A coligação criada por Obama para combater o Estado Islâmico tem a Turquia como membro. Não é de admirar enquanto país da NATO…mas, há sempre um mas… A Turquia, porém, parece que não está nesse combate. E como dizia o velho ditador de Tondela em política o que parece é… E no caso é.
O dirigente da oposição turca, Kilic Daroglu, líder do Partido Republicano do Povo (social democrata) acusou o governo turco de apoiar o Estado Islâmico comprando-lhe petróleo, fornecendo armas, abrindo facilidades para instalarem centros de recrutamentos, entre outras medidas de apoio.
As notícias que chegam da frente militar em Kobani, cidade síria de maioria curda, dão conta dos bombardeamentos turcos contra posições curdas.
O governo turco liderado por um partido islamista não aceita, mesmo fora das suas fronteiras, que os curdos se fortaleçam nas suas posições. Entre a barbárie do Estado Islâmico e uma previsível autonomia curda, na Turquia a balança pende para o lado da barbárie.
O YPG, Unidades de Defesa do Povo Curdo, têm aguentado o assalto do Estado Islâmico( EI), sem até hoje se terem aliado aos “moderados” do Exército Sírio Livre, oposicionista de Assad.
Nem o regime sírio morrem de amores pelos curdos sírios, nem os moderados estão prontos a dar-lhe o quer que seja em termos de autonomia.
Os turcos, a última coisa que querem, na sua fronteira, é um “cantão” pelo que uma vez mais os curdos poderão vir a ter contra eles todos os regimes da região, salvo, neste momento, os irmãos curdos iraquianos.
Os EUA e a NATO sabem que no terreno em Kobani são os curdos do YPG que combatem o EI. Que fazer? Criar um problema com a Turquia? Ou uma vez mais irão fazer de conta que os curdos não são um povo tal como foi reconhecido no Tratado de Sevres no final da primeira guerra mundial que obrigou a Turquia a reconhecer a autonomia do Kurdistão?
As notícias referentes à entrega de armas aos curdos em Kobani pela aviação norte-americana é um elemento novo a ter em conta num xadrez muito complexo de alianças efémeras e muito contraditórias.