Peripécias do novo banqueiro Durão Barroso

O novo banqueiro, Presidente Não-Executivo da Goldman Sachs, José Manuel Durão Barroso, veio a público no Expresso de 10/01/2025 opinar sobre o papel da Europa após a eleição de Trump nos EUA.

Em sintonia com o CEO da Goldman Sachs que foi, como muitos outros CEO – General Motors, Ford, Tik-Tok, Apple, Mark Zukerberg, Jeff Bezos- entre tantos outros, a Mar-a-Largo levar as suas doações para a entronização de Trump, o nosso Zé Manel não podia ficar nas encolhas. Se os outros mudaram de campo, pois ala que se faz tarde.

Durão Barroso, cherne de águas profundas e perdigueiro de raça fina, sabe bem o que vale estar alinhado com quem manda.

Já assim foi em 2003 aquando da invasão do Iraque. Solenemente jurou que o Iraque tinha armas de destruição massiva, o que ele sabia ser redondamente falso. Mas levar à morte de meio milhão de iraquianos e à destruição do Iraque não é significativo, nem comparável com a ordem internacional com regras onde se aplicam sanções ao funcionários do Tribunal Penal Internacional por considerar criminoso o carniceiro de Telavive, como a recente aprovação do projeto de lei da Câmara dos Representantes, na quinta-feira passada, como dá notícia o New York Times..

Detenhamo-nos no que veio arengar o novo banqueiro, outrora dirigente do MRPP, defensor que o vento Leste haveria de varrer a burguesia e o PCP de Álvaro Barreirinhas Cunhal, graças ao marxismo-leninismo-maoista. Sim, estamos diante de uma personagem que ora se lança para o fundo dos mares, seguindo o cherne, ora voa para onde os ventos do poder sopram como os da águia imperial.

Então, a Europa tem de ir a correr comprar armas aos EUA para fazer frente à Rússia de Putin, sendo ele o fulano que melhor o conhece…Ele não diz exatamente assim, mas é assim que ele diz, pois, ao alegar que temos de fazer frente à Rússia e aumentar as despesas militares para 4 ou 5 % é claro que a Europa não o pode fazer, restando-lhe, como pretende Trump e Cª, que as comprem ao Pentágono. Mais, seguindo os ditames do velho Império romano defende o banqueiro que se queremos paz temos de nos armar…que como se sabe é a fórmula que nos leva direitinhos para a guerra.

O realinhamento do CEO da Golman Sachs com Trump no tapete vermelho na Florida, em Mar-a-Largo propriedade do multibilionário, que se sublevou contra os resultados eleitorais de há quatro anos e que que proclamou nestas eleições que se não ganhasse haveria um mar de sangue, o ora condenado por fraude fiscal, a propósito do serviço de uma prostituta, não deve ter passado desapercebido a Durão Barroso. Toda a sua carreira o comprova. Ele tem o pedigri dos melhores narizes. Ele sabe “parar”. Sabe cheirar, ver e calcular o salto e o que deve fazer em cada momento.

Este é o momento Trump bem rodeado pelos mais ricos e poderosos do mundo. Se é o momento dos homens que teriam de ter milhares de vidas para gastarem o que têm, na sua lógica o seu momento é agora, sempre na vanguarda.

O novo banqueiro nunca falha. Os EUA vão aplicar novas taxas às exportações europeias e até quiçá lançar uma OPA com traços militares sobre a Gronelândia; é preciso comprar armas aos EUA e partir para o desafio, diz o Zé Manel. Bravo. No fundo, bem no fundo, parece que o problema é mesmo o vento que sopra de Leste, designadamente da China. Já não será a faísca a incendiar a pradaria. Apenas a natural mudança no mundo, sim o Atlântico já não chega para conter o Pacífico. Até lá…em Gaza os mortos são mais de setenta mil, a grande maioria crianças e mulheres. Sim! Em nome dos valores liberais. Amen.

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