachos de ovelhas abanam os badalos dos chocalhos criando uma ambiente de serenidade perpétua.
Para o poente fica a doçura dos róseos crepúsculos que fazem crer na magia dos instantes tão breves sorrisos à flor dos olhos.
Ai o mar infinito que se deita para o norte; um mar de ondas de terra e árvores e de castelos (Terena, Alandroal) a fazerem de penedos como no mar da minha Póvoa. Um mar feito de oliveiras bordadas como os das toalhas das bordadeiras de Vila do Conde que o céu olha enternecido.
É virado ao norte que o infinito se pendura no olhar e vai amaciar a alma e dar-lhe a quietude que se sabia existir, mas só ali ela ganha corpo.
É como se toda a paz do mundo nos viesse poisar nas mãos que a esperavam assim tão azul e silenciosamente presente.
Entre os olhos e o infinito não há separação, apenas um todo cheio de tudo num círculo cósmico ligando a nossa pequenez ao universo infindável. Fomos nós que o descobrimos sem que ele o saiba, espantados quando a noite tudo cobre e descobrimos sempre a sua imensidão. Sempre.
Tem então todo sentido Jorge Luís Borges…”Certos lugares e certos crepúsculos querem dizer-nos algo ou estarão para nos dizer algo e esta iminência é talvez o facto estético…”