Na longa entrevista ao SOL António Costa de um modo enviesado mostra com toda a clareza ao que vem, caso seja Primeiro-Ministro.
Retiro três momentos da entrevista.
- Como todos se recordam o PS com Sócrates à frente teve como adversário no PSD a Dra Manuela Ferreira Leite, a que competiu ao longo de muitos anos com a Dra Maria-Cavaco para ver quem era mais cavaquista.
Nessa altura o PS despachou-a com uma cilindragem que levou Passos Coelho para o trono da Buenos Aires.
Pois é esta Sra que chegou a propor que a democracia ficasse congelada seis meses e que os idosos com mais de setenta anos não deveriam ter acesso à hemodiálise por via do SNS, com quem Costa se identifica e sublinha neste momento de debate eleitoral essa identificação…”Há entre mim e Manuela Ferreira Leite uma identidade de pontos de vista muito significativa…”
Não refere um único ponto de vista em que se identificam, mas fica o aviso : ele e a Sra Dra tem uma significativa identidade de pontos de vista. Não digam que ele não disse.
É certo que ela tem dito coisas que não são agradáveis para Passos Coelho, mas daí à identificação vai um mar de questões que Costa passou totalmente ao lado.
O que pretende Costa com esta ressurreição para a política ativa de Manuela Ferreira Leite?
Já com Pacheco Pereira nem pensar nisso…A contrario sensu não há uma significativa identidade de pontos de vista…branco é, galinha o põe.
- Mas Costa quis continuar a revelar o seu pensamento político e na verdade a maneira com encara Schäuble é elucidativa…”Deu grandes contributos para a construção europeia e tenho a esperança que enquanto ministro das Finanças possa um dia dar um contributo igualmente bom…” Assim.
O rosto da política imperial alemã, da humilhação da Grécia, da política da austeridade a todo o custo, só porque …”uma coisa é certa e não duvido por um segundo que é um europeísta…” Ai sim? E Tsipras é um africanista? E Varoufakis um asiático?
Schäuble é Ministro de uma coligação para enfrentar os marcianos que são todos os povos que se não queiram render a serem Juntas de Frequesia da poderosa Alemanha.
Costa só admite um bloco central como o da Alemanha se vierem os marcianos que ainda não chegaram à Alemanha, que se saiba.
Na verdade na Alemanha há um bloco central entre o irmão do PS, o SPD, e a direita conservadora da Sra Merkel e do Sr Schauble.
Em Portugal Costa não tem uma alternativa ao atoleiro austeritário comandado por Berlim, tal como a coligação da direita. Seguem a mesma cartilha com interpretações mais benévolas ou malévolas, mas o livro é o mesmo, o do europeísta Schäuble.
- Aliás deve ser por isso que, sem saber como enfrentar a vã glória de pedir maioria absoluta, se esfarrapa a alegar que se lhe derem maioria absoluta tudo vai ser fácil e não haverá lugar a angústias.
Ainda não percebeu o que a direita já percebeu: o PSD sozinho não ia longe; o PS quer ir onde não chegará, nem com a Manuela Ferreira Leite debaixo do braço.
Afinal onde está a afirmação do PS que levou ao desaparecimento de Seguro? No entendimento com Ferreira Leite e Schäuble? Na cassete da maioria absoluta? Tanta guerra e tão velhas ideias.