Ontem foi a vez de outra voz. A da Maria Luís. Contidamente metálica e determinada. Quase adolescente. Inodora. Cheia de palavras graves e agudas. Delirante. Quase jiadista prometendo o paraíso aos mártires da austeridade. Promessa abençoada pelos deuses dos mercados. O novo bezerro de ouro.
Antes desta era a vez e a voz de Gaspar. Aflitivamente sem vida. Jiadista também. Um entusiasmo pelo martírio de um pecador por quem a Jonet rezará pela salvação. Uma voz sem sal. Apenas feita de cicuta.
São as vozes deste governo. Dolorosas como convém à promessa da Vida Eterna. Vozes de algumas alcatifas de catedrais e mesquitas.
Vozes emprestadas pelos insondáveis deuses omnipotentes e orwellianos.
A de ontem impenetrável como o aço. Sobra da voz um percentagem de dois décimos de um pecadilho menor.
O resto é o cumprimento rigoroso das ordens dos usurários para que a Junta da Freguesia Portugal cumpra ou morra.
Os do Sul vivem uma espécie de pecado original que os contaminou para todo o sempre. A periferia. O atraso de sempre.
São vozes de tal modo decalcadas dos seus mandantes que só o exorcismo de um poderoso xamã as poderá tirar da paranoia em que mergulharam.
Já não era dela aquela voz.
Se não precisassem de nós para pagarmos impostos, já nos tinham vestido o fato jiadista para nos degolarem…
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