Dá que pensar. Depois do homem que ocupa o Palácio de Belém veio Passos Coelho, no dia a seguir, enquanto o ferro está quente, pedir para ele ou para o PS a maioria absoluta.
Para ele percebe-se. Quer continuar com toda a estabilidade a empobrecer os portugueses e a prestar vassalagem à Alemanha( não se sabe se a Schäuble ou se a Merkel) e levar até às últimas consequências o programa neo liberal de privatizações.
Para o PS não se percebe, mas percebe-se. É como jogar em dois carrinhos que asseguram o mesmo objetivo, embora com ritmos diferentes.
Cavaco, Passos e Portas (este subalternamente) querem apresentar a coligação como a tal garantia de mais do mesmo, só que doravante, dizem, a recuperar.
A recuperar para os grupos económicos o que ainda não têm, oferecendo-lhes nova legislação laboral, dentro do que Passos já anunciou para se tornar campeão em competitividade máxima, passando os portugueses a viverem com direitos mínimos.
Percebe-se a manobra. Deem-nos maioria absoluta que vamos entrar no tempo de recuperação. Foi no governo do PS que veio a troika, vejam se querem mais ; eles, os figurões que se pelavam por cá ter a troika, que deram as mãos ao PS a chamá-la para impor um programa de austeridade que Passos Coelho levou mais longe, gabando-se.
Vem de repente o Dr Portas todo lampeiro dizer que a troika já não anda pelas ruas de Lisboa, o que nem sequer é verdade, pois de vez em quando descem ao Terreiro do Paço a monitorizar…
Percebe-se que em campanha eleitoral não podem anunciar a continuação do empobrecimento da população porque não dá votos e as eleições são para ganharem se puderem…Passos não pensa noutra coisa, não é verdade que se lixem as eleições, como afirmou fazendo uma rábula; que se lixem os portugueses, isso sim é verdade.
Deem-nos a nós maioria absoluta ou então ao PS, mas lembrem-se que se lhes derem a maioria absoluta vem aí as despesas, como se eles não as tivessem feito para pagar as incompetências e crimes da banca. Despesas sim, mas das grandes e para os grandes. Para o SNS, para a Educação Pública, para a Segurança Social não, por causa do déficit.
Maioria absoluta para o PS porque a história do PS no governo com maioria absoluta e com o Limianos é a história de um partido que fez sempre o contrário da sua matriz e governou mais ao centro e à direita, abandonando a social – democracia há décadas. Hoje é um partido com uma direção de tipo liberal com respingos de esquerda para tapar a verdadeira face.
Só que a direita toda, a começar em Cavaco e a acabar em Portas, sabe que o PS não deve ter maioria absoluta. A direita joga, por isso, num cenário em que não tendo o PS a maioria absoluta fica, segundo estes figurões, o país ingovernável e os credores apavorados. Dado que só vivem para os credores percebe-se o pânico; pânico que resulta da remota possibilidade de havendo um maior equilíbrio entre as diversas formações de esquerda que o PS possa ter de fazer o que não deseja.
Está, portanto, nas mãos dos portugueses decidir. Dando a quem quer que seja maioria absoluta, entregam ao destinatário o poder absoluto. Já experimentaram várias vezes. Só aprende quem quer.