Ai a Memória! – Segunda Parte

A memória é talvez o maior investimento da criatura humana. É um valor depositado que oferece garantias de quem foi quem e o quê.

O PCP estava, na altura do Congresso fundacional do CDS, no governo. E provou com oS MinistroS Álvaro Cunhal e Avelino Gonçalves que era capaz de desempenhar as funções governamentais e era leal para com os parceiros da coligação. Convém não esquecer mesmo dentro do PCP.

Dizia-se nos corredores de São Bento que os compromissos assumidos por Álvaro Cunhal eram certos e seguros, ao contrário do que era combinado com outros.
O PCP nada teve a ver com o ataque ao Congresso do CDS. Condenou-o.

O interessante é ir à memória pessoal e recordar que pouco depois do 25 de Abril Carlos Brito chamou-me à sede do PCP na Rua António Serpa.

Disse-me que o Partido não via com bons olhos o eventual saneamento na Faculdade de Direito de Freitas do Amaral e de Isabel Magalhães Colaço que os “revolucionários” de então queriam a todo o custo, criando uma clivagem na Faculdade tentando colar a UEC àqueles professores.

Durante vários meses a UEC em Direito conseguiu evitar, mas a pressão do MRPP e outros acabou por deixar a Faculdade resvalar para uma espécie de revolução cultural à portuguesa, onde muitos se agacharam.

Por amor à verdade histórica tem de ser dito que independentemente das muitas diferenças entre o PCP e o CDS, não foi o partido comunista o protagonista dos ataques ao Congresso do CDS.

Tem de se ir a dirigentes de sucessivos núcleos dirigentes do PSD para descobrir os autores materiais e intelectuais de tal façanha.

O PSD e outros receberam de braços abertos esses cavalheiros em vias de se recomporem dos excessos juvenis.
Tem de se ir àquele núcleo ativíssimo de esquerdistas que hoje estão bem instalados na vida e na altura se pronunciavam iracundos contra o golpe de estado do 25 de Abril cuja finalidade foi impedir a revolução, segundo a cartilha.

Hoje dá vontade de rir, mas era assim que Durão Barroso, Saldanha Sanches, Garcia Pereira e tantos outros quadros guiados pelas lufadas do vento leste assumiam que os PIDES MORREM NA RUA e julgamentos populares no anfiteatro de Direito sempre.

Uma vez mais na História o ódio ao progresso social tinha de ter um biombo: o anti- comunismo empedernido.

Portas é hoje um político irrevogavelmente balseiro. Tanto pode comprar o boné do Paulinho das feiras como o do partido dos reformados e agricultores como o dos cortes, ao mesmo tempo. O importante é estar no poder. Com poder é capaz de manter o partido e o partido mantê-lo.

Mas como não se pode apagar a memória, mesmo querendo, alguns dos que atacaram o CDS andam de braço dado todos contentes com o sempre (im)previsto Paulo Portas. Ai o poder…

Um pensamento sobre “Ai a Memória! – Segunda Parte

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