As palavras são a alma das frases. São o fermento que leveda o sentido e a ponte entre os que as escutam.
Há frases que nos fazem pensar, outras tão belas que nos deleitam, outras ainda que são raios de luz que deviam obrigar a pensar.
Um novo deus, dono dos dinheiros do mundo, implacável para com os sem dinheiro, veio proclamar urbi et orbe a boa nova com os seguintes mandamentos, entre outros: esmagar o próximo, teu concorrente; praticar tudo o que for necessário para atingir o vértice do poder; dominar o sistema económico. Se assim fizeres dominarás o mundo, as bolsas andarão a teu mando; os governos obedecer-te-ão; o planeta não bastará para ti e os da tua estirpe…
Este é de lés a lés do mundo o comando que parece invencível na sua escalada de domínio.
Já não são só os indivíduos programados para a (im)potência e alienados com o individualismo que vão baixando os braços; os próprios Estados outrora soberanos, são apertados no torniquete do poder económico e ameaçados no mercado de capitais impondo-lhes juros usurários que tornam impossível obter crédito.
Este poder diabólico precisa de quadros, de gente capaz de executar o programado, de governos fieis, dos que merecem a honra de comer à mesa dos Senhores da Terra.
Admitem os irrevogáveis, os imperfeitos, os que não erram, nem leem jornais, os semeadores de ilusões…E outros.
Todos eles, na hora da verdade, receberão a recompensa, por, à custa do sofrimento da imensa maioria, ter tornado ainda mais rica a ínfima minoria, mais dona-de-tudo-isto.
Neste mundo, quando alguém, do alto das suas tão elevadas funções, diz…”Esta é a tirania de um sistema económico que põe o deus dinheiro no centro, e não as pessoas…” assinala uma grande verdade.
Dá um abanão. Agita as águas no sentido bíblico. Convoca a indignação. Traz à memória a revolta dos escravos. Enfrenta o Império. Torna-nos irmãos na nossa humanidade contra a desumanidade.
A frase assume um conjunto de pressupostos que têm em vista a realização da justiça e a dignificação das pessoas.
A classificação por parte do Papa Francisco do atual sistema económico convoca o povo católico a seguir o exemplo do seu chefe no sentido de colocar as pessoas no centro e não o deus dinheiro.
Mas não só. Esta coragem, este murro de força intelectual, transmite-se a todos os homens e mulheres sedentos de justiça.
Se houver a coragem que Francisco revela, se os que o dizem seguir forem dignos do caminho, se os impostores que adoram o deus dinheiro, forem descobertos, se os não crentes fizerem ombro na grandeza humana com Francisco, então todos seremos capazes de construir um mundo melhor, sem tiranias.