Na Faixa de Gaza morre-se de fome e de sede por ordem de um serial killer

O inferno nem sempre existiu. Talvez tenha dez séculos da nossa Era. Mas essa invenção de sofrimentos atrozes perpetrado pelos demónios contra a alma dos mortos, se bem que seja difícil imaginar as almas a sofrerem torturas do fogo e similares (dada a sua imaterialidade), já existia em muitos locais da Terra. Os escravos, os servos da gleba, os desgraçados padecentes de doenças que os tornavam incapazes, os que viviam de quase nada e sofriam de quase tudo. Os infinitamente pobres que morriam de fome. Como hoje se morre em Gaza.

A céu aberto, na Faixa de Gaza, o país que diz ser o escolhido de Jeová reuniu todas as maiores maldades do mundo, aquelas que pensávamos inexistirem, e de regresso à Idade das Trevas, à idade da força bruta, implacável, traiçoeira, covarde e vergonhosa cercou aquele território, obrigando os seu habitantes a deslocarem-se de um lado para o outro, sendo metralhados do céu e de todos os lados pelo mais poderoso exército da região há quase dois anos. E continuam a metralhar.

Depois de bombardearem hospitais, escolas, mesquitas, pelo menos uma igreja, habitações e já quase tudo se ter desmoronado, Netanyahu, o tresloucado, impõe aos palestinianos de Gaza a fome e a sede. Isto é, o extermínio dos habitantes de Gaza. Netanyahu é em linguagem de foro criminal um serial killer, a sua sede de sangue é inesgotável.

 As imagens chocantes de crianças esqueléticas e de disparos à queima roupa sobre quem corre para obter alimentos em recintos e filas controlados pelos israelitas não têm no mundo que vivemos a explosão de repúdio que se justificava.

Qual foi o crime cometido por estas dezenas de milhares de mortos? Serem palestinianos. Viverem em Gaza há milénios. Assistiram à chegada de fenícios, romanos, árabes, turcos, europeus. Ali viveram até serem corridos na ponta das baionetas pelos dirigentes sionistas de Israel com o total apoio ocidental. Milhões foram forçados a partir a famigerada NAKBA. Alguns milhões ficaram.  É a estes que Netanyahu quer exterminar. E toda vingança é ignominiosa, mas o massacre de inocentes por ordens de Netanyahu e seus parceiros é ainda mais aviltante. Fere-nos a todos. Faz-nos macambúzios. Revolta-nos.

Olhamos em redor de nós e que vemos? No mundo fechado dos dirigentes da UE os sorrisos de apoio ao carniceiro de Telavive que está a fazer o trabalho sujo da UE, segundo Merz, o homem com currículo  na Black Rock; o fugitivo de da justiça israelita, o amigo Trump, que se o deixassem fazia de Gaza um resort sobre as ossadas e o sangue do povo palestiniano.  

Os nossos olhos e os nossos ouvidos parecem estar fechados para o extermínio palestiniano, talvez de tão preocupado estarem com o destino do Estádio da Luz ou da assinatura do contrato de Cristiano Ronaldo ou do namoro de uma atriz portuguesa com um corredor da Fórmula1… Depois o que passa na televisão é uma guerra, só que a guerra é entre ocupantes e ocupados. Veja-se a diferença com a Ucrânia. Não se toca em Israel…é o cão de fila dos interesses ocidentais, faz o trabalho sujo…

Posso estar enganado, mas há aqui uma perda do mínimo de lucidez. Várias personalidades, ao longo de vários séculos, ensinaram-nos que pode enganar-se muita gente durante muito tempo, mas é impossível enganar toda a gente todo tempo.

Aqui bate o ponto, até onde irá esta espécie de letargia dos povos ocidentais para aguentar este extermínio?

Se Netanyahu entregasse a Trump numa bandeja as últimas cabeças dos palestinianos de Gaza, então seria verdade que os monstros tinham vencido e que o mundo resvalaria em direção ao ponto negro onde deve estar a morte.

Sim, se a morte de tantas crianças, mulheres e velhos palestinianos já não nos choca, que podemos merecer? Já não seremos humanos, talvez semáforos que acendemos e apagamos, como os telemóveis.

Os sentimentos fizeram de nós humanos; a falta de sentimentos far-nos-á desumanos. Qual o caminho? O grito de Viva la Muerte está ao rés das nossas cabeças. Então…

Os media, os basbaques e o jogo das emoções

O mundo está mergulhado num enorme vazio. Os outros, os nossos companheiros desta curta caminhada na Terra, é como se não existissem. Mas como somos seres tremendamente sociáveis, somo levados em certas situações a tirar os olhos dos nossos queridos telemóveis.

A nossa pertença à comunidade está a transformar-se num imenso espetáculo universal em que a dor ou a alegria de alguém, quase sempre pertencente à lista restrita dos chamados famosos, se transformam em doses gigantescas de transmissão de tudo e de nada referente ao evento em questão.

A falta de sentimento de pertença à comunidade seja ela profissional, vicinal, religiosa e até ideológica como resultado de um mundo cada vez mais egoísta, hedonista a rondar o narcisismo faz com que cada aja de acordo com as vagas mediáticas que transformam certos acontecimentos em espetáculos de densas cargas emotivas.

Se algum(a) famoso(a) com acentuado pedigree casa ou dá uma festa de arromba os canais televisivos disputam entre si os exclusivos e transmitem-nos ad nauseam e naturalmente que uma sociedade perdida de sentido e mergulhada num desânimo quase total aceita com toda a naturalidade o basbaquismo a que se configurou.

Os media, pertença de bilionários, bem assessorados pescam nos mares das emoções superficiais e servem a cada minuto diretos dos festejos ou das desgraças.

Estas incontinências sentimentais entram diretamente na área descoberta da sensibilidade humana e corporizam a tal pertença que se foi perdendo num mundo alucinado de guerras e de desigualdades sociais brutais.

Estes espetáculos mediáticos só têm o pleno efeito quando dizem respeito aos que vivem no cimo, no cume, na vida boa. E para que a dose tenha plena eficácia a juventude nos casos de júbilo ou desgraça é também um elemento de glamour ou de dor.

A morte de Diogo Jota e de seu irmão ao volante de um potente Lomborghini Huracan, abanou o quotidiano porque não é suposto que um ídolo como o Diogo morra ao volante aos vinte oito anos.

Ninguém pode esperar algo como aquelas mortes. Então a nossa condição de humanos nivela-nos a todos. Podemos morrer. Todos os dias morrem jovens e outros em situações dramáticas. Só que não pertenciam ao firmamento da Terra. Morrem e ninguém fala deles. Compreende-se, dado que admiramos os que se distinguem nas suas vidas. Tudo certo.

 Diogo Jota era um futebolista do Liverpool, da seleção nacional. Jogava bem. Ganhava rios de dinheiro. O que ele fez na vida foi jogar futebol a um elevado nível e recebia porventura num ano o que a maioria dos portugueses não recebem a vida inteira. O mal não estava do lado do Diogo, mas sim de uma vida desumana de grande percentagem dos seus compatriotas.

Durante estes dias de manhã à noite os media serviram tudo quanto puderam sobre Diogo Jota, desde o acidente ao casamento, filhos e progenitores.

O Presidente da República, o Primeiro-Ministro e individualidades de toda a espécie foram ao funeral e botaram declarações. Pedro Proença para se diferenciar atribuiu ao malogrado Diogo a condição de “aicone”.

Este é um traço bem carregado do atual estado das nossas comunidades e da forma como os tais valores dominantes entram pelas nossas casas e batem à janela das nossas consciências.

Um jogador de futebol morre numa autoestrada em Espanha a fazer uma ultrapassagem e desde esse instante até ao funeral os media não mais largaram a desgraça, sentando frente às televisões ou telemóveis milhões a acompanhar o ídolo distante, contrastando com a insignificância da morte para o resto da Humanidade.

No mesmo dia faleceu o General Garcia dos Santos, um homem que arriscou a vida no 25 de Abril de 1974 e que foi um dirigente impoluto, íntegro e que defendeu com toda a sua força os interesses democráticos. Quase não se soube.

O vazio civilizacional que atravessamos precisa de espetáculos para nos anestesiar e de seguir em frente e acordar com as alegrias e os infortúnios dos outros. Parece que nos basta a vida boa ou a morte dos famosos porque a nossa e a dos outros não vale a pena. A arte é fazer de todos nós basbaques que seguem os da vida boa.

A diferença entre Gregor, o caixeiro-viajante de Kafka e Rutte, o caixeiro da indústria da morte

Mark Rutte, o ainda Secretário-geral da NATO, não deve ter lido a Metamorfose de Franz Kafka.

Resumindo: Gregor, caixeiro-viajante, a personagem da novela acorda feito num inseto enorme e que o deixa horrorizado.

Se Rutte tivesse lido a famosa e intrigante novela jamais teria dito o que disse a Donald Trump, o novo Imperador do blasfemo Império Ocidental.

 Pensando melhor, talvez tenha lido e devido a esse facto antecipou o seu destino de inseto rastejante.

Na verdade, o ex primeiro-ministro dos Países Baixos, baixou-se tanto, tanto que atingiu os pináculos do rastejamento.  

Rutte, conhecendo as contradições e fragilidades da NATO, decidiu ir pelo caminho mais fácil – julgar que “compra” Trump com adjetivos elogiosos do novo imperador ocidental. Elogiou-o como só o sucessor na dinastia.

Até paizinho lhe chamou. E como bom fora da lei colocou nos Himalaias dos encómios as agressões dos EUA e de Israel às instalações nucleares iranianas.

Este senhor é Secretário-geral da NATO à qual pertencem quase todos os países da Europa e o Canadá, daí que seja o Secretário-geral de todos eles.

A estes países, alguns quase milenares, não incomoda um lambe-cus desta estipe? Nem um se distancia? A NATO é isto?

Gregor era um humilde caixeiro-viajante que tinha de vender mercadorias para ganhar a vida; este é o caixeiro-viajante da indústria da morte.

O VELHO BRUEGEL, O PROVÉRBIO NADAR CONTRA A CORRENTE E O GENERAL AGOSTINHO COSTA

Peter Bruegel, pintor flamengo do Renascimento, pintou alguns quadros acerca dos Provérbios que então nos Países Baixos estavam em uso. Um deles “Nadar contra a corrente” sempre me impressionou no sentido de que a vida é muito mais que encarneirar nas ideias dominantes.

Nos oceanos mediáticos que banham o mundo, há uma esmagadora maioria de opiniões e análises que fazem uma corrente única de pensamento e que tudo varrem. Há aqui e ali pequenas luzes de pluralismo que de algum modo contribuem para que o nosso espaço de vida não seja como o faroleiro do Principezinho do Saint Exupéry que apenas acendia e apagava.

A invasão da Ucrânia pela Rússia tornou-se o maior acontecimento deste século pelo seu significado geopolítico e geoestratégico.

Ora, vale a pena um exercício de memória. A corrente dominante assentava na seguinte narrativa: a Ucrânia entraria para a NATO, a Rússia seria derrotada estrategicamente e oapoio à Ucrânia seria as long as it takes…A fundamentação eral – a Rússia não aguentaria as sanções jamais aplicadas, as espingardas eram da 1ª guerra mundial, os soldados não tinham rações e segundo a Sra Ursula iriam ficar sem frigoríficos porque lhes estavam a retirar os chipes para os mísseis. Os cancros de Putin eram todos péssimos.

Era o tempo em que todo o tempo era martelada a ideia que não havia nada a negociar a não ser a derrota da Rússia, vide Costa, Biden, Marcelo, Macron, Stoltenberg, o Jardineiro Borrel e Cª. Zelenski convencido pelo embalo ocidental auto proibiu-se de negociar com Putin.

O general Agostinho Costa nas suas análises punha em relevo a quase impossibilidade de derrotar estrategicamente a Rússia e que após a malograda contraofensiva do verão de 2023, a Rússia estava a avançar no território da Ucrânia e que a continuar assim o exército ucraniano poderia sucumbir. Quem estava certo e quem estava errado?

Outro acontecimento maior foi o genocídio atual dos palestinianos de Gaza após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra os ocupantes israelitas. A uma só voz, o Ocidente correu em socorro de Israel alegando que tinha o direito a defender-se num território por si ocupado ilegalmente. Apesar do genocídio, Israel localizado na Ásia continua a participar na UEFA, nos Festivais da canção e outros eventos culturais. É o nosso bandido a fazer o trabalho sujo, Merz dixit.

A corrente dominante achava que Israel esmagaria o Hamas e traria os reféns de volta. Nas suas análises Agostinho Costa sublinhava que o exército israelita, tido como o melhor da região, não estava a conseguir derrotar os combatentes palestinianos. E até hoje mantém-se essa impossibilidade.  Quem estava certo e quem estava errado?

Devido à incapacidade de Israel de derrotar o Hamas, Netanyahu para salvar a pele no processo judicial em que é acusado, decidiu atacar o Irão com o objetivo de derrubar o regime, aniquilar a capacidade do Irão disparar mísseis hipersónicos e atacar as estruturas onde é suposto estar a produzir urânio enriquecido. A resposta iraniana foi dura e o escudo abriu buracos por todo o lado.  Entraram o spetacular B2 do Imperador de Mar a Largo que, segundo o próprio, obliterou a capacidade do Irão. A corrente dominante alinhou com o Imperador e o candidato a genocida.

Agostinho Costa chamou a atenção para a capacidade do Irão de atacar Israel e para o sucesso que Israel teve ao decapitar o regime, sem, contudo, o derrubar. Quanto ao espetacular ataque contra as instalações iranianas era ainda cedo para tirar conclusões.

Impõe-se de novo fazer a pergunta, quem estava certo e quem estava errado? Mas mesmo partindo do pressuposto que uma análise é uma análise e não uma certeza, é justíssimo afirmar que as análises do general estão mais conformes com o sucedido do que em desconformidade, sendo para além do mais devidamente fundamentadas.

A questão é quiçá outra: uma análise diferente desde os primórdios dos humanos não encaixa no sentimento da carneirada. Vai daqui por isso a minha chapelada ao senhor general. Que nunca lhe falte o espírito do velho pintor renascentista. Chapeau.

Trump, em tempo de pura crueldade

O Procurador-Geral da Florida, James Uthmeier, esclareceu que, no seguimento da ordem do Governador da Florida, DeSantis, estava ser construída uma nova prisão para albergar os imigrantes ilegais que forem capturados, cumprindo assim as determinações, nesta matéria, dadas por Trump.

O Procurador confirmou que seria denominada Alcatraz de Jacarés. Ficaria rodeada de pântanos cheios de serpentes e jacarés. Acrescentou que os custos de segurança seriam mais reduzidos, dada a impossibilidade de qualquer fugitivo sair vivo naquelas condições. Alguém construirá a prisão com fundos do Programa de Abrigos e Serviços da Agência Federal de Catástrofes. Talvez um amigo do business.

A segurança do estabelecimento, segundo as autoridades, será mais eficiente que a Alcatraz, ilha de São Francisco, onde “morou” Al Capone.

A prisão será inaugurada em julho e provavelmente Trump apresentá-la-á como um grande feito para fazer America great again.

Os ambientalistas criticaram os danos no ecossistema pantanal pelo facto de passar a haver uma maior movimentação em torno da prisão.

Os EUA encerram dentro de si a vitória dos imigrantes ou fugitivos europeus que levaram ao genocídio das tribos autóctones. Outrora, a brutal violência dos de fora contra os que já lá estavam. Agora é a mais cruel impiedade contra os miseráveis indocumentados que partiram para cumprir o sonho americano.

Mas o sonho americano está bem guardado como se viu em Los Angeles com a chamada da tropa por Trump para intervir internamente. O sonho da América está a tornar-se um pesadelo para os norte-americanos.

Os multibilionários com Trump à frente têm outro sonho: serem ainda mais ricos. Para tanto precisam de concentrar todas as forças na impiedosa e cruel exploração atiçando o racismo, a xenofobia, a homofobia, as crenças religiosas, tudo o que permita impor a ferro e fogo a lei do mais forte, como nos tempos do Oeste selvagem.

Só a mais pura selvajaria conceberia uma prisão rodeada de serpentes e jacarés para impedir a fuga de gente desesperada. Na Idade Média havia castelos com fossos cheios de crocodilos para se defenderem de ataques…

Em 1963, o Procurador Robert Kennedy, ordenou o encerramento da prisão de Alcaraz por ser muito cara a manutenção. Agora o Procurador Uthmeier, seguindo à risca as orientações de DeSantis, abre um novo tipo de estabelecimento prisional guardado por jacarés e cobras. Sabendo-se que nada fará deter a possibilidade de fugas, pode imaginar-se o que virá a suceder. a impiedade mais cruel explica esta medida.

O país mais poderoso do mundo revela a sua “nova” face trumpiana – a brutidade contra os de baixo. Nem todos podem oferecer aviões de luxo de 450 milhões de dólares como o Emir do Catar.

A única lei que Trump reconhece é a da força. Foi à força que quis impedir a sua derrota há 4 anos. Agora no poder usará a força para se manter ou manter a sua dinastia. A água vai continuar a correr para o mar.

…As suas vidas devem ser labirintos sinistros…

O Presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou no dia 17 de junho, no regresso do Canadá (país por si cobiçado e ameaçado) que o líder supremo da República do Irão se não se render poderá ser morto.

Simultaneamente o Ministro da Defesa de Israel declarou que Ali Kamenei seria enforcado como Saddam Hussein.

Estas declarações são de dois lídimos representantes da chamada civilização ocidental prenhe de valores liberais e democráticos.

A sua linguagem, desencantada dos fundos dos tempos medievais ou mais antigos, voltam a ecoar em 2025, em junho.

São as duas lanças mais afiadas do Ocidente. Atrás delas colocam-se certos dirigentes europeus, gente da estirpe de um “trabalhista” como Starmer, de um liberal/centrista/banqueiro como Macron, de um conservador como Merz e tutti quanti (até o “nosso” Costa) cheios de valores liberais que justificam guerras e guerras. É espantoso que esta Europa da UE se curve diante de semelhantes personagens. Que se passará dentro da cabeça destes homens para seguirem pelo caminho que perseguem indiferentes ao futuro? O que os move? Macbeth a certa altura queria voltar para trás e a sua mulher impeliu-o para os crimes para tapar crimes. Aqui não se descortinam sinais de distanciamento dos carniceiros.

Por cá, em horário nobre, a SIC Notícias plantou no ecrã um oficial do exército israelita a arengar como iam exterminar tudo e todos. Depois teve ajuda de uma senhora jovem de olhos muito abertos e professora universitária que nunca ouviu falar de mulheres na Arábia Saudita e bem sabia como ia acabar o regime teocrático, sem conhecer provavelmente que os religiosos em Israel por causa da teocracia não fazem serviço militar…

Em Israel, em nome do Velho e Novo Testamento, o supremo defensor do Bem, o anjo dos anjos, o exterminador de palestinianos à fome e sede e à metralha, na sua loucura messiânica para fugir à justiça dos homens, avança com o seu outro amigo evangélico, Trump, para lançar um dilúvio de fogo, antecipando o Apocalipse do Irão.

Estes dois homens desprezam todas as regras do direito internacional. Nas suas vidas não há uma gota de bondade ou de compaixão. Estão unidos pela perfídia, pela impostura e pela maldade. Ameaçar brutalmente, fazer sofrer, matar, aniquilar, bombardear, esmagar é o seu restrito vocabulário.  

As suas vidas devem ser labirintos sinistros com pesadelos terríveis acerca do que fazer aos que consideram ser seus inimigos. Parecem saídos de um mundo de serial Killers.

Talvez, no futuro, haja medo de lhes apertar a mão. Nunca se sabe que veneno invisível pode lá estar.

Se este dueto tomar Teherão o mundo vai saber quem se segue na longa rota do poderio brutal da extrema-direita a caminho de ditaduras sem piedade para quem quer que se lhes oponha. O mundo está muito próximo de um negro manto de impiedade e de safadeza.

O Armagedão, tempo de ódio e de guerra

Vivemos um tempo de guerras. Para vivermos um tempo desta natureza é necessário que os humanos organizados em sociedades aceitem que têm inimigos que os querem aniquilar e, portanto, só resta a guerra. A guerra é a confissão autorizada pelo Estado de que o assassinato dos outros é uma conduta heroica e como tal a glorificar.

Na nossa cultura judaico-cristã deve ser tido em conta a narrativa no último livro do Novo Testamento, o Apocalipse, sobre o fim da Humanidade, o Armagedão, ou seja, a batalha final entre Deus e os governos humanos. Deus escolherá poucos para que na Terra impere a sua vontade. Essa guerra seria no Médio-Oriente. Jeremias falava dessa guerra a ter lugar perto do rio Eufrates.

 A guerra, nestes dias de chumbo e sucessivas injeções de anestesia das consciências acerca da sua inevitabilidade, mantém os humanos como seres incapazes de raciocinar e de agir pelos impulsos mais primários oriundos do tempo em que, como animais a fugir uns dos outros, se matava ou se morria.

A linguagem dos principais dirigentes do mundo está atolada de mortandade. Oferecem aos inimigos o inferno e aos seus a messiânica vitória.

Netanyahu e Trump atingiram o supremo patamar da ignomínia. Trump sempre que algum dirigente tem coluna vertebral ameaça-o com o inferno.

No passado os negociadores da paz eram tratados com respeito, o que não significa que tenha havido condutas ominosas de tratamento de enviados e negociadores.

Estamos em 2025 e no “Ocidente” esta regra passou a ser a da traição absoluta. Através da espionagem assassinam-se negociadores sejam palestinianos, sejam iranianos. Deve ser a perfídia maior entre Estados, um deles aproveitar e matar os negociadores e apresentar a façanha como uma ação de defesa.

Trump, que tinha dado como data limite o dia 15 de junho para se chegar ao fim das negociações, assistiu ao assassinato dos negociadores no ataque ao Irão com, “Todos mortos” disse ele, enquanto decorria ainda o prazo para negociar.

O ataque de Israel ao Irão insere-se nessa linha de um primarismo absoluto, fanático, messiânico de lançar o mundo num dilúvio de fogo, seja ele de que tipo for, desde que possa vencer.

Netanyahu sabe que só poderá eventualmente derrotar o Irão se os EUA entrarem na guerra, sem que o resultado seja certo. Mas também sabe que se os EUA participarem a Rússia e a China não vão ser espectadores. E nesse caso o mundo pode estar à beira do Apocalipse, não como obra de Deus, mas de demónios sem alma como Netanyahu e Trump.

Tal como no Iraque não havia armas de destruição massiva, também no Irão não há armas nucleares e foi Trump quem saiu do Acordo quando foi pela primeira vez Presidente.

Israel e os EUA conhecem esta realidade. Mas apesar disso, querem na região o caminho totalmente livre para fazer o que quiserem e desde logo exterminar os palestinianos.

Quem tem armas nucleares é Israel que não assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e ocupa ilegalmente os territórios palestinianos. O verdeiro Estado fora da lei tem um nome – Israel.

Ambos entregaram a Síria à Alqaeda e à Turquia, deixando-a refém de ambos e do sultão turco. Invadiram o Líbano a ferro e fogo e destruíram em boa medida o Hezbolah. Continuam o extermínio dos palestinianos e Trump sonha sobre o mar de sangue de Gaza construir um complexo turistico… A Jordânia não passa de um peão de Israel, talvez porque o Rei tenha medo dos milhões de palestinianos a viverem deportados pela Naqba. O Iraque está ainda destruído. Resta o Irão que querem destruir a ferro e fogo.

Esta Europa incapaz de se libertar do complexo de serventuária nada mais tem para fazer que não seja deixar-se conduzir por estes dois seres cuja bestialidade é a cada dia que passa mais evidente.

As palavras têm sentido, representam o que há de mais elevado na comunicação entre os humanos. A palavra nojo é dura, mas que palavra usar para qualificar Ursula von der Leyen, Macron, Starmer e Merz ao proclamarem frente ao extermínio dos palestinianos e aos ataques do Irão que Israel tem direito a defender-se? Eles e elas sabem que a Palestina está ocupada ilegalmente. Sabem que invadir ou atacar outro país é ilegal e, no entanto, do mais alto da hipocrisia e da ignomínia declaram que Israel pode fazer o que entender porque …tem direito a defender-se…

Só Israel tem direito a defender-se e mais ninguém no mundo em que vivemos tem direito a defender-se porque estas fornadas de dirigentes europeus já perderam toda a vergonha e honradez. Para manter os seus privilégios e as suas regalias venderam a alma ao diabo e a Trump. Por isso, quando este último os ameaça com a ocupação da Gronelândia metem o rabo entre as pernas ou correm a apoiar o filho predileto dos EUA, Netanyahu. Era difícil imaginar que a UE chegasse a este servilismo e a este estado de degradação.

Quando von der Leyen, naquele tom de voz pseudo-imperial, num vestuário saído de alguma máquina de liofilização e com um cabelo onde nenhum se solta mesmo que se acenda um temporal, declara que Israel tem o direito a defender-se outra palavra surge, a palavra ira porque sendo um pecado é da condição humana revoltar-se.  Mas acaso alguém neste mundo entende, à exceção de Israel e dos EUA, que defender-se é atacar os outros porque assim estando em guerra permanente só há uma lei, a do mais forte.   

Vivemos rodeados de guerras. Um tempo de guerras. Um tempo de ódios. Só o ódio, só apelidar de animais os palestinianos permite fazer guerras. Só o ódio e a loucura messiânica permitem ao Estado enviar negociadores que em vez de negociarem fazem espionagem para matar os que cumprimentam à nessa mesa de perfídia e de má-fé.

Pode o mundo e a Humanidade ficar refém desta camarilha de loucos que estão a empurrar o mundo para o Armagedão onde por causa dessas loucuras todos perecemos não por causa de um Deus, mas sim destes demónios cegos de ódio, arrogância e malvadez? Só se deixarmos.

O MINISTÉRIO DA REFORMA DO ESTADO TEM MOTOSSERRA?

Trump criou no início do mandato o famigerado DOGE, Departamento da Eficiência Governamental, cuja eficiência foi assegurada com o despedimento de centenas de milhar de funcionários públicos num total de 330 mil (contando com os se sentiram ameaçados e saíram) destinado a poupar 2000 milhões que a final era de 1000 de milhões e depois com o aumento do défice resultante dessa monstruosidade se saldou em zero poupança para o Estado. E 37 000 milhões para as empresas de Musk.

Por cá o, Primeiro-Ministro criou um Ministério, o da Reforma do Estado. A justificação é exatamente a de Trump/Musk, combater a burocracia. Não se sabe quem se lembrou da ideia, mas não é difícil imaginar. A motosserra já trabalha.

Já no século XVI Étienne de la Boétie alertava para o facto de os privados serem capazes de tratar bem dos seus interesses privados, mas muito raramente eram capazes de tratar dos bens da comunidade. As filosofias são radicalmente diferentes. Não se conhecem casos relevantes.

O último com Musk é um desastre para o interesse da comunidade estadunidense. Por cá a IL e o Ventura aplaudem a medida da AD. Os sindicatos denunciam, esclarecendo que uma coisa são reformas e outra são ataques aos serviços públicos com as transferências dos mesmos para os privados e por serem essenciais permitir-lhes-ão aplicar os preços que entenderem. Que ninguém se iluda, fazer os serviços públicos funcionarem mal, é o caminho certo para os entregar aos privados que não vão a votos e imporão os preços que quiserem. Eficientemente.

A MOTOSSERA E A RETROESCAVADORA

TRUMP/MUSK

Pelo que é dado seguir, Musk e Trump já tiveram melhor relacionamento. Agora, fazendo jus à sua elevada educação e cordialidade, trocam insultos. Musk doou muitos milhões para Trump ganhar as eleições presidenciais, diz o multibilionário que conclui alegando que se não fosse o seu big money a coisa não teria dado a vitória a Trump. E ameaça formar um novo partido.

Trump Presidente contra-alega com os milhares e milhares de milhões que as empresas de Musk recebem como subsídios.

Musk atira à cara de Trump o seu trabalho gigantesco para despedir centenas de milhar de funcionários públicos. Cortou tanto que ficou sem nada para cortar.

Será que Musk fez do apoio a Trump um investimento, como faz nas Bolsas, e deu torto?

Quando todos os dias os neoliberais defendem os cortes das despesas aqui está onde querem chegar, cortar despesas sociais para entregar a “poupança” na boca dos grandes tubarões que usam motosserras para cortes e retroescavadoras para ficarem com as “gorduras” do Estado.

Com homens deste calibre, cuja cegueira por dinheiro é a característica única, nunca se sabe se uma transação de alguns milhares de milhões põe termo a esta picante novela estadunidense. Big money for ever. As gorduras do Estado caem que nem ginjas na gula dos paquidermes financeiros. E talvez a gula fale mais alto.