Novo livro de Domingos Lopes

Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri, novela
de Domingos Lopes, oferece, na voz de uma mulher
comunista, um mundo de perturbantes contradições
Será incompatível ser-se comunista e crente num Ser superior? Dar ajuda humanitária a refugiados ucranianos, mas defender a invasão russa? Ser-se bela e atraente e não querer sexo? Estas são algumas das questões qua atravessam a novela Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri, de Domingos Lopes. O autor dá voz a uma mulher única, envolta em perturbantes contradições, uma mulher cujos monólogos nunca terminam; são apenas adiados. Ao terceiro livro publicado pela Guerra e Paz, o antigo militante comunista e secretário de Álvaro Cunhal, mergulha na ficção, sem com isso deixar o tom interventivo, lúcido e combativo a que nos habituou quer em 100 anos do PCP: Do Sol da Terra ao Congresso de Loures como em Memórias Escolhidas, livro confessional em que revela os principais momentos da sua longa passagem pelo Partido. Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri chega à rede livreira nacional no próximo dia 4 de Abril, data a partir da qual estará também disponível através do site da editora.
 
Mas quem é esta mulher? Perguntar-se-ão os leitores logo nas primeiras páginas de Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri, o novíssimo livro de ficção de Domingos Lopes. Quem é esta advogada estagiária que, num extenso monólogo, conta a sua vida ao patrono, seu ex-colega de curso há dezenas de anos? Uma mulher que não foi amada quando criança, ficando marcada de modo indelével?

Quem é esta conservadora que se tornou comunista, mas que acredita num Ser superior? Uma mulher que se revê no PCP ortodoxo que não deve fazer qualquer acordo com o PS ou outro partido? Uma mulher que, abandonada pelo marido, se refugia em Fátima, apesar de ter militado na 5.ª divisão do MFA e continuar a ser comunista? «É muito estranho ter ido ao santuário de Fátima numa espécie de fuga para dentro de mim, achei que toda a espiritualidade de Fátima me levaria a encontrar um equilíbrio que me permitiria continuar a viver sem a angústia».

Que mulher é esta que dá gratuitamente aulas aos ucranianos, mas defende a invasão de Putin? «O Putin sabe o que faz. É preciso parar Biden, é um perigo, é um cínico. Só Putin o pode parar. Os russos são assim e eu admiro‑os, são pão, pão, queijo, queijo. São eslavos, ortodoxos, os que defenderam o cristianismo contra a Turquia e daí não aceitarem que lhes roubem a Crimeia. Foi Krushchov, que era ucraniano, que deu a Crimeia aos ucranianos numa noite de copos. É de loucos.»

Quem é esta professora, instrutora de segurança privada, cinturão negro de karaté? Bela, atraente e que não quer sexo? Uma mulher que foge de si própria? Será tudo isto assim tão inconciliável, inesperado e surreal? Ou existirão outros comunistas portugueses que partilhem destes paradoxos? As respostas estão nesta prosa cativante, fluída e enérgica, que desafia permanentemente a imaginação e a capacidade interpretativa do leitor.

Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri chega à rede livreira nacional no próximo dia 4 de Abril, numa edição Guerra e Paz que dificilmente conseguirá parar de ler.
 


 
Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri
Domingos Lopes
Ficção / Novela

 
 


Tiroteios nas escolas dos EUA- Wellcome to the Farwest

Ontem o tiroteio foi em Nashville. Uma jovem com duas espingardas semiautomáticas e um revólver matou três crianças e quatro adultos. Foi morta pela polícia.

Estima-se que haja 400.000.000 milhões de armas nas mãos dos cidadãos dos EUA.

Em 2020 verificaram-se 45.000 mortes com armas de fogo (homicídios, suicídios, acidentes). Em 2023 o número de mortes com armas de fogo é 4.368.

Desde 1999 ocorreram naquele país 376 tiroteios. Este ano, até esta data 12.

Que sociedade é esta, única no mundo ocidental, com este nível de tiroteios contra jovens e adultos absolutamente indefesos?

Pode um país com este tipo de violência constante afirmar-se como líder do Ocidente?

 Os EUA banalizam a violência. Os armeiros podem vender sem quaisquer restrições armas, incluindo de guerra.

Neste grande e fantástico país as crianças não estão livres de serem dizimadas por colegas ou adultos totalmente transtornados pelo tipo de modo de vida, o chamado american way of life.

O estofo cívico/moral deste país está à vista de todos. Impera o big money e a venda livre de armas está acima da vida humana. O lobby dos fabricantes de armas tem mais poder que os defensores da liberdade das mulheres interromperam a gravidez, sendo muito deles defensores acérrimos da pena de morte.

 Este país cresceu à base da força violenta, impôs ao mundo a violência em dezenas de intervenções militares, tem bases militares e tropas em redor de todo o Planeta e intitula-se defensor dos direitos humanos

Trump durante a sua presidência quando aconteciam esta espécie de massacres permanentes defendeu que o problema não estava na liberdade total para comprar armas, mas sim no facto dos professores não as usarem e não serem treinados para tal fim.

Uma sociedade que se debate com este tipo de violência é seguramente uma sociedade doente. Por isso os retrocessos civilizacionais que nela se verificam. Armas, mais armas, desde a polícia ao Estado até aos particulares, Wellcome to the Farwest

INVASÕES DO IRAQUE E UCRÂNIA E OS IMPERIALISMOS

CRAVINHO – O CABO DE ESQUADRA

Fez no dia 20 deste mês vinte anos que os EUA com o apoio do Reino Unido e da Espanha invadiram o Iraque com uma monumental mentira agitada até à náusea de que Saddam Hussein tinha armas de destruição massiva.

Alguns dos mentores deste crime horrendo contra o direito internacional já vieram mostrar arrependimento pelos 320.000 mortos causados.

É bem revelador que sendo uma data redonda em Portugal os media que rejubilaram na invasão, primeiro com a eliminação das armas, depois com a instauração da democracia (houve quem a comparasse com o 25 de Abril), fugiram agora dela e sem deixar de referir como algo menor concentraram toda a atenção na invasão da Ucrânia, também ela um ignominioso crime contra o direito internacional.

Recordemos o massacre de Faluja, os mercenários da Blackwater, os terríveis crimes cometidos na prisão de Abu- Grhaib, todo o rol de danos colaterais justificados pelo fim da invasão e comparemos com o modo como retratam as atrocidades russas cometidas na Ucrânia.

O que espanta já não é só a hipocrisia, é também, em muitos aspetos, o cinismo com que se apresenta a realidade, pois a cerca de dez mil quilómetros de distância as armas inexistentes no Iraque ameaçavam os EUA e as perseguições armadas ás populações de língua russa bem encostadas à Rússia não constituíam qualquer ameaça à Rússia, nem a sua eventual entrada da Ucrânia na OTAN depois dos países do Pacto de Varsóvia terem ingressado.

Por outra banda, o primeiro-ministro japonês em Bucha mostrou o seu regozijo pela ordem de detenção de Putin pelo TPI e o mundo ocidental por intermédio dos media mostra a sua indignação pelos crimes russos; paremos um instante para pensar: quem deve ser presente ao TPI por mais de 300.000 mortes no Iraque? Quem? George W. Bush? O socialista Tony Blair? Aznar? Durão Barroso? Paulo Portas?

Quem se esqueceu do tribunal que julgou Saddam e cuja sentença era já conhecida antes de instaurado o tribunal?

O Presidente do TPI que ordenou a detenção é polaco e o Secretário inglês? Não era e é a Polónia o país em que o poder judicial não goza de independência?

E de tanto falarem nas armas nucleares russas paremos mias um pouco, só um pouco, o senhor Fumio Kishida, primeiro-ministro japonês, já se esqueceu das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki? Para quando um tribunal para julgar um dos mais vergonhosos crimes de guerra de guerra contra populações inocentes daquelas duas cidades japonesas?

Mas quem até hoje usou um verdadeiro arsenal de armas químicas no Vietnam depois da invasão que causou mais de dois milhões de mortos vietnamitas?

Não há invasões boas, nem imperialismos bons. Estamos a assistir a uma luta de potências capitalistas (capitalismo de Estado e capitalismo puro e duro). A hegemonia dos EUA saída do fim da guerra fria, tanto quanto se perceciona, está a ser posta em causa. A China, a Rússia e um conjunto de potências do Sul consideram-se capazes de enfrentar as leis do grande império. Este é o ponto.

O que faz falta ao mundo é a intervenção popular e democrática, seja onde for. Os povos, os sindicatos, os movimentos sociais, designadamente o movimento da paz, os democratas têm de se levantar para exigir o fim da guerra.

Não se pode embarcar na trágica ideia de derrotar a Rússia ou a Ucrânia militarmente. Parar a guerra é a melhor segurança contra o desnorte que será a prossecução sem fim da guerra.

A democracia e a paz são as armas mais eficazes contra o precipício, o militarismo será o caminho para a próxima guerra mundial.

Os portugueses devem empenhar-se para se fazer parar a guerra; Portugal como membro da OTAN em caso de conflito mundial estará na mira de armas nucleares e os militaristas de Moscovo e Kiev não justificam a postura do governo português onde o Ministro dos Negócios Estrangeiros mais parece um cabo de esquadra, sem desprimor para os cabos de esquadra, do que um diplomata.

Há vinte anos o mundo levantava-se contra a invasão do Iraque; hoje o mundo parece sem rumo. Haja a coragem de apontar um rumo certeiro- a paz.

A guerra, o mal de quase todos, a paz, o bem de todos, então porquê?

É difícil suportar psicologicamente o peso desta guerra que todos os dias nos violenta e que nos faz pensar nos horrores dos combatentes envolvidos. Pode meter-se a cabeça debaixo da areia como a avestruz, mas a verdade é que a cada segundo continua a destruição e o cortejo de mortes. Hoje é na Ucrânia e amanhã onde será?

A invasão injustificada e violadora do direito internacional tornou-se, neste momento, uma guerra entre a Rússia e o chamado Ocidente. E não é uma guerra entre a liberdade e ditadura. É um conflito por interesses geoestratégicos. Os oligarcas estão na Rússia, na Ucrânia e no Ocidente.  

As guerras quase sempre acrescentam problemas ao problema que alegam ir resolver. Hoje a guerra, seja onde for, é ilegal face ao artigo 4º da ONU, e daí a perplexidade pelo silêncio da ONU. Não só em relação à Ucrânia, mas também à Palestina e Iémen.

Também não se trata da primeira guerra após a segunda guerra mundial, pois a Turquia invadiu o Norte do Chipre em 1974 e os EUA/NATO desencadearam uma guerra em 1999 contra a Jugoslávia à margem do direito internacional.

Talvez o velho São Cristóvão, nestas circunstâncias, não aguentasse o mundo no estado em que se encontra e soçobrasse ao contrário do que diz o milagre.

Só no sec. XX na Europa nas duas guerras mundiais morreram mais de cem milhões de humanos.

Muitos homens e mulheres sábios se interrogaram e se interrogam acerca do porquê desta loucura quando se sabe de ciência certa que o armamento nuclear existente a ser utilizado levaria ao provável fim da Humanidade.

A guerra traz no seu bojo um espantoso inventário de sofrimentos. Vivemos neste mundo em cima de montanhas de milhares de milhões de morto causados pelas guerras ocorridas e de que há memória. Será que fomos feitos para fazer guerras? Mas como, se quase ninguém na Europa quer ser militar? Como, se russos e ucranianos fogem ao recrutamento? Então por que motivo aceitamos esta inevitabilidade como se tivéssemos de suportar esta incapacidade dos governantes para fazer a paz? Como podemos imaginar jovens e homens portugueses a ir combater no Leste europeu? Ou colocar o país na mira de armas nucleares se a escalada entrar nesse patamar? A Europa da paz soçobrou perante o militarismo. Já se fala do trânsito de dirigentes da UE para a NATO.

O que nos faz comover pela morte de jovens que morrem em simples acidentes e nos mantém quase impassíveis quando dezenas e dezenas de milhares de homens na sua juventude enchem cemitérios improvisados?

Esta guerra na Ucrânia é uma ignomínia. Os beligerantes escondem que a vitória de quem quer que seja significará mais dezenas e dezenas de milhares de mortos, mais destruição, mais miséria e fome e superlucros para os fabricantes da indústria de morte e os especuladores de sempre. A ministra da Defesa já fala em compras de armamento em conjunto, mas não há dinheiro para problemas centrais da dignidade humana – alimentação, saúde, escola pública, habitação e justiça.

Sem exagero o futuro da Humanidade pode estar a ser decidido nos campos de batalha da Ucrânia.

 Morrem diariamente centenas de ucranianos e russos (ambos seres humanos) e parece que não basta e que é preciso a entrada de novos combatentes vindos de outros países para prosseguir o inferno bélico. Se tal acontecer ninguém sabe onde a guerra vai chegar.

Por que se foge a esta realidade? Temos o poder de fazer parar esta guerra. Os governos dependem do apoio popular. Se houvesse a coragem por parte dos povos, os governos não participariam na guerra. A paz é o supremo bem da Humanidade, sem ela os humanos são como bárbaros que se matam uns aos outros. Não se pode continuar a fazer de conta que a guerra é lá longe porque começa num sítio e pode alastrar, como já vimos no passado, a todo o continente e a todo o mundo. Só a paz nos permitirá defender um futuro em que a segurança de todos os países seja o critério para a vida futura. Este é um tempo de guerra e é preciso forjar o tempo da paz, sem invasões, de respeito pela legalidade internacional e evitar a terceira guerra mundial. A questão é simples: fazer parar a barbaridade e erguer as bandeiras da paz contra as bandeiras da morte. Este é desafio mais aliciante para todos os povos e indivíduos.

https://www.publico.pt/2023/03/15/opiniao/opiniao/guerra-mal-quase-paz-bem-entao-2042539

Por que não te calas Zé Manel?

José Manuel Durão Barroso é um daqueles casos iguais a muitas outras figuras históricas cujo percurso enforma de características marcantes da nossa condição humana. Há nele uma pulsão para a grande hipocrisia. Vejamos.

Durão Barroso foi um destemperado maoista, defensor do radicalismo mais extremo contra o sistema e sobretudo contra as correntes de esquerda que combatiam o fascismo por serem frouxas comparadas com a grandiosidade da luta do MRPP.

 Tornou-se num jovem general cuja ambição era o incêndio da pradaria sendo que a ignição decorreria de partir montras dos bancos e que servia para provar a tibieza dos comunistas e a grandeza dos marxistas-leninistas-estalinistas-maoistas.

Enfrentou a revolução do 25 de Abril de 1974 com a alegação de que se tratava de um golpe de estado para impedir a revolução do proletariado que estava para chegar nos braços do MRPP dirigido pelo grande educador da classe operária, o camarada Arnaldo Matos.

Quando o 25 de Novembro de 1975 derrotou a esquerda militar o vento Leste amaciou, Durão Barroso foi fazer-se à vidinha encostando-se ao PSD que o recebeu de braços abertos para prosseguir a sua carreira por outros meios muito mais acomodatícios, sendo que mantendo o nariz ao vento sempre a cheirar pelas alturas e respetivas mordomias. Mudou a indumentária exterior e interior. Havia que sacudir toda a poeira revolucionária acumulada em mil diatribes.  A história repetia-se em relação aos grandes convertidos.

Durão Barroso foi secretário de estado, ministro e primeiro-ministro. Marcou a sua passagem à frente do governo com letras da mais vil vergonha no envolvimento de Portugal na invasão do Iraque garantindo que aquele país tinha armas de destruição massiva, o que como se sabia e se veio a confirmar foi um monumental embuste.

Bush, Blair, Aznar, Durão são responsáveis por mais de uma cem mil mortes e a destruição do Iraque, sendo que há quem afirme que o número de mortos é na ordem dos quinhentos mil.

Depois desta proeza Durão Barroso foi para Presidente da Comissão europeia, o seu currículo foi a porta de entrada porque os EUA mandam na Europa e o “camarada” José Manuel soube-o desde sempre.

Graças aos serviços prestados na U.E. Durão Barroso foi chamado para um dos mais altos cargos no Banco Goldman Sachs, seguramente por motivos que nada têm a ver com a sua experiência como banqueiro, pois nesta área a única que lhe é conhecida foi a de partir montras de bancos e que segundo Sigmund Freud seria desde logo um presságio/sinal da sua raiva/aspiração.

Barroso foi escolhido para ser uma altíssimo dirigente daquele banco cujos serviços são prestados a governos, instituições e às famílias mais ricas do Planeta. O “camarada” José saiu-se bem do seu passado e a alta burguesia soube agradecer-lhe.

Há dias Durão Barroso veio falar sobre a invasão da Ucrânia muito preocupado pelo futuro dado o carácter de Putin.

Independentemente das injustificadas razões de Putin para a invasão, algo tem de ser dito sobre a desfaçatez deste político/banqueiro – se tivesse um pingo de dignidade estava calado.

O que faz um político experiente, bem rodeado, aparecer nesta altura a atacar a Rússia quando sem mandato da ONU, com base numa das maiores mentiras da História se colocou na posição vergonhosa de mordomo de Bush a apoiar a invasão do Iraque?

Por que veio a terreno defender os interesses do Império? Deixou bem gravado em letras garrafais aquilo que é – um mequetrefe.

Até que ponto Costa quer envolver Portugal na guerra da Ucrânia?

Costa na entrevista ao Público de 20/02/23 centrada na Europa e na guerra na Ucrânia por certo escolheu a ocasião e o conteúdo, tendo em conta o que se discute naquelas instâncias, entre aviões, anfiteatros, hotéis e grandes salas cheias de jornalistas. Como se constata, em Portugal, pouco se fala e menos se discute sobre o atual funcionamento da U.E. e o seu destino.

 Costa assume um orgulho de ter sido Portugal e a Alemanha os únicos que se chegaram à frente para enviar para a Ucrânia os Leopard 2 modelo A6.

Portugal está hoje no quadro da NATO na Roménia e na Lituânia, junto das fronteiras da Rússia, sublinhou. Acha muito bem que os orçamentos da chamada Defesa subam para 2%. Esclarece que quando os portugueses chegam às caixas dos supermercados e sentem a inflação não se lembram de Putin, mas sim dele. Não esclareceu porque há tantos milhões para a indústria da morte e não há para pagar o tempo de desconto congelado dos professores e para aumentar os salários baixos da imensa maioria da população, incluindo da Função Pública.

Passa em revista o que se discute na U.E. sobre os alargamentos da Ucrânia e dos Balcãs e assumindo-se (com o que ainda não é) explica “…É mais fácil para mim tornar-se o campeão das adesões e depois daqui a sete anos alguém vai dizer a culpa é daquele irresponsável que tomou decisões sem ter isso em conta…” Aparentemente Costa chega-se à frente quanto a quem tem a capacidade de decidir e parece que não quer ser julgado como sendo o campeão das adesões, mas a verdade é que dá a sentença.

No seu entendimento Putin teve várias derrotas estratégicas: uniu a Ucrânia, reforçou a coesão da U.E e revitalizou a NATO. Com base nestes dados e na grosseira violação do direito internacional, a Rússia tem de ser derrotada militarmente, só essa derrota pode evitar o que chama a via eterna para um conflito; não deixando de fazer uma crítica implícita aos defensores de uma defesa autónoma da Europa apontando sem reservas à articulação com a NATO, o Reino Unido e os EUA.

Naturalmente que neste contexto atlantista/militarista teria de aparecer um rasgado elogio na Durão Barroso…”, o tal que ofereceu a George W.Bush, a Blair, e a Aznar os Açores para mentirem ao mundo e desencadearem uma invasão e uma guerra que causou centenas de milhares de mortos e nenhum deles até hoje foi levado a qualquer Tribunal Penal Internacional. Para enforcarem Hussein não hesitaram em lançar aqueles países e depois a pacifista NATO naquela louca aventura belicista. Na altura a Europa tinha gente com dignidade e nem Chirac, nem Schröder, nem Soares alinharem na aventura pintada com o monumental embuste das armas de destruição massiva, por acaso já utilizadas pelos EUA em Hiroshima, Nagasaki e no Vietnam com armas químicas. Percebe-se também o ditirambo a Barroso, se calhar vai precisar dos seus correligionários.

Há dois patamares nesta entrevista, um óbvio – Costa em termos da guerra na Ucrânia está perfeitamente sintonizado com toda a direita e com a política imperial dos EUA. Costa vai mais longe, a sintonia é feita ainda com a recalcitrante política externa do Reino Unido que só tem o militarismo para se apresentar em grande perante o mundo; aliás Macron segue as mesmas pisadas, apenas com mais savoir-faire, dado que a sensibilidade do psicadélico Johnson e do multibilionário Rishi Sunak é próxima da nulidade.

 O nosso António em bicos de pés não hesita criticar do alto da estatura de político com futuro atacar os hesitantes que mesmo timidamente se afastam do Great Uncle Sam e ousam pensar em autonomia europeia, renegando tais ideias perigosas para a tal derrota militar da Rússia.

O outro patamar está longe de Lisboa e Costa fala para os seus pares (já deve ter encarregado os seus assessores de ter enviado cópia da entrevista para Bruxelas e arredores) mostrando que podem contar a cem por cento para a tal derrota.

O que Costa tem para oferecer aos portugueses em termos de propostas para a guerra da Ucrânia é tão só isto: tanques Leopard 2 que à exceção da Alemanha mais ninguém enviou, mais armas, soldados para a Roménia e Lituânia ao serviço da política militarista de cerco à Rússia. Imaginemos o que aconteceria ao mundo se a China ou a Rússia tivessem ao longo das fronteiras com os EUA países com armamento nuclear chinês ou russo.

E não passa disto, a guerra, segundo o Marechal Costa, durará enquanto a Rússia não for derrotada, o que vale por dizer que se a Rússia não for derrotada nos próximos anos a guerra e os seus horrores diretos e indiretos prosseguirá. Ou seja, a guerra é para continuar.

Quando ele afirma que este é o consenso dos portugueses fica o repto, querem os portugueses que o seu governo os envolva numa guerra pelos vistos sem fim, enviando armamento e homens para as fronteiras da guerra? Se é até à derrota da Rússia, tal cenário admite o cenário de tropas europeias e de Portugal entrar no conflito? Costa, agora Marechal da EU/NATO, tem o dever de esclarecer.

Costa, além de não se importar das consequências deste grau de envolvimento de Portugal na guerra, vira as costas aos dirigentes dos PALOP e fica bem amarrado ao eixo Washington/Bruxelas. Um socialista convertido ao militarismo. Tira-se-lhe o chapéu pela frontalidade. A sua alma já não está em Lisboa.

MALDITOS SEJAM OS DONOS DA GUERRA

A invasão da Ucrânia pela Rússia criou na Europa uma situação extremamente perigosa. Seguramente já foram mortos centenas de milhares de ucranianos e russos, sem falar nos refugiados e da destruição da Ucrânia. Por outro lado, a perceção da guerra entre o invasor e o invadido diluiu-se para emergir uma guerra entre a Rússia e os EUA/OTAN/U.E. Assim o quiseram os ocidentais com a Sra. Ursula à frente.

Zelenskii cumpre bem o seu papel reclamando mais armamento para obter a vitória ou responsabilizar o Ocidente pela sua eventual derrota.

De um outro ângulo, há quem clame contra a redefinição de fronteiras (o que em abstrato estaria certo) e esquece o recente desmembramento levado a cabo da Jugoslávia e a sua ulterior alteração das fronteiras agravada com a criação totalmente artificial do Kosovo.  Então, os EUA não pretendem impor a alteração das fronteiras da China? A ONU só reconhece a existência de uma China. Fala-se, por outro lado, de crimes de guerra (e bem) e por que se esquece os dois maiores crimes de guerra de todo o sempre, os bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki?

Soube-se recentemente, através das declarações de Merkl , Hollande, Poroshenko, ex-Presidente da Ucrânia, que os Acordos de Minsk serviram apenas para os EUA/OTAN ganharem tempo e rearmarem o exército ucraniano a fim de empurrarem para a Rússia os falantes de língua russa.

De seguida o pedido de adesão da Ucrânia à OTAN colocou em cima da mesa a segurança russa, como era de esperar. Claro que a Ucrânia é livre de pedir o que entender, mas toda a gente sabe que o mesmo se passou com Cuba. É bom ter presente que Reagan declarou que jamais aceitaria uma base militar soviética na Nicarágua.

Os dados são claros: a Rússia não aceita sair da Ucrânia sem os territórios ocupados onde se encontra a população de fala russa e o Ocidente repudia esse objetivo. Tal significa que a guerra vai continuar e provavelmente com maior intensidade.

Por que não negociar e apresentar de parte a parte cedências dignas e que impeçam este abismo dos donos da guerra? Quem se apresenta com uma única saída, a derrota da outra parte, sabe que tal não vai ser possível.  Quem defende que é preciso derrotar militarmente a Rússia e dado que a Ucrânia por si só não é capaz de o fazer tem de responder a esta questão: Os problemas entre a Ucrânia e a Rússia valem uma guerra mundial? Os ditos valores da Ucrânia são de um Presidente com milhões em offshores e perseguições aos adversários políticos de um regime de oligarcas. Isto vale uma guerra entre a OTAN e a Rússia? Os interesses de Zelenskii e a sua entourage de oligarcas encartados não pode determinar o destino do mundo. Krutchov retirou os mísseis de Cuba e, no entanto, aquele país não se importava de os ter.

Acresce que ser a primeira vez que uma guerra desta dimensão não gera um estremecimento na opinião pública. Os europeus baixam a cabeça e seguem a enxurrada comunicacional; tudo parece não passar de uma espécie de jogos de guerra, o comunicacional vai substituindo a realidade crua da guerra. A morte de centenas de milhares de gente nova entrou na normalidade. Aqui ou na Palestina de que se não fala, apesar da ocupação militar israelita. Parece que de alienação em alienação segue o cortejo do entretenimento como se a Humanidade fosse um bando de carneiros a caminho do precipício, sem olhar para o seu semelhante. Refira-se que no Livro dos Mortos do Egito (1470 A.C.) era pecado/falta muito grave, que podia levar à desintegração da alma do morto, não ter sido solidário com os outros homens e já passaram quase quatro mil anos.

 O mundo não parece inquietar-se quando os generais dos EUA falam da guerra com a China em 2025 pelo simples facto da China ter ido a jogo, aderindo à Organização de Comércio Mundial, e estar a passar a perna aos EUA.

A financeirização da vida económica leva a uma competição infernal, uma guerra de todos contra todos, o regresso ao homo homini lupus. E aí está a guerra como normal.

O governo de Portugal decidiu mandar arranjar e entregar à Ucrânia três tanques Leopard 2 em vez de juntar a sua voz à dos países da CPLP, com o Brasil à frente (recusou tanques para a Alemanha enviar para a Ucrânia) que insistem com outros na busca da paz. Costa fez muito mal. Fazem falta as vozes dos pacifistas que não se deixam confundir com a política de Putin, nem se deixam intimidar por defender a paz contra a decisão militar. Vozes que amaldiçoem a guerra em defesa dos chamados interesses vitais dos EUA/OTAN/RÚSSIA/CHINA/ISRAEL etc.  Vozes livres. Vozes da paz. Malditos donos da guerra.

Fincado no silêncio da luz nascente oiço os sons da mãe Natureza. Fincado na luz que tudo desvela, nesta solidão contemplativa, à espera da mais antiga alegria, a do estremecimento diante da beleza. Então regresso para dentro de mim.

Fincado no silêncio da luz nascente oiço os sons da mãe Natureza. Fincado na luz que tudo desvela, nesta solidão contemplativa, à espera da mais antiga alegria, a do estremecimento diante da beleza. Então regresso para dentro de mim