Caríssimo amigo Domingos
Paz e saúde e desde já um abraço como estrondo dum “chocalho!”
Felicito-te pelos barulhos do “chocalho” com que nos vais acordando.
Deixa que me refire a esta frase tua: “Cada um que se salve, ou não sendo capaz, que trate junto de outras áreas de negócio como são as instituições de solidariedade social em que a caridade substitui a dignidade de uma vida de trabalho.”
Meu caro, quando estivermos a beber um copo falaremos mais nisto, mas o conceito de caridade vem do “amai-vos uns aos outros…” e do “tive fome e deste-me de comer…” sem especificar as modalidades históricas do dar de comer e das fomes que o ser humano tem. Mas o que quer relevar é a distinção entre “assistencialismo”, “acção assistencial – necessária, mas que deve ser temporária”, “caridadezinha” e caridade. A caridade é aquele amo, aquela força que o peito não pode conter, que sai de dentro e nos motiva a ver no outro um irmão, a comovermo-nos com ele e a encetarmos com imaginação e audácia um “resgate” para a dignidade e pior isso, não há caridade sem justiça, e não há justiça sem caridade, pois esta se pode transformar em legalismo ou estruturas, mas que não transportam afecto. Um combatente pela justiça e pela dignidade humana tem de ter um coração cheio de caridade-amor! Sobre está temática a Encíclica de Bento XVI “Caridade na Verdade” é muito eloquente.
Já agora vai um chocalho para ti cheio de caridade!
Abraço e cumprimentos à Susana
Meu irmão
Antes do mais: muito obrigado.
Depois: que maravilha que tenhas caridade para me corrigir.
Quando escrevi a palavra caridade hesitei. Devia ter ido mais longe e apagado a palavra. Fica o agradecimento. Sabes que a palavra é muito ambígua, mas eu já o sabia… O que nos sai do peito por força do impulso que nunca nos deixe de sair…salvo se for a palavra caridade mal aplicada.
O teu irmão entre os homens de boa vontade
Abraço do domingos