António Costa desencadeou o ataque a Seguro levando à sua substituição com base na necessidade de um PS mais forte na afirmação de uma alternativa à coligação de direita.
Neste contexto depreendia-se que se António Costa ficasse à frente do PS faria da sua liderança um eixo com a afirmação mais nítida de uma alternativa à direita no governo. A coisa não sendo muito clara, era subliminar.
Ei-lo agora em toda a sua nudez: o que o PS quer é maioria absoluta e se não tiver logo se verá quem fica à frente do PSD e do CDS.
Cada partido pede o que quer e os portugueses já sabem o que é darem maioria absoluta a um partido ou a uma coligação. Entregam-lhes uma espécie de poder absoluto.
Os deputados em geral obedecem às direções. Decidam as direções partidárias o que vierem a decidir, os deputados da maioria irão votar favoravelmente.
Como Costa sabe que não deve ter maioria absoluta não diz o devia dizer e diz o que desdiz. Que diz? Com uma esperteza que deixa à vista a artimanha declara solene: não farei acordos com o PSD e o CDS com as atuais direções. O que significa esta declaração?
Que, como todos sabemos, perdendo as eleições, muito provavelmente Coelho e Portas deixam as direções e vão para lugares que a sua governança justificou.
Vêm novos líderes e está preenchida a condição de Costa para ir a Belém com um governo maioritário como pretende o íncola de lá.
É convenhamos mais um truque à PS. O que seria de esperar de quem entrou em cena para o cargo de líder do PS, no contexto em que entrou, era que não renunciasse a acordos à esquerda, mesmo que os não viesse a fazer. Mas prefere desde já dar garantias que os não fará, perdendo grande poder negocial.
Uma entrevista serve para esclarecer e não para baratinar o eleitorado.
Costa entra nesta pré campanha com uma agenda imediata: ver o que dão as eleições, sossegando a direita quanto a um eventual acordo à esquerda. A década espera. A diferença com Seguro também.