Com a devida vénia transcrevo um pequeno mas interessantíssimo texto do grande matulão (da República Ninho dos Matulões) Zé Neves.
Na verdade este nosso Portugal tem tão pouca memória e a ignorância grassa e pensar dá trabalho que não resisto a publicar este suculento naco de boa memória que devia fazer corar de vergonha Portas e uma série de famosos.
Deliciem-se.
Portas, os mitos urbanos e os seus “conhecidos” de 75
Em Braga, Passos Coelho e Portas viram-se apertados por professores e revoltados do BES e o último lembrou-se do tempos heróicos da direita no PREC, caracterizando os agitadores:
“Alguns são espontâneos, outros já são nossos conhecidos, de 1975, quando nos quiseram limpar o sebo!…” – disse à televisão, relembrando o famoso cerco do Congresso do CDS, no Porto, que os mitos urbanos da direita atribuíram aos “comunas”.
Será que reconheceu, entre os manifestantes, as caras de Durão Barroso, Pacheco Pereira, Nuno Crato, José Manuel Fernandes (ex-Público), Henrique Monteiro (Expresso), e outra malta do “arco do poder” que, nesse passado, assumiam a pele de perigosos “esquerdistas”? Terá avistado, entre os cartazes, António Costa, que já então devia pertencer à Juventude Socialista?…
De facto, o tempo e a manipulação podem fazer parecer a memória enviesada, mas quem, em 75, convocou o “cerco” ao Congresso do CDS, foi a Juventude Socialista (o PS demarcou-se depois), os trotskistas da LCI, o MRPP, a LUAR, o MES, o PRP-BR, o OCMLP e outros grupos “esquerdistas”, onde estes “conhecidos” de Portas, bradavam o seu ódio à direita e ao capitalismo. Quanto ao PCP, Álvaro Cunhal, condenou logo o boicote ao Congresso do CDS, considerando que “tinha a marca da provocação”.
Quatro décadas depois, o “cerco” (que fez explodir a “Europa” de preocupações sobre as liberdades lusas), parece ainda dar jeito à direita para se vitimizar e fugir às responsabilidades.
Mas será que, em Braga, estavam, de facto, alguns dos que queriam “limpar o sebo” ao CDS, integrando a comitiva do Portugal à Frente ? Terá Portas sido, por um momento, sincero, quando disse, “já são nossos conhecidos”?