OS INIMIGOS DOS MEUS INIMIGOS
Ao que parece todo o mundo está contra o Estado Islâmico…mas não é bem assim. Basta confrontar a posição da Turquia com o que se passa na cidade síria de Kobani cuja a população é curda.
O governo turco em vez de atacar os jiadistas bombardeia as posições dos sitiados curdos.
Os militares turcos preferem negar os direitos nacionais dos quinze milhões de curdos que vivem na Turquia e aliam-se ao do Estado Islâmico.
Foram as autoridades turcas que empaturraram os jiadistas de armas, seguindo o exemplo dos EUA, Reino Unido, França Arábia Saudita e Cª.
Essas armas serviriam para derrubar o regime sírio, como os talibans serviram para derrubar o regime laico então existente no Afeganistão.
De novo a história se repete: medraram-nos e senhores da sua força ei-los em pleno instaurando o terror medieval onde ganham o poder. Voltamos à época dos califas, das crucificações, da morte por apostasia e ao puro reino do medo.
Os dirigentes dos EUA dizem que os bombardeamentos não estão a atingir os jiadistas…cabe perguntar: quem estão a bombardear? As infra estruturas sírias? Refinarias? Gaseodutos? Expliquem-se.
O laboratório militar que é hoje a Síria e o Iraque, países centrais no Médio- Oriente, está a servir de teste à expansão do islamismo para as populações muçulmanas da Rússia e China?
A fragmentação do Iraque está a ser implementada na Síria?
O que está a acontecer é o enfraquecimento destes países a poderes dispersos de configuração tribal como na Líbia debilitando toda a região, ganhando dimensão Israel, a Turquia e porventura, nesta fase, o Irão.
É evidente que os EUA tiveram no Afeganistão um vitória de pirro…pois não são capazes de instalar outro poder que não seja os dos talibans coligados ou não.
No Iraque guindaram ao poder os chiitas e segmentaram o país em comunidades tribais.
Parece que a estratégia passa, antes de tudo, por transformar estes países em Estados fracos e capturar as suas riquezas, nomeadamente o petróleo e o gás.
Fazendo um exercício de prognose o que interessa aos EUA parece ser a instalação do caos.
Se lograr instalá-lo só o seu poderio militar poderá impor a ordem. Poderá?
Ademais a estabilidade da China é demasiado intimidante para quem quer ser o número um no mundo. Estes jiadistas experimentados em tanta guerra podem servir. Os inimigos dos meus imigos são meus amigos…
No seu discurso de fim do 2ª mandato como presidente dos Estados Unidos,Eisenhower, embora grande animador da corrida aos armamentos e apoiante das petrolíferas para destituir Mosadeg e pôr o Xá no poder, alertou contra a influência excessiva do chamado complexo militar industrial, do seguinte modo:
” Na esfera da governação devemos proteger-nos contra uma influência indesejada do complexo militar industrial. Existe e permanecerá o potencial para um surto de poder mal concentrado. Não devemos permitir que o peso desta conjugação ameace as nossas liberdades e o processo democrático. Não devemos partir do pressuposto de que tudo esteja garantido”
Com base em dados de 2008, as despesas em armamento, a nível mundial foram de 1500 milhões de dólares, sendo de 630 milhões a dos EUA. O segundo maior “gastador” é a China, mas com 80.000 milhões. Grandes gastadores são ainda a Arábia Saudita ( deve revender parte o armamento aos jihadistas) e o Japão.
As guerras que estão ser travadas no médio oriente parecem assim um pretexto para vender armas traduzindo a cedência do poder político ao lobby das armas. Isto porque as intervenções dos Estados Unidos, em termos políticos e até de influência, têm se traduzido em “tiros no pé”. Acrescente-se que no mundo capitalista neoliberal em que o estado é posto pelas ruas da amargura, a indústria armamentista vive do estado, melhor dizendo, do dinheiro dos contribuintes!
Já agora uma perguntinha: Se os jihaditas estão a ser financiados pela venda de petróleo, quem é que lho compra?
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Uma rectificação: não são 1500 milhões de dólares, mas MIL QUINHENTOS MIL MILHÕES DE DÓLARES
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